Ola amigos.
06-04-2018 - Pedro Barroso
Ola amigos.
Peço desculpa de personalizar demasiado, desta vez, a minha colaboração, mas face aos imprevistos da minha condição de saúde, internamentos últimos não permitiram a assiduidade desejada. E desejo celebrar esse regresso condignamente.
Agradeço a todos os amigos que me leem aqui no N.A., no facebook, ou noutras colaborações avulsas, a estima e o envio de tantos votos, desejos expressos e partilhas que decerto me ajudam a ir melhorando, nem que seja animicamente.
A evolução da minha condição, entretanto, permite-me, assim espero, reassumir os compromissos para Abril. Assumo também o desejo de encontro entre todas as pessoas apostadas na Democracia e na defesa sincera dos valores da Liberdade, neste mês que a celebra entre nós, por efeitos de inesquecível calendário.
Pelo menos, tentarei; e tenho a certeza que todos entenderão, comparecerão e serão solidários, nesses encontros de cúmplices e celebrantes q ocorrerão:
dia 14, em Avintes, em que celebraremos Abril, mas também o cantor e meu companheiro Adriano Cª Oliveira, que de lá era na tural e lá repousa;
dia 24 em Leiria, no velho Lúcio da Silva, em Concerto para a noite histórica, evocativa e sempre digna de lembrar;
dia 25 de Abril, em Coimbra, no novo espaço Convento de S. Francisco de que me dizem maravilhas, mas ainda não conheço. Outro Concerto que já tardava.
Lá estarei e lá espero por todos. A canção para mim e para a minha geração era um grito adiantado no tempo. Um desejo enorme de mudança. Uma seta apontada ao coração da ditadura e da prepotência. Por isso só sei viver Abril assim, neste significado e neste espirito.
Vamos ser cúmplices e celebrar a vida, a Liberdade e o Futuro. Relembrar poemas que fizeram furar a fantasia e romperam o muro da censura em dias cinzentos.
Vamos tentar inventar o sonho, lembrando canções de sempre e lançando farpas para um futuro de gosto e sensibilidade, num mundo onde, hoje, o gosto anda pelas ruas da amargura.
Sim eu sei que faço canções esquisitas e diferentes. Que não passam na rádio, nem se vêem na Tv. Mas é precisamente essa a função, esse o objectivo. Subvertermos a "aurea mediocritas" instalada. O mau gosto. Os ídolos com pés de barro.
O país da novena, da novela e do novelo. De um pensar críptico, ainda bolorento, burocrático, suicidário, infeliz.
Ao estarmos juntos, combatemos também o tédio insuportável em q se tornaram algumas celebrações do 25 de Abril; com gente que não o viveu, nunca o entendeu, nunca nele teve referência, nem dele bebeu o significado. Gente sem Abril no coração.
E se habituou a "celebrá-lo" sem memória de toda a coragem que - perdoe-se-me a vaidade - a minha geração de cantautores teve, para o ajudar a alcançar. Sou dos últimos que ainda por ai circulam. A saúde não me tem ajudado ultimamente. Mas a alma de Abril - essa vontade maior de alcance e puridade - essa, vou cultivá-la até ao fim. E transmiti-la.
Porque desejo ardentemente que floresça e circule por todas as gerações futuras.
É disso que se trata. Por isso nos juntamos. Há que legar a mensagem aos filhos e netos.
Para que, muito maior que nós, circule sempre essa Liberdade.
Pedro Barroso
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