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UM VÓMITO

09-03-2018 - Francisco Pereira

A semana passado fui surpreendido com a notícia que o senhor Passos Coelho ia dar aulas, para uma enxovia qualquer de ensino superior, dessas várias que servem muitas vezes para acobertar e dar cursos a politiqueiros medíocres, recordem-se do caso Relvas, que cito só a título de exemplo, muitos outros existem.

As reacções não se fizeram esperar, a repudiar tamanha alarvidade, porém como em tudo, existem sempre almas peregrinas que insistem em defender o indefensável, uma dessas almas foi o senhor Sousa Pinto, que poucos préstimos se lhe conhecem para além de ter sido “Jotinha” socialista, deputado e por aí adiante, vocês conhecem certamente o percurso, deste tipo de criatura, é sempre igual.

O senhor Pinto, quiçá movido por uma identidade de género, um corporativismo biltre, tomou como suas as dores do senhor Coelho, atirando para o colo das redes sociais da moda, um texto em defesa da “opção” do senhor antigo Primeiro-ministro, fê-lo no seu linguarejar, contra os “insultos vomitados” por alguns e contra a “indignação de meia dúzia de pessoal menor da Academia”.

Senhor Pinto, felizmente não o conheço, felizmente não faço parte do pessoal menor da Academia, faço parte porém, de um grupo que deseja ardentemente poder efectivamente vomitar em cima do seu texto, porque vómito, nojo asco e repugnância são o que o seu texto e a acção do senhor Coelho nos causam.

Caríssimo senhor Pinto, faço parte, de uma infeliz classe deste país que são os “cretinos”. O meu curso superior não me foi dado, não me foram dadas equivalências, apesar da experiência que já tinha, trabalhava de dia e fiz 200 quilómetros, quase diários, de comboio, durante 5 anos, para ir a uma universidade completar uma licenciatura, de noite. Para o conseguir tive de ser ajudado pela família porque jamais o conseguiria sem eles, cheguei a ter três empregos para poder fazer face às despesas, mas isso não conta para nada.

Toda a minha formação académica superior e formativa, da licenciatura ao mestrado, me saiu do bolso, os cursos técnicos o curso de formadores, tudo feito com muito esforço, com muito investimento e para quê? Para estar num emprego de merda a receber 800 Euros a recibos verdes, um posto de trabalho cujo requerimento principal é ter titulado por um licenciado, dar aulas não é “opção” como o senhor Pinto diz, dar aulas obedece a formação, obedece depois a concursos que deixam de fora milhares de bons professores, pior, dar aulas no ensino superior obedece a um esquema de cunhas e compadrios, além de ser necessário ser doutorado, o mestrado só em casos excepcionais, mas o senhor Pinto parece ignorar isso tudo e acha que dar aulas é “opção”.

Ora enquanto milhares de “cretinos”, que fizeram aquilo que os politiqueiros medíocres lhe encheram os ouvidos, ”estude, invista na formação” e ficaram encalhados em empregos de merda, os senhores politiqueiros acedem aquilo que querem, sem esforço, sem trabalho, mercê apenas de umas equivalências e cartão partidário.

Começa o senhor Pinto por declarar que; “A experiência de um ex-primeiro-ministro, qualquer que seja, é única e valiosa”. Sem dúvida, aqui concordo inteiramente consigo, tal como a experiência de um calceteiro, de um físico nuclear ou de trolha, no entanto a pergunta que faço é simples, em que é que isso contribui para saber e ou poder dar aulas, para ser professor, em nada, em absolutamente nada e conta para o efeito de ser professor, zero.

O senhor Pinto lá para o fim da sua arenga diz “Passos não fez o percurso habitual na nossa terra, muito celebrado, de caloiro a catedrático, sem nunca conhecer outras paredes. Ainda bem para ele. Ainda bem para os futuros alunos dele”. O percurso caro senhor Pinto, não é o celebrado, é que está instituído, foi instituído para todos, por políticos como o senhor Coelho e como o próprio senhor Pinto, que tiveram responsabilidades políticas, que sendo uma pessoa tão especial e tão inteligente deveria saber isso, coitados dos infelizes alunos dessa criatura.

Quanto ao conhecer outras paredes, senhor Pinto não meça tudo pela sua bitola, há muita gente com graus académicos que conhece muitas paredes, que vieram do mundo do trabalho, que conhecem bem os dois mundos, não são como os politiqueiros que saíram das “jotas” para o parlamento e nunca fizeram nada na vida excepto a politiqueirice rafeira com que se ocupam.

Pelo meio da mixórdia escrevinhada, diz ainda o senhor Pinto que, “Passos Coelho “podia ser sido cooptado pelos ‘donos disto tudo’, como consultor, lobista ou ornamento. Mas não, decidiu ensinar e ser professor”. Teria sido bom se o senhor Passos tivesse seguido as primeiras opções, essas sim verdadeiras opções, olhem o senhor Barroso conseguiu, como não sabe fazer mais nada, fez-se à vida. Excelente seria se o senhor Coelho fosse trabalhar como todos nós, em algo que saiba fazer, se souber fazer alguma coisa, porque como já disse ser professor não é uma opção, é uma actividade que está legislada obedece a critérios exige formação e estudo, coisas que o senhor Coelho não possui.

O que me chateia não é que o senhor Coelho vá dar aulas, pobres dos seus alunos, coisa que aliás já fez, numa outra dessas instituições privadas de ensino superior que qual cogumelos pululam por aí.

O que me chateia é que o faça da forma que o faz, arrepiando caminho, troçando e achincalhando todos os que como eu se esforçaram por estudar e por investir na sua formação, coisa que pouco vale num país miserável que não valoriza os seus activos melhor formados, é mais um exemplo da anedota que é este país miserável e medíocre.

Chateia-me ver que mais uma vez sou a chacota deste rebotalho politiqueiro que enlameia tudo em que toca. Chateia-me que façam nós imbecis, chateia-me que nos tomem por imbecis como o faz o senhor Pinto com o seu texto de vómito. Chateia-me que seja permitido, um qualquer medíocre politiqueiro enveredar por uma carreira que tanto trabalho custa a alcançar, mas atendendo a tudo o que se pode fazer e se faz, tendo o cartão partidário, nesta anedota chamada Portugal, já quase nada surpreende.

Chateia-me que exista sempre gente a defender a pulhice e os pulhas, deste país, chateia-me que isto tudo seja uma porcaria tão grande que dá asco, por isso reitero, quem me dera poder vomitar-lhes em cima!

P.S. – “O ISCSP é presidido por Manuel Meirinho, ex-deputado eleito como independente nas listas do PSD nas legislativas de 2011, o acto eleitoral que levou Passos para o Governo. Meirinho abandonou a Assembleia da República em Maio de 2012 para assumir a presidência do ISCSP, substituindo João Bilhim que foi tutelar a Cresap.” Como vêem está tudo dito.

Francisco Pereira

 

 

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