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PARA ENTENDER OS COLETES AMARELOS

01-02-2019 - Pedro Pereira

A União Europeia, vassala dos EUA, encontra-se a braços com um grave crise sistémica. A maioria dos quinhentos milhões de cidadãos dos 28 países que a povoam, já se apercebeu que a UE se encontra à beira do precipício.

As sanções impostas pelos EUA à Rússia, Irão e Venezuela, para além de uns quantos países mais, que a UE acatou, estão a afectar seriamente as transacções/relações económicas entre esta e os países sancionados pelos Estados Unidos, sobretudo os países do Sul da Europa, cuja economia depende mais do comércio com a Rússia e com os países da Eurásia do que os restantes Estados comunitários.

Boa parte dos povos dos países comunitários estão fartos, querem livrar-se das garras da UE. Não obstante terem deste facto conhecimento os vários governos e quem os sustenta, não perguntam aos cidadãos o que pensam desta realidade. E auto intitulam-se eles de “democratas”…

O resultado está à vista. Dos mais diversos modos os protestos vão-se fazendo ouvir nas ruas em países como a Polónia, Itália, Hungria, Bélgica, Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, Alemanha, França… Manifestantes que genericamente podem chamar-se de “coletes amarelos”.

Por seu lado, em França, no último fim-de-semana de 12/13 de deste mês, os coletes amarelos entraram na nona ronda de protestos contra o governo de Macron, o seu programa de austeridade e a sua abjecta arrogância em relação aos trabalhadores e aos cidadãos franceses em geral.

Os “coletes amarelos” e a maioria da população francesa exigem justamente a demissão de Macron. Os manifestantes são subestimados pelo ministro do Interior francês, Christophe Castaner. No último fim-de-semana, o número oficial era de 50 mil manifestantes em todo o país, quando na realidade o número era pelo menos três vezes maior. A manipulação (des) informativa gizada pelo governo francês pretende que o público em geral, dentro e fora de França, acredite que o movimento dos “coletes amarelos” está a diminuir. Mas não está, pelo contrário, continua a manifestar-se sem desfalecer em toda a França. De acordo com ordens expelidas por Macron, a polícia vem-se tornando em cada fim-de-semana mais violenta, usando a repressão militar para controlar os civis franceses que protestam. No decorrer dos protestos, milhares de pessoas tem sido presas e centenas ficado feridas devido à brutalidade policial. No entanto, o movimento vem ganhando um crescendo apoio popular e os princípios que levam aos protestos dos "coletes amarelos" tem vindo a espalhar-se por toda a Europa. Esta difusão é, naturalmente, pouco divulgada pelos meios de comunicação social, incluindo em Portugal, é claro.

Na verdade, 80% dos franceses apoiam os “coletes amarelos” e a sua exigência de um referendo iniciado por cidadãos (RIC - Référendum d'Initiative Citoyenne), segundo o qual os cidadãos poderiam propor as suas próprias leis que seriam depois votadas pelo público em geral. O RIC poderia efectivamente contornar o Parlamento francês e seria consagrado na Constituição francesa. Uma lei semelhante existe desde 1848 na Suíça e é regularmente aplicada pelos cidadãos suíços. É uma forma de democracia directa que qualquer país que se auto denomine "democracia" deve incorporar na sua Constituição.

Por seu turno a Grã-Bretanha, a braços com o Brexit, assiste à tomada das ruas de Londres por milhares de pessoas organizadas pela denominada “Assembleia Popular Contra a Austeridade”. A estes manifestantes juntam-se em solidariedade os franceses “coletes amarelos”.

Durante semanas, o movimento dos «coletes amarelos» propagou-se à Bélgica e aos Países Baixos, Por razões semelhantes, isto é, descontentamento do povo com a austeridade e a ditadura da UE sobre a soberania belga e neerlandesa.

A Grécia já não se encontra dependente da odiada troika (Banco Central Europeu - BCE, Comissão Europeia e FMI). Porém, na realidade as condições de vida do povo não melhoraram, uma vez que cerca de dois terços da população grega continua a pairar em torno ou abaixo do nível de sobrevivência, sem acesso a cuidados de saúde públicos, medicamentos a preços acessíveis, escolas públicas, pensões de reforma que foram inúmeras vezes reduzidas… Nada mudou fundamentalmente nos últimos anos, pelo menos para melhor, para a maioria das pessoas.

