Educação ou talvez não
13-06-2014 - Francisco Pereira
Muito se tem discutido, com pouco proveito, sobre a Educação deste paraíso de sevandijas chamado Portugal. Para não ir muito atrás diremos que os últimos três detentores da pasta, foram absolutamente escabrosos, no que à Educação concerne. Parabéns ao actual ministro da Educação, pois ninguém esperava que depois de Maria de Lurdes Rodrigues, alguém conseguisse descer ainda mais baixo e revelar tão pouca noção daquilo que o país realmente necessita em termos educativos, obrigado senhor Crato por mostrar que em Portugal é sempre possível fazer ainda pior.
Pelo meio vieram o modelo americano, o modelo finlandês e o modelo frqancês, numa espécie de cascata de imbecilidades que se abateram em catadupa sobre as pobres crianças, que irão sofrer as estopinhas num mundo cada vez mais complicado, no entanto como muito bem se viu nenhum desses modelos funciona por cá, até porque Portugal tem um modelo educativo muito próprio, o Modelo Feissebuque.
Sempre inovadores, nós que demos novos mundos ao mundo, passando este chavão estafado, mais uma vez inovamos e criamos um modelo assente na hiper partilha nas redes sociais de todas aquelas cretinices que hoje se tem como educativas, com as inevitáveis, selfies e demais vídeos postados na rede social da moda, onde pais idiotas, governantes onagros, e outros que tais comentam os sorrisos de circunstancias dos energúmenos que fazem gáudio em mostrar a boçalidade de estarem a perpetuar as futuras gerações de labregos analfabetos que mal conseguem distinguir uma preposição de um substantivo e que cumprimentam as pessoas com aquele abjecto “boas” e rematam com o “tá-se bem”!
Do Presidente da república, ao ministro, até aos pais, professores e alunos, bem como outras aves raras a quem a Educação anda entregue, não há cão nem gato que não coloque larachas, laikes e fotografias na rede social do senhor Zuckerberg, ele é um nunca mais acabar de idiotices, festas, festarolas e paroladas que nada tem que ver com Educação e que em nada contribuem para a muito necessária alfabetização das pobres crianças.
Neste modelo de “educação Feissebuque” o que interessa é o bonito, o brilho das luzes, em suma o que interessa é o aparato, a estúrdia, a balbúrdia e a palhaçada, aliás o apalhaçamento é tão profundo, que agrupamentos inteiros de escolas trabalham para este aparato cretino e dispensável, trabalham para os papás babados e néscios, que ao invés de tentarem perceber se o seu rebento aprende efectivamente alguma coisa, estão mais preocupados com a festarola, as capas e as fitas, a festa de finalistas, pasme-se, finalistas no fim da pré, finalistas quando acabam a 4ª classe e por aí adiante, numa orgia de festarolas imbecilizantes que depois descambarão nas praxes estúpidas das universidades que degradam e que causam mortes, mas que muitos analfabetos semi-letrados apesar de frequentarem o ensino superior ainda defendem, outra preocupação dos papás são os trabalhos muito lindinhos feitos pelas professoras e feitos pelas auxiliares, as crianças nem sabem que fazem trabalhos tão giros, cobre-se a falta total de senso e de qualidade com o brilho das lantejoulas, ontem como hoje “panem et circenses”, há que entreter os bobos, encha-se-lhe a pança com gourmandises, e solte-se a pimbalhada musical.
E é isto que vamos tendo neste país, a “educação Feissebuque”, promovida pelo ministério, pelas escolas e pelas edilidades, abraçada de alma e coração pelos papás basbaques e incentivada até ao extremo, porque distraídos daquilo que realmente interessa, a Educação, coisa sobre a qual não fazem ideia nenhuma, toda esta maralha anda de Norte a Sul do país numa competição desenfreada, para ver quem coloca mais fotografias, quem dá mais likes e para quem apresenta mais comentários, em mais uma relevante mostra do absoluto grau zero de intelecto que cada vez mais revelamos enquanto sociedade.
Esta extraordinária inovação educativa, produzirá resultados fantásticos, como decerto iremos dar conta quando saírem os resultados dos vários exames nacionais que obrigam as pobres crianças a fazer, por entre participações em projectos, projectinhos e projectões, comemorações de dias de tudo e mais alguma coisa, festas, festinhas arraiais e demais actividades altamente benéficas para criar as futuras gerações de analfabetos. Em casa já não se educam as crianças, já não se transmitem valores, porque também não os possuem, na escola não há tempo, porque os projectos e as festarolas estão à frente, sem esquecer as inefáveis fotografias para o Feissebuque, com inevitáveis sorrisos falsos dos aproveitadores politiqueiros do costume que gostam sempre de camuflar a sua incompetência e inutilidade com muitas imagens que não deixem realmente perceber que pouco ou nada fazem. Caríssimos leitores e pais, isto não é Educação é apenas palhaçada!
A “educação Feissebuque”, é factualmente uma grande invenção portuguesa, onde o mundo do faz-de-conta, toma conta da realidade, andam todos a fazer de conta que educam as criancinhas, quando na realidade se perpetua apenas a carneirice, com tanta festa, projecto e comemoração, onde fica o sonho, a aprendizagem, a brincadeira e Educação?
Francisco Pereira
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