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ECONOMÊS, OU O FEDOR DA INTELECTUALITE

23-03-2018 - José Janeiro

Muitas vezes sinto-me também perdido no Economês e no decifrar de uma intelectualite plena de jargão técnico e estrangeirismos, que serve para quem o produz como demonstração de um conhecimento teórico que não passa disso mesmo, o tal que se diz por “ter- ouvido- falar –e- achou- piada”. Talvez se algum jornalista mais “sabido” questionasse o interlocutor que debita tamanha demonstração de saber, para nos clarificar, seria hilariante ver algo como a atrapalhação famosa do Guterres quando questionado pelo PIB, puxou e repuxou pela cabeça e disse no final: “bom é só fazer as contas”.

Mas a juntar ao Economês temos algo que me leva a questionar e a desafiar a logica das coisas, que como sabemos, “a logica é uma batata e como é redonda pode rolar e perder-se”, que diz respeito ao brilhantismo dos nossos gestores, pagos a peso de ouro e com prémios sobre resultados que os conseguem numa progressão exponencial imparável, em que apresentam ano após ano, resultados económicos cada vez mais fantásticos, com crescimentos a 2 dígitos e nunca inferiores a quase 3.

Olhando de forma fria para a coisa, vemos as grandes corporações nacionais a passarem de prejuízos a lucros num ápice, ou aproveitam-se de facilidades legislativas esburacadas que lhe permitem ganhos de impostos de milhões de euros. Não falando já daquelas que vivem em grande parte do negócios de um país com 10 milhões de habitantes e que, pasme-se, encontram uma elasticidade total na procura pelo chico espertismo, apresentando uns milhões largos de resultados de coisas que não estamos mesmo a ver o quê… ou talvez consigamos ver, que se chama redução de pessoas e sorver de forma estonteante o capital que mais tarde fará falta, desrespeitando o mais elementar principio contabilístico que se chama prudência.

Mas o que importa é o perfeito ECONOMÊS justificativo de engenharias financeiras despudoradas e pouco claras que deu origem ao buraco que conhecemos e que se mantem sem culpados… ou melhor os culpados são os contribuintes, os tais que não beneficiaram porra nenhuma sobre o assunto e que pagaram a factura.

Quando um simples mortal empreendedor que tem no final do mês que pagar salários, iva e segurança social e que não vê aonde está a tal elasticidade da procura que os tais brilhantes gestores, chamados de topo, conseguem ver entre duas tacadas de golfe, e se esforça por gerar um EBITDA(*) razoavel e uma autonomia financeira(*) equilibrada é cilindrado logo no trimestre com PEC’s (*) e mais tarde com processos crime por não respeitar as obrigações fiscais e sociais, se bem que para outros há aquilo que se chama perdão de divida porque sim, dado que, são tipos que foram rebuscados nos ex-governos por serem entidades endeusadas de um brilhantismo a toda a prova, num a universidade de verão, ou em Universidades de profunda equivalência, só para “inglês curricular ver”.

Usando o mais perfeito principio Cristão de “pimenta no cu dos outros é refresco” conseguem explicar de forma fácil, com o uso de palavras indecifráveis, a execução do quanto bem-sucedidos e bem-aventurados são, como gestores, merecendo ganhos de 130 vezes superiores ao mais baixo dos seus empregados ou colaboradores.

O importante é essa gente ser bem-falante, usar uns adjectivos engraçados e acima de tudo aprender a dizer algumas coisas simples como: “eu sobre essa matéria…”, “obrigado sr. Presidente, senhoras e senhores deputados…” ou dizer NIM em temas que impliquem opinião, coisas simples portanto e que constam num manual a que chamam “regimento” para que não haja enganos.

Como já repararam do alto das cátedras dos ilustres enganadores, falam de coisas como PIB, Investimento Publico, deficit, Consumo privado, Inflação e outras coisas engraçadas como se fossem tu cá tu lá, com os conceitos, sendo que por norma, desconhecem não o que seja, mas como se chega a tais valores e depois é ouvi-los com elevada sapiência a debitarem bitaites como se fossem uns eruditos da coisa.

Cada vez que os vejo debitar coisas e loisas como se o intestino estivesse ligado ao cérebro, lembro-me da “barilabia” do meu professor de comunicação do Mestrado, que nos ensinou a bela arte de falar sem parar como se erudito fosse mas nada dizendo, vá-se lá saber porquê.

(*) Glossario de economês:

EBITDA – Ernings Before Interest Taxes Depreciation and Amortization, ou seja em Tugês decente Margem Operacional antes de juros, impostos, depreciações e Amortizações, mas em Inglês fica mais fino.

Autonomia Financeira – rácio muito olhado pela banca para entender a boa saúde da empresa, mede-se com a relação entre Capitais Próprios e o Activo Total, só que por norma as engenharias conseguem milagres e na prática tudo isto vale pouco.

PEC – Pagamento Especial por Conta, medido com uma percentagem sobre as vendas que devem entregar ao fisco, por conta de resultados futuros, ou seja o fisco passa a ser um comissionista das empresas dado que aquele guito, nunca mais o vêm.

PIB – Produto Interno Bruto = consumo+ Investimento+ gastos do governo+ exportações – importações, só para que se saiba o Consumo interno chega a ser mais de 50% do peso no PIB, daqui se entende a inversão da geringonça e o seu sucesso.

Investimento Publico – investimento produzido pelo estado em infra estruturas diversas do país, como sabemos a bota nunca bate com a perdigota, porque as obras a mais nunca são de menos.

Deficit – é a diferença entre receitas e despesas do estado, é expresso em percentagem do PIB. A tal teoria de dona de casa: se gasto mais do que tenho, preciso pedir á vizinha um emprestimozito, aqui é igual, só que pede-se aos “investidores” em leilão que são uns tipos generosos (ironia), decorrente do rating da republica, uma coisa engraçada feita por umas agencias de rating que decidem em causa própria. Sim, na desgraça também se consegue ganhar dinheiro, coisas de expectativas futuras.

Consumo Privado – é tudo o que gastamos exceptuando bens duradoiros, como se viu em cima, é parte importante do calculo do PIB daí a barraca das teorias económicas do Gaspar, Passos Coelho, Marilu e Troika, que quiseram inverter a situação o que era manifestamente impossível, só nas cabecinhas larocas a coisa iria funcionar, daí terem entregue o país pior do que o receberam e sem os aneis.

Inflacção – mede-se com o aumento de preços de um “cabaz” de produtos de consumo e a sua variação num período. Ora o controlo excessivo da inflacção provoca duas coisas: menos dinheiro em circulação, moeda mais forte e logo afecta as exportações para fora do espaço económico em causa. Daí o mercado preferencial de exportação ser hoje para o espaço europeu, fora disso o produto a exportar encarece no destino.

Mantenham-se atentos

Até para a semana

José Janeiro

 

 

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