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E porque não, Museu do pífaro?

29-06-2018 - Francisco Pereira

A estupidez humana, não tem mesmo fim tal como sugeriu um dia o velho Alberto. Quando julgamos que não é possível atingir um grau superlativo da mesma, lá aparece uma, ou várias, alimárias a provar quão errados estávamos, então quando o tema gira em torno do politicamente correcto e dos guardiães da novel cultura e da correcção histórica dos males do Mundo, podeis esquecer, é certo que virá por aí mais uma alarvidade.

A discussão fútil do momento, prenhe de académicos, sábios, sabões e sabonetes, deu já azo a inflamados artigos em jornais, com listas anexas de subscritores, pretos, brancos, verdes ou lilases, grupos de gente muito indignada, centrando-se a questão numa ideia, pateta diga-se em abono da verdade, de criar em Lisboa o “Museu das Descobertas" criação proposta no programa eleitoral de Fernando Medina, actual presidente da câmara de Lisboa, num daqueles arroubos da politiquice medíocre de que tanto gostamos.

Pessoalmente acredito que não precisamos de mais um museu para estar às moscas e fechado ao Domingo.

Pessoalmente acredito que o grosso do Mundo estará perfeitamente nas tintas se chamam a essa projectada intenção, “Museu das Descobertas", “Museu do Pífaro" ou “Museu dos gajos que foram de bote comprar caril,"quem eventualmente visitar esse museu, que nem sequer ainda existe, estar-se-á positivamente marimbando para o nome que lhe colocarem, porque isso é uma minudência pateta e patética, que não alterará nada neste Mundo.

Para dar um exemplo prático, fundamentando aquilo que afirmo, pego numa das informações que um dos grupos desses indignados apresenta para validar a sua pretensão, a saber, existe no Brasil um museu a que chamaram “o Museu Afro Brasil”, só o nome já dá para rir, mas pronto, poder-lhe-iam ter chamado simplesmente Museu do fliscorne, Museu da Mandioca ou ainda Museu do renhau e da cena, por exemplo, no entanto preferiram chamar-lhe “Museu Afro Brasil” o que nem acho bem nem mal, é um nome, pretenderam o quê com essa escolha? Chamar a atenção para a influência de populações de origem africana no Brasil, sim talvez seja isso, mostrar como as populações de origem africana são bem ou mal aceites no Brasil? Mostrar como é que essas populações vivem?

Certo é que essa grande comunidade de gente, apesar das suas origens africanas de africanos não têm nada, hoje são brasileiros, duvido sequer que aguentassem sequer um dia a viver em África, mas enfim, pergunto-me então, qual foi o efeito do nome desse museu na condição dos brasileiros de origem africana? Estão mais letrados, mais ricos, mas protegidos da segregação? Estão mais felizes, mais protegidos da pobreza, são mais valorizados e respeitados? Se as respostas forem afirmativas, projectem então um museu polaco do Brasil, um museu italiano, libanês ou alemão, já para não falar que um museu português Brasil também quadraria bem para ajudar ao reconhecimento e respeito por essas comunidades tão importantes para o Brasil.

Os académicos são extremamente necessários, os académicos são o tecido pensante das sociedades, no entanto acredito que ele há coisas com as quais os académicos deviam deixar de perder tempo, questões umbiguistas, perdidamente patetas que não nos conduzem a lado nenhum, antes criam abismos, perdas de tempo, cultivam a jactância arrogante dos auto propostos iluminados que se julgam mais iluminados que os demais, lançam raízes nefastas, modas da destruição da História, do revisionismo e do politicamente cretino.

Como eu gostava de ver cartas abertas de académicos com cem, com mil, com um milhão da assinaturas a condenar a fome, as reforma de miséria, os velhos abandonados, a podridão politica ou a corrupção, como eu gostava de ver cartas de académicos fulos, irados de raiva espumando da boca com paixão verdadeira, porque sentir também faz parte do ser humano me parece, se bem que isso não seja politicamente correcto, como eu os gostava de ver preocupados com a realidade de um Mundo podre, cheio de lixo, quase sem água, que por vezes me parece que lhes escapa.

Pá, quanto ao Museu, em projecto, chamem-lhe museu da cachupa com sardinha assada, museu da caneca das caldas de Bombaim sei lá, quem é quer saber disso para coisa alguma, o passado não mudará por causa de um nome, de uma perspectiva, de um conceito que certo ou errado queiram forçar, nem tão pouco servirá para mudar o futuro, por isso parem de perder tempo com idiotices patetas, como se o nosso tempo neste Mundo fosse eterno, tenham santa paciência, pá!

Francisco Pereira

 

 

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