A nossa Escola
11-07-2014 - Francisco Pereira
Prosseguindo o caminho por outros, desbravado, Crato por junto com a cáfila de acólitos que tem lá no seu ministério, prossegue impávido e sereno com a destruição da Educação em Portugal.
A nova proposta é, e pasme-se, regionalizar a Educação, pois é disso que se fala quando se propõe entregar as escolas às autarquias. Atente-se também que a proposta ainda não saiu há 15 dias e já sofreu emendas, naquilo que será mais outra monumental trapalhada, em que o actual Governo e o seu ministro da Educação são férteis.
Crato com esta proposta destrói o que resta, ainda, da Educação pública, lava as mãos do poder central e atira com a Educação dos fedelhos para as mãos, extremamente competentes, das autarquias, que estão soberbamente preparadas para lidar com tais exigências. O que dói mais, nem é a proposta de Crato, desse quadrante já sabemos que só sai asneira, o que dói mais é observar que a sociedade, com excepção dos professores, nem dá acordo daquilo que aí vem, mais preocupada ao que parece com os importantes assuntos do costume, leia-se, mexericos, futebóis e outras palhaçadas.
As câmaras municipais, apesar de ainda não existir uma reacção oficial, parecem também não ter bem a percepção das implicações desta proposta, exceptuando claro alguns casos de conhecidos sabujos subservientes que se apressaram a louvar e a enaltecer a abstrusidade.
E o que de mau existe na proposta? Pois bem sinceramente quase tudo. Países há na Europa onde esta realidade tem décadas, verdade seja dita. Claro, mas nesses países, existe uma cultura democrática, um interesse e participação cívica no sector da Educação que em Portugal não existe e duvido que venha algum dia a existir.
As escolas, a serem distribuídas a esmo, pelas autarquias, será algo que redundará num dos mais monumentais disparates de todo o sempre, ficando na memória deste infeliz país como exemplo da má qualidade do poder político. Desde logo pela falta de preparação das autarquias, não serão todas, para gerir este tipo de instituições. A falta completa de apetência e de competência para gerir algo tão sensível como seja a Educação arrastará este país para um retrocesso civilizacional inaudito entre os países ditos civilizados.
Está bem de ver que a Educação gerida pelo poder central está no pé que está, agora tentemos fazer um ensaio e visualizar o que será quando as câmaras, os interesses pessoais dos seus edis entre outras condicionantes se imiscuírem nesse processo, será o regresso à barbárie!
E a julgar pelo que as câmaras já fazem no que ao pessoal não docente concerne, em que o que conta são as redes mafiosas de compadrios e amiguismos e em que, infelizmente para a educação das crianças, às escolas vai parar todo o rebotalho que não interessa, sem o mínimo dos mínimos de competência, formação académica e ou profissional, ora julgando por esta excelente prestação, tudo o que vier da gestão das escolas pelas câmaras municipais será muito negro, para não dizer absolutamente pavoroso.
A qualidade do ensino duvido que se mantenha, aliás esta proposta de lixo legislativo apenas convém aos amigos do senhor ministro e dos grupos de pressão do ensino privado que continuam a ser engordados com dinheiros públicos, coisa que parece pacífica, dado que ninguém parece questionar essa obscena vergonha, pois o dinheiro que falta na Escola pública está a servir para alimentar as escolas privadas, é por demais vergonhoso que a seguir à manutenção dessa falácia, venha Crato, e a sua trupe, fazer esta proposta indecoroso de “municipalizar” o ensino.
Esta proposta era com toda a certeza, promover, novamente e em todo o seu esplendor o veio mafioso que faz mover as engrenagens do poder local, que interesse terá a Educação, que interesse terá criar cidadãos, o que interessa será cumprir as metas eleitorais e assegurar os votos necessários, para continuar no poleiro, toda esta trapalhada “Cratiana” se nos afigura bem o espelho de um país, torpe, inepto, profundamente intelectualmente indigente e mafioso. A pergunta que todos deveriam estar a colocar-se é; «Que escola queremos?».
A ir avante, será mais um motivo para pessoalmente nos envergonhar-mos deste país, envergonharmo-nos desta gentinha mesquinha e inepta que por aí vegeta sustentando-se com os dinheiros de todos nós. Em suma tenho vergonha deste país!
Francisco Pereira
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