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Ainda a propósito da queda do helicóptero ao serviço do INEM

04-01-2019 - Henrique Pratas

Todos nós assistimos, uns mais outros, menos aos relatos que foram feitos pelos diferentes meios de comunicação social sobre a queda do helicóptero afeto ao serviço do 112, umas mais precisas do que outras mas e aqui vou violar o que o PAN fez aprovar na Assembleia da República, não houve “nem cão nem gato” que não desse a sua opinião, cada uma mais consistente do que outra.

Num dos programas televisivos fiquei perfeitamente estarrecido com as afirmações que um suposto especialista produziu sobre as causas do acidente. Julgo que esta “personagem” em tempos pertenceu ao Partido Popular Monárquico (PPM) e opinou, opinou mas nunca ninguém lhe deu ouvidos e eu que pensava que já nos tínhamos livrado dele eis senão quando surge a opinar sobre as hipotéticas razões pelas quais o helicóptero ao serviço do 112 podia ter caído, julgo que o seu apelido era Coimbra, mas muito sinceramente já não me lembro do nome da personagem, dos papéis tristes que fez isso sim recordo-me perfeitamente, aliás desse partido só o arquiteto Ribeiro Telles, enquanto especialista na área do urbanismo paisagístico me merecia algum respeito. Mas voltando ao tema que me leva a escrever este texto, se é que tínhamos dúvidas, ficámos com certezas que neste País nada funciona e a descoordenação é total independentemente de existirem vários órgãos a coordenar as mesmas áreas.

Mas o meu espanto decorreu de uma afirmação pela “personagem” que vos descrevi em que “ele afirmou perentoriamente que nas alturas em que os helicópteros voavam a uma baixa latitude saiam fora do raio de ação dos radares, Jacques de La Palice, não diria melhor, mas o mais grave foi a afirmação que produziu a seguir e que foi:” não iria citar as zonas do País em que os helicópteros voavam a baixa altitude, para que os traficantes de droga, não tivessem conhecimento efetivo das zonas em causa”. Pensei logo no filme “Apocalypse Now”, um filme de 1979, passado no Vietname, realizado por Francis Ford Coppola, tendo como principais intérpretes Marlon Brando e Robert Duval e como música a “Cavalgada das Valquírias” composta por Richard Wagner, filme inesquecível, para quem gosta desta ação desenvolvida pelos helicópteros, mas como um “pequena” diferença, nós não estamos num cenário de guerra semelhante, antes pelo contrário estamos a desenvolver a atividade em clima de paz e de apoio às populações. Fiquei completamente doido com a afirmação que foi produzida e que em síntese foi afirmado que os traficantes de droga a atuar em Portugal utilizam helicópteros que voam a baixa altitude em determinadas zonas que ele não enunciou para evitar que não o fizessem. Em meu entender quem produz uma afirmação destas se sabe que isto se passa, tem o dever como cidadão de plenos direitos de denunciar isto às autoridades, sob pena de estar a ser conivente com estas práticas se é que elas existem, assim com a frequência com que foram ditas, a mim custa-me a acreditar por variadíssimas razões, umas delas a população em geral daria por estas movimentações porque um helicóptero quando voa a baixa altitude toda a gente dá por isso e não fica alheio, a não ser que o façam em voo noturno, o que para as condições para além de ser perigoso, julgo que não existam condições para o fazerem em condições de segurança.

Mas retomando o tema, não deixei de ouvir um jornalista conceituado que “ os bombeiros, GNR e outras organizações de salvamento e busca se tinham concentrado numa determinada zona perto do local da queda do helicóptero e que iriam partir em “ cortejo”, sim leram bem “ em cortejo”, para tentar encontrar o helicóptero e o que dele restasse.

Passados estes dias temos a certeza que existem informações díspares e contraditórias, infundadas tudo isto resultante da desorganização e da irresponsabilidade que existe no nosso País e aqui incluo todo o que é serviço público, e meus amigos aqui não sou tão benévolo como foi o Presidente da República, estes erros não podem acontecer, ponto, isto só acontece porque as pessoas que são colocadas nos lugares de responsabilidade, para controlar esta atividade muito e simples e extremamente complexa por outro lado não reúnem as competências para as poderem exercer e os seus responsáveis, muito menos, acompanhado pelo perfeito desleixo, na falta de manutenção dos equipamentos e das antenas que deveriam estar sempre iluminadas para que estejam sempre visíveis em situações como esta. Enfim as falhas são muitas, em toda a linha e de Lana-caprina e das mais quebras das mais elementares regras de segurança, seja ela em que atividade seja.

