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Arrotos de Abril

16-05-2014 - Francisco Pereira

Recentemente Sua Excelência o senhor Presidente da Republica encerrou a conferência internacional "Portugal – Rotas de Abril: Democracia, Compromisso e Desenvolvimento”. Mais uma daquelas coisas que esta gente politiqueira gosta de alardear e rodear de pompa e circunstância, enquanto lá fora a populaça fenece à míngua «comam brioche» como disse Maria Antonieta!

Entristece-me esta gente, quando fala de Democracia. Porque desse conceito não fazem a mais pálida ideia, do mesmo modo me entristeceram alguns comentários sobre o 25 de Abril que ouvi aqui pelas ruas da aldeola onde habito, em especial, e muito em especial de jovens e de outros menos jovens da minha idade, e entristeceram-me porque são a prova de que realmente o 25 de Abril falhou.

Muitos destes pobres diabos, criaturas néscias e patéticas, saíram da bancada de sapateiro remendão dos avoengos, por causa desse 25 de Abril, saíram da amargura dos chiqueiros onde habitavam os pais e do trabalho de escravatura nos campos por causa desse dia de Abril.

Saíram lá das serranias das berças, onde não fora esse dia de Abril, ainda hoje andariam a cheirar ao bedum dos rebanhos, porque esse Abril libertário lhes veio trazer uma coisa que se chamou igualdade de oportunidades, Educação, literacia e liberdade de escolha, libertos do sistema de castas que vigorava no antanho, onde filho de pobre, pobre ficaria, mas eles tudo isso esqueceram, se alguma vez o souberam, e por o terem esquecido é que tudo isso está a voltar.

O que Abril me ensinou por isso o celebro, foi o civismo, a oportunidade de ter Educação, respeito pelo próximo, honestidade, honra e acima de tudo noção dos limites preocupando-me em conseguir uma sociedade mais justa e tolerante.

Mas aquelas pobres avantesmas, cheios de roupa de marca, de perfumes caros, de todos os «aparelhometros» da moda, no fundo continuam os mesmos matarruanos saloios e parolos que sempre foram, podem vir de oiro cobertos, que serão sempre uns labregos canhestros, e isso meus caros entristece-me profundamente.

Do mesmo modo que me entristece medonhamente que o mais alto magistrado da nação diga as coisas que diz, como por exemplo “estar interessado em ajudar a baixar a taxa do desemprego”, quando enquanto Primeiro-ministro foi aquilo que foi ou será que fui eu que a troco dos dinheiros comunitários destruí as pescas, a agricultura o tecido industrial, os estaleiros, além de ter deixado aos amigos as inúmeras oportunidades para todo o género de trafulhices e negociatas de que o BPN é apenas a mais importante das obscenas vigarices bem pode vociferar à rosa dos ventos tudo aquilo que agora apregoa como a salvação da pátria, foi enquanto Primeiro-ministro quem montou e promoveu as políticas ruinosas que todos os governos seguintes, escolheram para acompanhar e aprimorar, conduzindo-nos a este buraco de mentiras, de trafulhices e de vergonhosa subserviência aos interesses dos especuladores.

Todos estes discursos e conferências e palavras ocas, mais se me afiguram como arrotos de um Abril que deixaram apodrecer, que arruinaram com falcatruas e negociatas, com trafulhices ruinosas, esses mesmos que agora se passeiam a alardear descobertas e alertas e comentários, este país parece mesmo um grande paraíso de loucos, onde a cada pico de insanidade, só se pode esperar outro ainda mais insano, por isso quando oiço tais melros a piar soa-me todo a arrotos!

Francisco Pereira

 

 

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