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IX – HISTÓRIAS DE ENCANTAR
PAPOLÂNDIA, O PAÍS DA FELICIDADE

06-04-2018 - Pedro Pereira

Existe na Papolândia, um país incrustado no sexto continente, um governo capitaneado por um denominado primeiro-ministro, a que se segue um segundo-ministro, um terceiro e por aí fora, a quem os seus súbditos, o bom povo dos papalvos chama carinhosamente de «o croquete».

Este cognome deriva do facto da aparência física da criatura ser semelhante a um croquete de carne, dada a sua composição culinária: - uma amálgama de carne moída com formato cilíndrico e cor acastanhada que lhe é conferida pelo pão ralado frito que o envolve.

O tal de primeiro-ministro, de seu nome, Jacinto Caruma, é simultaneamente o presidente do partido político que o criou e alimentou a leite de vacas e de cabras das melhores procedências desde tenra idade, o Partido Choldrista, agremiação onde ao longo dos anos, na permanente ânsia de trepar na sua hierarquia, desempenhou as mais ingentes tarefas, desde engraxar botifarras e sapatos às sucessivas chefias geracionais, até aprender a ler, escrever e fazer contas de somar e subtrair. Em boa verdade – diga-se de passagem - são estas as operações aritméticas que mais adora…

Mas também aprendeu de forma magistral a dobrar a cerviz como um contorcionista de circo, perante os mais poderosos.

A sua ascensão «política/partidária» advém, portanto, destes hábitos adquiridos durante a sua criação.

Acrescente-se em seu louvor, que tem um amor manifesto ao gado vacum e às (e os) cabras de que se faz rodear para se manter no poder.

Desde há uns tempos para cá que o Jacinto Caruma vem sofrendo de um pesadelo recorrente que lhe atormenta as noites e até as horas da sesta diária que gosta de ressonar.

Teve início este distúrbio onírico depois das últimas eleições autárquicas em que foi verificado um desastroso e evidente divórcio por parte da maioria dos papalvos relativamente aos candidatos eleitorais, que se manifestou num nível desastroso de abstencionismo sem precedentes em actos semelhantes na Papolândia.

Na verdade, o que se passa é que os papalvos, cansados de décadas sucessivas de governos azarados (e azarentos), sem terem para onde se voltar ou quem os defenda, tem vindo a conformar-se com a sua sina, adoptando como consolação para o lamentável destino das suas vidas nesse país, frases como: «pobrezinhos mas honrados», «é o destino», «a política é para os políticos», «o dinheiro não trás a felicidade», «queremos mais poesia e menos política», «para quê eleições, se o D. Sebastião vai voltar em breve?», e outras frase de semelhante jaez.

Na verdade, a sabedoria do povo é imensa e esses, os papalvos, embora saibam na sua maior parte ler e escrever, não estão virados para essas elevadas artes culturais, preferindo antes instruírem-se vendo telenovelas, de preferência mexicanas dobradas em brasilês, concursos televisivos que oferecem aos vencedores torradeiras, talheres, massajadores faciais, desentupidores de canos e outros utensílios domésticos, e sobretudo, assistir a desafios de futebol a granel, de preferência na têvê em casa ou na tasca da esquina mais próxima, a beber umas bejecas acompanhadas por umas alcagoitas e uns tremoços.

Fino que nem um coral, o Caruma tem vindo a cozinhar dentro da sua cabeçorra formidável uma brutal estratégia para captar o interesse dos abstencionistas para depositarem o votozinho na urna nas próximas eleições.

O barulho da engrenagem da sua maquinaria craniana a conceber essa invenção é de tal ordem, que até se faz ouvir nas hostes dos senhores dos dois outros partidos que o apoiam afanosamente no seu sacrifício governativo a bem da nação. É a chamada tripeça.

Fontes bem informadas confirmaram-nos, pedindo segredo absoluto, que a estratégia do Caruma é mesmo vocacionada para a captação de votos. Para tanto, espertíssimo como é, vai criar regiões administrativas a que chamará de «descentralização», descentralizando para as câmaras competências e dinheiro que eram do poder central, o que irá proporcionar a criação de milhares de empregos públicos. Depois, é tudo uma questão de fazer promessas de dar tachos a todos quantos queiram votar nele. Os que se inscreverem previamente no partido Choldrista terão os melhores tachos, é claro.

Entrementes e desde que assolapou os quartos traseiros no cadeirão do poder, o Caruma tem vindo a dominar (e já domina a maioria) da referida comunicação social, quer pagando a apaniguados dentro dos respectivos órgãos informativos, quer adoptando outras medidas mais persuasivas musculadas.

Assim, desta forma, as notícias diárias propaladas nos noticiários são, sobretudo, aquelas que são enaltecedoras do maravilhoso governo, ou seja: meias verdades, aldrabices e coisa e tal.

É claro que os poucos meios de informação que ainda se encontram distanciados da propaganda cozinhada numa central de (des)informação contratada a peso de oiro pelo governo do Caruma, não vão ter muito tempo de vida, tanto mais que essa central emite diariamente mimos carinhosos contra os meios informativos que se armam em heróis, incitando os papalvos contra eles, chamando-lhes de “fascistas”, de “órgãos da extrema-direita” e outra coisas horríveis (mesmo do outro mundo) com que o povo se acagaça só de imaginá-los, uma vez que o governo do Caruma intitula-se de “esquerda” e o bom povo da Papolândia acredita piamente que ser de esquerda é roubar aos pobres para dar aos ricos, esmifrar os papalvos com aumentos de impostos brutais, sobretudo indirectos, taxas, alcavalas e outras trambiquices amorosas cozinhadas pela calada da noite, com o fim de arrecadar dinheiro para salvar bancos e banqueiros falidos e outros destinos obscuros.

É evidente que o primeiro ministro não é rapazola de se contentar com pouco. Por tal arte, mexe-se afanosamente para a criação da grande Aliança Nacional onde caibam todos os partidos e todos os movimentos e papalvos de boa vontade (onde é que já ouvimos isto?), para que a nação seja o que ele tem por grande desígnio, que só os eleitos que o rodeiam poderão saber por enquanto, é claro…

É neste simples e bucólico cenário, portanto, que se enquadra a Papolândia, emprenhado de felicidade que anda o seu bom povo graças às artes mágicas do querido líder, o grande e rotundo Jacinto Caruma.

Pedro Pereira

 

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