O transporte aéreo é dos mais seguros de todos os tipos de transporte, desde que sejam observadas todas as regras de segurança terrestres e de manutenção das aeronaves, se alguma destas regras enunciadas for quebrada, a segurança diminui e na minha humilde opinião não se pode facilitar. Para quem sabe pilotar uma aeronave sabe muito bem quais os procedimentos que deve executar antes de levantar voo e associado a isto está a manutenção das aeronaves que estão em prontidão para poderem levantar em caso de emergência, foi perfeitamente lamentavelmente, elucidativo e ilustrativo o estado a que nós chegámos o helicóptero da Força Aérea portuguesa, que estava em estado de prontidão localizado numa base aérea portuguesa, não conseguiu levantar voo, porque um dos motores não quis colaborar e por mais que insistissem ele decidiu não funcionar, se a manutenção fosse feita de acordo com o que se encontra protocolado isto não aconteceria de certeza e neste espaço de tempo entre o funciona e não funciona, teve que, pasme-se substituir o helicóptero da força Aérea Portuguesa que estava em estado de prontidão para em caso de necessidade desenvolver as operações de salvamento e busca. A solução encontrada foi ir ao hangar e colocar outro helicóptero no ar.

O que se passou é muito grave na minha opinião e perfeitamente demonstrativo do estado de laxismo a que chegámos a todos os níveis, só que nuns casos são mais graves do que noutros, desde a prestação de serviços, a estas operações de salvamento e busca a acabar ao nível dos cuidados de saúde a nossa sorte é escapar a estar envolvido a qualquer situação, porque uma vez mais vos escrevo, nada disto funciona e o pior disto tudo é que não existem responsáveis por nada, estamos sem rumo e à rédea solta.

Repito o transporte aéreo é o mais seguro, desde que sejam observados, respeitados, cumpridos todos procedimentos que estão estipulados, posso-lhes contar que uma das vezes quando me desloquei do aeródromo de Coimbra para o aeródromo de Tires, estivemos que estar imenso tempo à espera de autorização para poder levantar voo, em Coimbra, porque pura e simplesmente não existiam condições favoráveis para aterrar em Tires e só se levantou voo quando recebemos a autorização para poder levantar voo. Para terem a noção da segurança no voo a posição da aeronave é acompanhada pelas diferentes torres de Controlo Aéreo que entram em contato com o piloto que vai recebendo e dando informações sobre a forma como está a decorrer o voo, nomeadamente a altitude, a rota, a força do vento assim como por que lado a aeronave se deve fazer à pista, se existem ventos laterais e a força com que estão a soprar, porque independentemente de se notarem estas forças de vento, dentro da aeronave, não se consegue determinar com rigor a sua intensidade e a sua variação de sopro.

O voo aéreo é o mais seguro meio de transporte, só que e volto a frisar, não se pode facilitar no que concerne aos procedimentos procolados, quer ao nível da aeronave, quer do piloto, quer de todas as áreas que intervêm neste processo e numa situação de risco o melhor é não facilitar, a não ser que seja estritamente necessário e para isso há que ir “apanhar” o melhor piloto, quer dizer com mais horas de voo e que já tenha passado por situações “apertadas”, experiência, que tenha o descansado o tempo necessário para ser submetido de elevado stress e que a aeronave que vai tripular esteja em boas condições de manutenção e de funcionamento, de acordo com o protocolo que é facultado por cada uma das empresas que coloca à disposição os diferentes tipos de aeronave, mesmo assim terá que existir a consciência que o risco está sempre presente e o apoio terrestre deverá estar sempre muito atento a todos os fenómenos atmosféricos e terrestres.

A minha preocupação sobre tudo o que está a passar no nosso País e o estado a que deixaram que “isto” chegasse é perfeitamente lamentável, o risco que corremos em estarmos vivos é de uma enorme responsabilidade, quando deveria ser uma ao normal e de felicidade.

Henrique Pratas

 

 

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