As pessoas, mais do que infelizes, estão indignadas. Manifestaram-se contra a recente visita de Ângela Merkel a Atenas e os seus protestos foram violentamente reprimidos pelas forças policiais.

Ainda há poucos dias passaram imagens em blocos noticiosos televisivos, incluindo em Portugal, relativamente aos confrontos entre a população e as forças policiais em frente ao parlamento de Atenas. A versão oficial deste acontecimento é inacreditável, ou seja, propagaram que as razões dos protestos eram relativos a uma controvérsia sobre o nome da Macedónia, que, de facto, há muito que está resolvido. A verdadeira razão é o descontentamento do povo com o contínuo e crescente derramamento de sangue através de uma austeridade sem fim, sugando os últimos cêntimos dos pobres. De acordo com Lancet, a famosa revista de saúde britânica, a taxa de suicídio na Grécia está a subir vertiginosamente. Ninguém fala disso.

Caro leitor(a), não se deixe enganar pelo termo "democracia". A elite que se encontra dentro e fora da Grécia não permitirá quaisquer mudanças políticas. É aí que os «coletes amarelos» podem entrar. A agitação civil continua.

Em Itália, a coligação do Movimento 5 Estrelas e do pequeno irmão de direita, Liga Norte, é puxada para a extrema-direita pelo vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, Matteo Salvini, que está claramente contra os ditames de Bruxelas, por esta tentar impor regras ao orçamento da Itália, enquanto as mesmas regras não se aplicam igualmente a todos os estados membros da UE. Por exemplo, Macron, o implante Rothschild em França, tem privilégios especiais no que se refere às margens excedentárias do orçamento. A posição anti-Bruxelas, anti-UE de Salvini não é segredo e com ele está a maioria dos italianos. Um movimento italiano de «coletes amarelos» não é de excluir.

Seguem-se os antigos países satélites do finado regime soviético, a Hungria e a Polónia, que politicamente viraram à direita e não aceitam que Bruxelas se intrometa na política anti-imigração dos seus países. O descontentamento na Polónia e da Hungria entre os cidadãos em geral permanece forte. A migração e o pode judiciário são apenas os pretextos visíveis, a ponta do icebergue. A realidade está a um nível muito mais profundo. Estes dois países recordam-se das décadas em que estiveram algemados pela União Soviética e por isso não aceitam a "liberdade" ditada por Bruxelas, que não são mais do que outras algemas.

Tudo isto resume-se a um único denominador, que é o actual sistema financeiro ocidental. A banca privada enlouqueceu. Estamos a viver num sistema financeiro que se tornou um caos, descontrolado. Até ruir é uma mera questão de tempo. As pessoas estão fartas e cansadas de serem ordenhadas sem fim por um sistema de pirâmide fraudulento, construído pelos EUA com a sua hegemonia do dólar e mantido pela banca privada globalizada.

Estamos a viver num sistema bancário privado que nada tem a ver com o desenvolvimento económico, mas tudo com uma dominação gananciosa dos consumidores, vendidos por dívidas e por dinheiro que não controlam. Este é um sistema ganancioso e predador, se necessário, pronto a roubar o dinheiro das pessoas se necessitar dele para sobreviver. Este sistema bancário toma a liberdade de “administrar” o dinheiro dos indivíduos e basicamente apropriar-se dele. Uma vez que o dinheiro está em bancos privados, as pessoas perdem o controlo sobre ele. Os bancos privados não trabalham para os seus clientes mas para os seus accionistas.

Este sistema tem que ser abolido e quanto mais depressa melhor. A banca privada precisa de ser erradicada e substituída pela banca pública local que trabalha com moedas locais, baseada na produção económica local. Não há austeridade para o progresso, nunca houve. Este conceito fraudulento de FMI/Banco Mundial nunca funcionou, em lugar ou tempo algum.

Este é um sistema monetário fraudulento e enganador, apoiado por nada, nenhuma economia, nem sequer ouro. Estamos a viver de pura moeda fiduciária, feita por bancos privados com um clique no rato, tornando os cidadãos escravos da dívida.

Basta! - Os «coletes amarelos» entenderam.

Pedro Pereira

 

 

 

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