FAKE PARLAMENTO
21-12-2018 - Joaquim Jorge
No PS há um código de ética para deputados, no PSD só para autarcas, mas até agora não vi nenhum sancionado!
Infelizmente há vários deputados com comportamentos fraudulentos e deveriam ser sancionados ou renunciar ao mandato porque está comprometida a sua idoneidade: presenças-fantasma e falsos reembolsos das viagens por falsa indicação da residência recebendo ajudas de deslocação.
Carlos César, apesar do seu nome ligado à polémica com os reembolsos de viagens entre Lisboa e os Açores para as quais já recebe, como os restantes deputados insulares, 500 euros por semana, é no mínimo caricato que este dossier esteja nas suas mãos.
Atitudes destas e outras que os cidadãos não vêem qualquer tipo de sanção e retratação dos próprios é lamentável e sórdido.
A Portugal chega tudo mais tarde e os “coletes amarelos” vão chegar um dia destes a Portugal. A classe média portuguesa depois da crise de 2008 está empobrecida, o custo de vida não pára de subir e não conseguem recuperar. Há um mal-estar latente na política portuguesa com este tipo de exemplos que saltam para a opinião pública.
É vergonhoso este tipo de comportamentos e mina irremediavelmente a relação dos portugueses com os políticos e a política. A nossa democracia esvazia-se de qualquer substância, um dia destes, a panela vai ferver e a tampa vai saltar.
Os portugueses não são dados a radicalismo, mas este tipo de comportamentos são inqualificáveis e a indignação alastra, os portugueses já saíram muitas vezes à rua nos últimos anos em busca de respostas e atenção. Para já, as greves proliferam.
A fragmentação da direita portuguesa com um governo duradouro do PS, pensando que as pessoas esquecem estes episódios é um erro de palmatória. A extrema-direita está à espreita.
Os deputados, que prestam falsas declarações de residência e marcam presença sem lá estarem, devem ser sancionados e devolver ao Estado o dinheiro que receberam indevidamente, em último caso, perder o seu lugar. Qualquer cidadão no seu trabalho seria penalizado.
O exemplo tem que vir de cima e de quem faz as leis. Estamos num “Fake Parlamento” (falso Parlamento).
O que se houve por aí é gravíssimo: nenhum político me interessa, nenhum deles me convence, já há muito que deixei de acreditar neles, sejam de direita, esquerda ou centro.
Comportamentos fraudulentos na política devem ser sancionados. Ponto!
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores
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