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VII – MÁFIAS
AS MÁFIAS À RÉDEA SOLTA EM PORTUGAL (2)

28-09-2018 - Pedro Pereira

Janeiro de 2016

De acordo com a Polícia Judiciária e os serviços de informação, a ‘Ndrangheta era nesta data por eles investigada havia já quinze anos.

Segundo o semanário Expresso, a prisão do britânico Robert Dawes, (ocorrida nesse mês) considerado o mais influente traficante de droga da Europa, deu algum fôlego às autoridades portuguesas e espanholas que investigavam a presença da Máfia calabresa na Península Ibérica. O homem, que nessa data tinha 44 anos era procurado por tráfico de droga e diversos homicídios, tendo sido detido pouco tempo antes numa mansão em Benalmádena, perto de Málaga, no sul de Espanha. A ligação a Portugal devia-se a um veleiro de nome “Gloria of Grenada” e à ‘Ndrangheta, que domina 80% do tráfico de cocaína que chega à Europa.

Antecedentes:

Uma embarcação de recreio proveniente da América do Sul passou pelo arquipélago das Bermudas e acabou apreendida no porto de Sines no verão de 2014 com quase 200 quilos de cocaína avaliado em seis milhões de euros no mercado negro. Os cinco tripulantes, todos de nacionalidade estrangeira, foram detidos e condenados a penas de prisão em Lisboa. Segundo fontes da investigação, eram operacionais de Robert Dawes e trabalhavam para a máfia da Calábria. Na sequência desta operação, foram presas trinta pessoas em Espanha e Itália e apreendidos mais de um milhão de euros em dinheiro. Dawes foi o último do grupo a ser detido.

Ainda:

De acordo com um investigador em declarações ao semanário Expresso, “muita da droga importada da América Latina chega à costa portuguesa por via da ‘Ndrangheta, que se aproveita da localização geográfica do país, de algumas fragilidades das fronteiras marítimas e até da proximidade económica com o Brasil, país de onde vem grande parte da cocaína. Os barcos de recreio, mais difíceis de intercetar, são muito utilizados. Em 2007, por exemplo, um veleiro desta rede calabresa foi detectado nas águas da Madeira com 1.500 quilos de cocaína”.

“Hoje, a ‘Ndrangheta é a máfia italiana mais influente a operar no nosso país”, segundo um alto responsável próximo da investigação. Outra fonte policial acrescenta: “Não estando cá sediados, usam o nosso território para praticar as suas actividades criminosas.”

Nicola Gratteri, o procurador-adjunto da direcção distrital antimafia de Régio da Calábria, confirma a importância estratégica de Portugal para a Máfia calabresa: “Não conseguem imaginar quanta ‘Ndrangheta existe em países como a Alemanha, Holanda, Espanha, Portugal, Suíça e Bélgica”, sendo que o comércio de droga é o principal mas não o único negócio ilegal a que se dedicam os mafiosos calabreses em Portugal. As apostas online a jogos de futebol parecem ser igualmente rentáveis.

De acordo ainda com o articulista do Expresso, «Segundo o organismo belga, muitas das apostas relativas a jogos suspeitos em Portugal são provenientes de Nápoles e de Régio da Calábria, uma cidade dominada pela ‘Ndrangheta, organização acusada de estar por trás dos resultados falsificados em Itália. Dos 40 milhões de euros apostados online em cada jornada na I e II Liga, os belgas acreditam que cinco milhões sejam de “apostas sujas em resultados viciados”. Contactada pelo Expresso, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional disse que este “não é um tema prioritário” acrescentando “não haver novidades de momento”.»

«Em 2010, Francesco Forgione, ex-presidente da Comissão Antimáfia do Parlamento italiano, revelou ao Expresso que a ‘Ndrangheta tinha bases em Faro e Setúbal enquanto a Camorra, máfia de Nápoles, contava com um clã em Cascais e outro no Porto. “Hoje as coisas são ligeiramente diferentes. Umas poucas famílias italianas continuam por cá”, salienta um investigador da PJ, sem adiantar muitos pormenores. “Há ainda quem pretenda apenas refugiar-se em Portugal para fugir à Justiça italiana, tentando levar uma vida discreta, sem levantar ondas”.»

( https://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-01-16-Mafia-trafica-na-costa-portuguesa#gs.clL5H1g )

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Outubro de 2016

«Francesco di Marte estava a fazer compras, no Centro Comercial Continente, em Portimão, quando foi abordado pelos inspectores do Departamento de Investigação Criminal de Portimão da PJ. O homem, de 52 anos, suspeito de pertencer à ‘Ndrangheta (a Máfia da Calábria) ainda apresentou os documentos falsos que usava desde que vivia em Portugal, há um ano, mas de nada lhe valeu e acabou detido.

