O 1.º de maio
01-05-2014 - Eurico Henriques
Estamos a comemorar o dia 1.º deste mês de maio. É com um certo sentimento de revolta que relembramos anualmente esta data.
A relação existente entre o homem e o trabalho é bem antiga e tem sido utilizada no decurso dos tempos que nos precederam como uma força de contestação e, muitas vezes de confrontação.
As diversas formas relacionais entre os seres humanos, marcaram diferenças e criaram antagonismos, gerando uma diferenciação entre as ocupações de cada um.
Ao evocarmos as razões desta comemoração, encontramos o pleno da explicação que poderíamos procurar: os que trabalhavam nas fábricas – indústria pesada – e outras procuravam melhores condições para o exercício da sua atividade. Os que eram detentores dessas indústrias e serviços não pretendiam satisfazer as reclamações.
Afinal, o que esteve em causa nesse longínquo ano de 1886? A reivindicação das 8 horas diárias de trabalho. Tão simples quanto isso. É o que agora, neste nosso tempo de dificuldades.
O que há a referir é que nesse tempo o horário de trabalho oscilava entre as 14,00 e as 16,00 horas diárias. Aqui, no nosso país, trabalhava-se de “sol a sol”.
Temos assim que a 1 de maio de 1886 os trabalhadores das várias empresas e fábricas de Chicago realizaram uma greve de protesto. A polícia da cidade, para dispersar a multidão, utilizou a sua força. Alguém – que nestas coisas de procurar responsáveis, há sempre “um alguém”, lançou uma bomba contra os ditos polícias, o que provocou a morte de 6 elementos. Como resposta a força policial disparou sobre a multidão provocando a morte de 12 grevistas e vários feridos.
Este confronto, transformou-se na bandeira reivindicativa do operariado, americano e europeu. Em França, no ano de 1891 o Congresso Operário Internacional deliberou comemorar anualmente a data em homenagem dos que haviam morrido.
A acrescentar podemos referir que em Portugal e mesmo em França será no ano de 1919 que se legislará sobre a obrigatoriedade das 8 horas diárias como tempo de trabalho.
Hoje. Talvez mesmo agora que ouvimos e falamos de comemoração, o que temos em presença é a grave crise que nos afeta. O direito ao trabalho e á segurança no emprego são coisas que se esfumam nos ares. A juventude continua com a constante dificuldade em encontrar o seu lugar de trabalho e, com isso, obter o necessário rendimento para a sua sustentabilidade.
A emigração, principalmente de gente jovem e habilitada, constitui uma falha enorme neste nosso país.
Levantem-se as bandeiras. Ponham-nas desfraldadas ao vento. Talvez aí umas mil ou mais. Queremos um país e um mundo melhor.
Eurico Henriques – Licenciado em História e em Comunicação – Mestre em Ciências da Educação
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