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Um raio de Abril

19-04-2019 - Francisco Pereira

Este próximo dia 25 de Abril comemora os 45 anos de libertação do Portugal labrego, sacrista, atrasado, tacanho, provinciano e corrupto do tempo da ditadura, atascado numa guerra colonial que esvaía a economia trucidava as gerações jovens a troco da quimera do Império e dos interesses instalados dos protegidos do regime, hoje quase cinco décadas passadas, exceptuando a guerra colonial, continuamos quase iguais, mudou pouco, as cabeças são as mesmas, a funcionar quase do mesmo modo.

No dia em que se comemora a nova liberdade ganha, cada vez mais percebemos que ilusão e liberdade são quase a mesma palavra, ainda que uma esconda a outra e nada dela se diga, mas porque intimas, quase amantes em vida, ilusão da liberdade e liberdade para viver a ilusão. Escondida na alma de cada um reside a ilusão da liberdade que negamos ao outro numa roda-viva da qual ninguém, sai exangue, mesmo nos becos esconsos das frias noitadas a ratazana só é livre, enquanto o atento felino não lhe crava as garras ferozes no lombo e lhe suga o miolo da cavidade agora oca do crânio.

Para a semana lá veremos os mesmos discursos gastos e estafados condimentados com as opções ideológicas papagueadas exaustivamente pelos papagaios de serviço de cada bancada, opções essas, já ouvidas até à exaustão nos anteriores quarenta e quatro anos soam a lixo sonoro, lá veremos as fanfarras e as paradas.

Ao discurso seguramente afectuoso de sua Excelência o Presidente da República, vão seguir-se os discursos, ocos quase patetas dos partidos que compõem a choldra parlamentar, será tudo tão mau, tão intelectualmente pobre tão inconcebivelmente feio e de mau gosto, que facilmente se perceberá novamente porque é que as gerações mais novas, se estão nas tintas para as datas históricas, nem sequer dando valor à aparente liberdade que possuem.

As figurinhas medíocres do costume surgirão na costumeira procissão, arreados com os seus vestidos, com os seus fatos e gravatas que custam o mesmo que um pobre diabo ganha num mês para ajudar a sustentar a família, uns com cravo na lapela, outros tantos sem cravo na lapela, facto que “per si” demonstra a baixíssima qualidade dessa gentalha.

Num dia de Abril há já quarenta e cinco anos, Portugal sonhava! Ainda adormecido e entorpecido, por quase oitocentos anos de ditaduras opressoras e estupidificantes, Portugal despertava para a luz da democracia e do sonho, com muita pouca sorte, o tempo do sonho pouco durou, a democracia evoluiu para isto em que vivemos hoje, prisioneiros! Prisioneiros uns dos outros numa prisão sem grades, num dito país democrático, desenvolvido e suposto Estado de Direito, na verdade pouco mais somos que um retalho de feudos, de interesses de capelas e paróquias que pouco evoluiu desde o início.

Há quarenta e cinco anos despertava uma aurora de concórdia, que diga-se, sempre despertou em todas as revoluções, ouvindo hoje os discursos da praxe, fico tentado a pegar numa arma e rebentar isto tudo a tiro, cada dia que passa me parece mais que precisamos de um 26 de Abril ou de um 27, que verdadeiramente varra a Corja, para sempre desta terra. Na verdade eu que sou mais idoso que o Abril libertário, já não tenho essas ilusões.

Passará assim mais uma comemoração do 25 de Abril, entre a nostalgia de alguns, a vergonha de outros e a burrice colectiva de muitos. Passados todos esses anos, estamos quase na mesma, precisamos desesperadamente de gente com honra, com ética, com honestidade, educada, diligente, capaz e íntegra, precisamos disso para que possamos ser um país sério que seja levado a sério.

Ainda assim, VIVA O 25 ABRIL!

Francisco Pereira

 

 

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