As autoridades não lhe conhecem qualquer atividade profissional e suspeitam que di Marte estava a ser sustentado pela ‘Ndrangheta, com verbas que recebia com origem de Itália. Facto que demonstra a importância que tinha na estrutura da organização criminal. Sobre ele pendia um mandado internacional de captura, por alegadamente ser um dos cabecilhas de uma rede de tráfico de droga, responsável pelo transporte de quatro toneladas de cocaína, entre a América do Sul e a Europa, de 2013 a 2015. Nesse ano, as autoridades italianas, com colaboração de polícias de vários países, desmantelaram a rede. E di Marte, até então a viver no Brasil, mudou-se para uma urbanização em Portimão. Após a detenção foi presente ao Tribunal da Relação de Évora e ficou preso a aguardar extradição para Itália.»

( https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/mafioso-capturado-quando-fazia-compras?v=cb )

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Setembro de 2017

«Rocco Morabito, o mafioso italiano que estava em fuga desde 1995, foi detido no Uruguai e tinha com ele passaportes portugueses com o nome de "Francisco Capeletto". Com o chefe da Máfia Calabresa, um dos fugitivos mais procurados nos últimos 20 anos, foi detida a mulher, que tem passaporte emitido em Portugal e cuja data de nascimento é de 16 de julho de 1993 em Angola.

Segundo o mandado de captura internacional, Morabito estava oficialmente em fuga desde 1995 e, caso regresse a Itália, será imediatamente detido para cumprir uma pena de 30 anos por tráfico de droga.»

( https://www.dn.pt/mundo/interior/inscricao-de-filha-na-escola-trama-rei-da-cocaina-de-milao-8748254.html )

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Agosto de 2018

«Podia ser um filme de acção com selo de Hollywood, mas aconteceu de verdade, com uma mega-operação que envolveu Polícia Judiciária, Marinha, Polícia Marítima e Força Aérea Portuguesa a conseguir o resgate de um francês sequestrado, em alto mar, por um conterrâneo com ligações a grupos mafiosos e ao tráfico de droga.

A Polícia Judiciária (PJ) conseguiu libertar um cidadão francês de 28 anos, vítima de sequestro e coacção dentro do seu próprio veleiro, numa mega-operação que envolveu também a Unidade Nacional Contra Terrorismo, a Marinha, a Força Aérea Portuguesa e a Polícia Marítima.

O sequestrador, também de nacionalidade francesa, está em prisão preventiva. O detido, de 42 anos, tem antecedentes por crimes de natureza violenta, revelou a coordenadora da Unidade Nacional Contra-Terrorismo (UNCT), Patrícia Silveira, em conferência de imprensa.

Correio da Manhã acrescenta que o detido tem ligações a “um grupo mafioso” que está associado ao tráfico de droga.

O veleiro e a vítima foram localizados na passada sexta-feira, já em águas internacionais, “a 400 quilómetros da costa”, explica o porta-voz da Marinha, o comandante Pereira da Fonseca, em declarações citadas pelo Diário de Notícias.

As autoridades portuguesas agiram depois de um pedido de ajuda das autoridades francesas emitido na quinta-feira, a alertar para o possível sequestro a bordo de uma embarcação ao largo da costa portuguesa.

O alerta do sequestro foi dado por um amigo da vítima, em França, a quem esta conseguiu enviar um SMS a pedir ajuda.

“Costumamos colaborar com a Polícia Judiciária em casos de narcotráfico, mas, em 28 anos, não me lembro de uma situação de sequestro”, confidencia ao DN o porta-voz da Marinha.

Já a Judiciária fala do caso como tendo “contornos de criminalidade especialmente violenta“.

A detecção do veleiro com a vítima e o sequestrador só foi possível graças à colaboração da Polícia Marítima e da Unidade Especial de Fuzileiros da Marinha.

A operação de resgate envolveu ainda um helicóptero da Força Aérea e a corveta da marinha Jacinto Cândido que “abordou o veleiro pelas 16:00 de sábado”, com agentes da Judiciária a libertarem a vítima.

A coordenadora da UNCT refere que o barco partiu do porto de Leixões na manhã de 26 de Julho e que se suspeita que o sequestrador queria coagir a vítima a fazer um transporte de droga.

No veleiro, foi apreendida “uma grande quantia de dinheiro”, anuncia a PJ.»

Pedro Pereira

 

 

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