Fechar e morrer
27-06-2014 - Francisco Pereira
Não é de agora, aliás a coisa terá começado lá por alturas do século XV, o despovoamento do interior do país, desde essa altura tem sido uma realidade mais ou menos presente, as caravelas precisavam de tripulações, o exército de infantes e entre morrer de fome num qualquer lugarejo perdido nos confins das serranias e ir correr o mundo e morrer com uma seta atravessada no gorgomilo nalguma refega com indígenas, o pequeno português do século XV, preferiu abalar.
Sete séculos se passaram, e até meados do século passado, a fertilidade e disponibilidade de parir do mulherio das aldeolas das berças, lá foram compensando a sangria, até porque quem partia eram eles, elas por recato ou por imposição de uma sociedade castradora e que discriminava a mulher, iam ficando e tendo filhos, depois veio a miserável guerra pelas quimeras imperiais e eles começaram de novo a fugir, mas a novidade é que eles fugiam e elas iam atrás, a natalidade no interior entrava definitivamente em declínio, finda a contenda que ceifou cerca de 8 mil dos nossos jovens deixando outros 15 mil com sequelas físicas e muitos outros incontáveis milhares com sequelas psicológicas, o país do interior não mais recuperaria, as aldeias começaram a ficar desertas e abandonadas, mesmo os centros urbanos de alguma importância debatem-se com a falta de uma natalidade que torne o país sustentável.
Os governos miseráveis e as suas políticas asquerosas, apenas adensaram a situação, chegaram ao cúmulo de abrir as portas escancaradas à emigração, que enquanto a situação do país esteve com alguma estabilidade económica ilusória, beneficiou desse aparente bem estar, a ideia, dos ideólogos de tais políticas imbecis era atrair a emigração para de novo povoar o reino. Mas tal como anteriormente tais políticas sem regras só poderiam dar com os burros na água, o que veio para cá foi essencialmente o rebotalho da Europa que não veio para trabalhar, veio para viver à sombra dos subsídios e pouco mais.
Não espanta pois que o actual governo, siga a senda dos vários anteriores assassinos governamentais que são culpados de assassinar o interior do país, condenando essas populações ao mais absoluto abandono, fechando escolas, hospitais, centros de saúde, ou seja fechando todos os serviços essenciais a quem queira fixar-se nesses locais, naquilo que é uma política verdadeiramente suicidária e estúpida. Todos os que governaram Portugal desde 1990 até hoje deveriam ser julgados por estes crimes!
Por isso não espanta nada que o actual governo tenha anunciado o fecho de mais umas centenas de escolas, para ir enfiar as pobres crianças em centros escolares imbecis, onde a qualidade geral de ensino é absolutamente miserável, mas também nem é isso que interessa o que importa é fazer de conta. Crato é apenas a face visível da miserável trupe de sevandijas que diz que governa este país, uma corja, que destrói Portugal, porque preparados para um inimigo externo sempre estivemos, mas como fazer quando o inimigo são aqueles que deveriam pugnar pelo nosso bem estar e segurança, que fazer nesse caso?
O nosso grande problema, não é a crise, nem a austeridade. O nosso grande e maior dos problemas é a falta de futuro, é a demografia e a falta de natalidade, factos coadjuvados por politicas e politiqueiros miseráveis, por jogos de interesses e ganância, que nos fazem perigar enquanto país e enquanto povo, acreditamos que isso é por demais evidente, ainda que a grande maioria do povinho esteja mais interessado nas selecções de empurra bolas e outras minudências próprias de um povinho reles e mentecapto, que nem na hora do estertor percebe que está a morrer.
As previsões dizem que daqui a duas décadas existirão 136 idosos para cada 100 jovens, a fazer fé nestas previsões será catastrófico, e sabendo nós que este tipo de previsões falha sempre por defeito, o cenário será ainda mais dantesco, no meio disto tudo, impávido e sereno o senhor Coelho vem à televisão dizer que o emprego baixou o que significa que a economia está a recuperar, gostaria de saber onde vive o senhor Coelho, em que país vive este senhor, não deve ser o mesmo onde eu vivo com toda a certeza, no país onde eu vive, não há emprego e o que há, roça a escravatura, trabalhar muito por pouco e morrer de fome satisfeito, no país onde eu vivo, a coberto das politiqueirices néscias do governo o emprego que existe limitasse às idiotices dos estágios profissionais e demais medidas dimanadas da gaiola de malucas que é o ministério da segurança social e do emprego, onde o “Zé da Lambreta” se vai lembrando de esbanjar dinheiro em parolices labregas que não nos levam a coisa nenhuma excepto claro está a de uma forma artificial fazer baixar as estatísticas do desemprego.
Passar bem, continuem iludidos com papas e bolos, e se fizer favor o último feche a porta e apague a luz que o preço da electricidade está pela hora da morte.
*Já depois deste artigo escrito, ouvimos um dirigente do PS, clamar contra o fecho das escolas, no entanto o PS não tem moral para criticar o PSD, dado que este processo foi desencadeado com o anterior governo (Sócrates), também ouvimos o senhor Primeiro-ministro arengar clamando que o fecho das escolas se insere numa lógica de melhores condições pedagógicas, o senhor Primeiro-ministro tem de ir à escola aprender sobre o que é Pedagogia, enfiar as crianças em centros escolares e faze-las andar dezenas de quilómetros para ir à escola será tudo menos pedagógico, por essas declarações se entende o que este Governo, tem por qualidade, por pedagógico e por Educação, não admira pois que tudo isso esteja no estado caótico e miserável em que está.
Francisco Pereira
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