A Europa e a emigração Africana
11-10-2013 - Eurico Henriques
Todos temos ainda presente o naufrágio de Lampedusa. Junto à pequena ilha italiana um barco – seria um pequeno arrastão ? – transportando mais de 500 pessoas, adornou e afundou ao aproximar-se da costa.
Este facto provocou a morte de mais de 300 pessoas. Eis que todos gritam com o horror de tantas mulheres, homens e crianças, mortos num instante. Agora a União Europeia vem a dizer, pela voz do “nosso” Durão Barroso, que vai disponibilizar 30 milhões de euros para ajudar a Itália na crise dos refugiados.
Parece-me que é de destacar a expressão utilizada pelo Papa Francisco: “é uma Vergonha!”.
A questão dos emigrantes que procuram a todo o custo sair dos seus países para encontrarem na Europa um porto de abrigo é complexa e difícil de resolver. É certo que a Itália – porque é o país do Mediterrâneo – tem sofrido mais com o afluxo destes desesperados da terra e do mar. Primeiro suportou os que saíram da Albânia e da Roménia. A seguir os que saíam dos portos turcos, agora os que aproveitam a desordem da Líbia e da Tunísia.
Mas o que estará por detrás destes movimentos de gente? A resposta parece-me clara: fogem da insegurança, da fome e da miséria. O que se passará nos seus países de origem? Na Albânia e na Roménia a queda dos regimes comunistas revelou zonas pouco desenvolvidas e com pouco respeito pela dignidade humana. No Afeganistão e zonas limítrofes, foi a insegurança, a rivalidade tribal e o extremismo religioso.
E agora a África? Esse grande continente que foi colonizado pela Europa e que ascendeu às independências a partir da segunda metade do Século XX. Os países que se formaram não conseguiram encontrar respostas para as necessidades das suas populações. Os governantes cedo se aproveitaram do poder para acumular fortunas pessoais. A rivalidade política e étnica marcou o aparecimento de revoltas armadas e de lutas fratricidas.
O povo, esse vasto conjunto de gente que procura o seu sustento e a paz para organizar a sua família e o seu futuro, esse povo ficou só e abandonado.
Agora vamos assistindo a esse longo caminhar de gente que procurar a felicidade fora da sua terra natal. A pergunta que ponho é a de saber se, aqui na Europa, há resposta para esta calamidade humana. Este é o continente que colonizou a África, as Américas, Oceânia e partes da Ásia. Com as descolonizações recebeu um número avultado de gente que seguiu os colonizadores no seu retorno. E os que ficaram? Que condições de vida, de segurança e de governo se afirmaram?
Vamos chorar Lampedusa e os seus mortos. Mas só isso não chega. A resposta é mais vasta e também mais problemática.
Eurico Henriques – Lic.º em Hist.ª – Mestre em Ciências da Educação e da Comunicação.
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