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CHÁ PARA UM LOBO - SEM TI

01-11-2019 - Armando Alves

Não tem sido fácil procurar uma maneira de pôr por palavras uma justificaçã o que mere ça ser ouvida.

A primeira vez que os meus olhos vislumbraram os teus, já era tarde de mais para não me apaixonar. Foi a cumplicidade. Um segredo que partilhava-mos ainda antes de nos conhecermos, uma linguagem muda e invisível aos olhos alheios. Um idioma de olhares e movimentos subtis, um enigma a dois.

Todos os teus movimentos eram para mim, mesmo enquanto falavas com os outros convidados. Tinhas a noçã o de que, por detr ás de um copo de whiskey a meio, eu te olhava. Sem quebrares a má scara, tocavas o cabelo, gesticulavas graciosamente … E tudo para mim.

Quanto tempo passou, meu amor? O teu feitiço em mim continua tão forte como no primeiro dia. Escondes a jovialidade que trazias com a dureza com que a vida te tratou. Disfarças a saudade e a esperança que o reencontro te desponta, mas no nosso alfabeto silencioso os teus olhos continuam a sussurrar que me amam.

Estaria a mentir se mascarasse a minha partida com infortúnios do acaso exteriores ao meu arbítrio. Eu era jovem… Não, eu era insatisfeito, ansioso, sedento e insaciável. Assustado com o presente e a perspetiva de planear o futuro. Incapaz de definir quem era, com medo de não ser tudo o resto.

A realidade não se revela como uma epifania mas sim como um v é u metaf ó rico que aos poucos revela o mundo, sem pressas. Não me lembro portanto quando amadureci mas lembro-me de que no início a tristeza era confortável de algum modo. Quando a saudade se tornou grande de mais para suportar, decidi que cada passo que desse seria na direção oposta à tua. Em parte para me proteger, em parte para te proteger, mas sobretudo por medo. Sabia agora o que era a realidade, mas tu eras demasiado real para enfrentar.

Repeti estas ou outras palavras de igual teor na minha mente at é ter a coragem de estar aqui, debaixo do peso do teu olhar, responsável pela vida que nos foi roubada. O medo de não viver o suficiente por estar aqui, foi o estímulo que me levou numa jornada para descobrir que todo o tempo do mundo é pouco para estar ao teu lado.

Sei que pedir-te perdã o é uma presunção, mas seria mais presunç oso se sa ísse por aquela porta convencido de que aguento mais um dia sem ti.

Armando Alves

 

 

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