Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 29 de Março de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

A SOCIEDADE QUE NOS DESTINARAM

11-01-2019 - Henrique Pratas

Não é fácil para mim, viver nesta sociedade que criámos, porque deixou de ser uma sociedade onde as pessoas se preocupam com os outros para passar a ser uma sociedade onde cada um pensa só em si e consequentemente fica logo destruído o conceito de sociedade, porque este encerra em si o facto de vivermos e partilharmos o mesmo espaço do que os restantes habitantes.

Aquilo que outrora eram bons costumes, como por exemplo saudar as pessoas com quem nos cruzávamos, o segurar na porta para alguém entrar deixou de ser um uso e costume para ser considerado um ato desadequado. E estes são apenas dois exemplos, chegámos ao ponto de passarmos por alguém que cai na rua e não fazermos caso e passarmos como se nada tivesse ocorrido. É triste ver a degradação de valores e de carácter a que as pessoas chegaram mas é um facto, já ouviram muitas vezes alguém dizer para outra “não te metas nisso” ou seja ignora esse facto, foi este o estado a que chegámos. Provavelmente na vossa cidade isto não se note tanto, mas nos grandes centros é “mato” como é hábito dizermos.

Alguns de nós com valores e princípios bem arreigados, começa a ter dificuldades em viver neste País, amorfo de sentimentos e de afetos e cada vez mais individualista, cada um que se safe por si, que eu não tenho nada a ver com isto. Esta maneira de ser e de estar não são características de uma sociedade, passámos então a ser uma coisa que para aqui está, sem rumo ou qualquer perspetiva de futuro. São uns a defender os seus interesses, aqueles que o podem fazer e os outros a sujeitarem-se àquilo que os mais poderosos e habilidosos pretendem fazer.

A sociedade portuguesa como um todo desapareceu, existem bolsas espalhadas de interesses que não são os nacionais mas os individuais, como é costume dizer-se “anda meio Mundo a tentar enganar o outro”. Isto já ultrapassou os limites do razoável e a tendência vai ser para se agravar e não sei a que ponto iremos chegar, provavelmente ao tempo do “ orgulhosamente sós”, porque talvez seja assim que quem tem interesses e está bem instalado na vida queira que o País seja assim, sociedade em que as pessoas partilham os seus deveres e obrigações é que nunca porque isso obriga e provoca uma participação ativa de todos os cidadãos no espaço que ocupa e isso incomoda muita gente.

Cada um que se desenrasque é o lema que preside ao País onde habitamos, carregado da hipocrisia resultante dos diferentes dias a que resolveram atribuir um motivo, o do pai, o da mãe, o dos filhos, o dos direitos humanos, o da mulher, o das vítimas de violência, dos avós, da família, enfim o calendário já não tem dias suficientes para albergar cada um dos dias que se pretende atribuir a uma causa. Para mim isto não é mais do que hipocrisia, porque todos os dias do ano, são os dias destas causas e não apenas um em que Governo e outras entidades públicas e privadas promovem eventos, com pompa, circunstância e vaidosisse que ultrapassa os limites do razoável e do aceitável, para no dia seguinte o comportamento voltar há primeira forma, vivemos numa “sociedade” cínica cheia de protocolos, de manuais, rituais, de dias eleitos por este ou aquele motivo, mas que na prática não têm aderência nenhuma há realidade e consistência prática, apenas servem para se fazer umas festarolas, discursos de circunstância, acompanhados normalmente pela “seita” de políticos que pretendem tirar dividendos à custa de tudo para melhorarem o seu nível de vida, não daqueles que de facto o necessitam.

É assim isto é tudo mentira, irei mais longe isto não existe, porque é tudo falso, é como se tratasse apenas de uma fachada muito bem construída e em que o conteúdo fosse completamente oco.

Aliás a este propósito e a título dou-lhes um exemplo bem recente, que teve a ver com a inauguração daquela faculdade de economia ali entre Carcavelos e a praia da Torre em Lisboa, o aspeto por fora é muito bonito, foi muito bem feito, a inauguração decorreu de forma pomposa e circunstanciada com a presença do atual e anterior Presidente da República, mas lá por dentro ainda anda tudo em obras, mas para a maioria das pessoas que receberam e viram esta comunicação nos media a obra está acabada, mentira. Por fora está, lá dentro ainda não está tudo pronto, mais uma inauguração que tinha que ser realizada para se poder dizer que a fizeram dentro do prazo estipulado e quiçá para atirar mais uns pós para os olhos de todos nós. Quando entrei lá dentro fiquei estarrecido, não esperava encontrar o que encontrei em termos de obras em decurso, para mim era uma obra acabada, enganaram-me uma vez mais.

Continuamos a viver no País do não sei e do faz de conta, é assim que querem não é, mas por favor não queiram que os outros cidadãos partilhem da mesma manobra de pura ilusão, sim que é disso que se trata, mas não se esqueçam que existem coisas que não se podem esconder, o caso das pedreiras de Borba, sim que essas estão aos olhos de todos e a Céu aberto.

Henrique Pratas

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome