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INSANIDADE MENTAL

02-03-2018 - Henrique Pratas

Existem neste momento profissões que estevem a dar um proveito significativo refiro-me aos psicólogos e aos psiquiatras, a avaliar pelo nível de insanidade mental a que este País chegou.

Não me refiro aos casos que são relatados todos os dias nos nossos media, refiro-me às declarações realizadas ontem na Assembleia da República pelo primeiro-ministro deste País, que em pleno plenário a propósito da discussão da limpeza dos terrenos e das florestas, “desafiou” os restantes dos deputados a contribuírem com os dois braços que possuem para se juntarem e fazer uma frente de limpeza da floresta. Vi e ou vi estas declarações à primeira vez, mas como me pareceu estranho e tenho essa possibilidade, entendi que as devia ver de novo para ver se era verdade o que tinha ouvido e visto, confirmou-se não tinha percebido e visto mal, o desafio tinha sido realizado.

Eu não sei muito desta matéria nem de muitas, mas sempre ouvi daqueles que faziam as limpezas dos terrenos que os mesmos deveriam ser feitos depois de passar a época das chuvas porque o mato que entretanto fosse cortado já não crescia tão rapidamente. Isto foi o que sempre ouvi e vi fazer.

Como somos um País de extremos, queremos em 2018, fazer cumprir um Decreto -Lei que está feita desde 2006 e que comtempla que a limpeza dos terrenos deverá ser realizada até ao dia 15 de março. Ou eu estou completamente doido, mas isto não me faz sentido nenhum dado que só agora começaram, a cair as primeiras chuvas e se fizer a limpeza como é pretendida e está consagrada no referido Decreto-Lei, passado algum tempo, provavelmente em pleno Verão os terrenos irão estar repletos de matéria combustível para que os incêndios voltem a ser tema do dia. O legislador pode fazer leis, determinando a forma e o modo como a limpeza poderá e deverá ser tempo o que não pode fazer é estabelecer datas porque pode cair no ridículo como é o caso, a época das chuvas iniciaram-se agora, logo para mim limpar terrenos nesta altura é perfeitamente descabido de senso pelas razões que invoquei anteriormente e acrescento-lhe mais uma que é se o solo estiver devidamente molhado com a quantidade de águia que tem caído não há fogo que lhe pegue.

Conforme vos escrevi o legislador pode legislar sobre todo, mas não é dono do tempo e não chove quando ele quer, apenas acontece quando diferentes fenómenos naturais se conjugam, que é o caso que está a acontecer, comparo esta situação à declaração da época balnear que se inicia por decreto no início de junho e termina no final de setembro de cada ano, independentemente de nos restantes messes do ano as condições atmosféricas convidem a uma ida até à praia.

Tudo isto é ridículo a meu ver, quer-se agora fazer num ano o que se deveria ter feito em 12 anos, nós somos ou não somos um País de malucos, isto cabe na cabeça de alguém, ou será que já são os efeitos das eleições que se aproximam.

As medidas que têm sido tomadas, são perfeitamente descabidas, emails enviados da autoridade tributária a avisar os contribuintes todos, mesmo aqueles que não têm propriedades que se não fizerem a limpeza dos seus terrenos incorrem em penas de multa devidamente anunciadas. Nos Municípios, não há orientações precisas e concisas, na Proteção Civil a mesma coisa e ouve já proprietários que deitaram mãos à obra e que deitaram abaixo tudo o que havia para deitar abaixo, incluindo espécies protegidas e árvores de fruto.

Estamos perante uma decisão e imposição que não faz sentido nenhum e pode levar a que se cometam erros crassos, com esta obsessão da limpeza dos terrenos com o pretexto de não querem que se volte a repetir o que aconteceu em 2017, no caso dos fogos que ocorreram. Vivemos num País de doidos, este desejo é legítimo, eu também não pretendo que a situação se repita mas temos que ser metódicos e dar tempo e criar condições para que as coisas se façam como deve de ser técnica e temporalmente de uma forma assertiva.

Durante esta semana desloquei-me a Pedrogão Grande e à Sertã e passei por aquele amontoado de cinzas falei com algumas pessoas de uma respeitável idade que me disseram que ainda não tinham disponíveis os meios de comunicação necessários para uma eventual situação de risco. Estou-vos a escrever sobre uma população idosa que vive em aldeias muitos distanciadas umas das outras e onde não há sinal de rede fixa nem móvel, também ontem o senhor primeiro-ministro afirmou que a ANACOM lhe tinha informado que 99,5% do terreno nacional está coberto através da rede de telecomunicações, constatei que esta afirmação poderá ser verdadeira para um determinado universo, mas nos locais onde ocorreram os grandes fogos no perímetro da Sertã e Pedrogão Grande esta afirmação não é verdade, porque eu constatei aquilo que vos escrevo e uma das pessoas durante a noite para pedir ajuda para acudirem a sua mulher que tinha caído da cama para o chão teve que fazer 2 Kms a pé para pedir ajuda a um vizinho, lamentavelmente não chegou a tempo quando lá chegaram a senhora tinha falecido. Que raio de preocupações são estas desmedidas com a limpeza dos terrenos e por outro lado numa coisa extraordinariamente simples de resolver o Governo não exige à PT- ALTICE que coloque em funcionamento as linhas de telecomunicações, provavelmente aqueles cidadãos não serão de primeira classe e como já são de um respeitável idade até lhes davam jeito que desaparecessem porque assim não tinham que pagar reformas.

Mas o curioso no meio disto tudo é que a PT- ALTICE, apesar de as pessoas não terem rede de comunicações, envia religiosamente todos os meses a fatura com a conta para que os seus clientes paguem a assinatura do serviço que se propuseram prestar mas em que os clientes estão impedidos de fazer chamadas porque não têm rede. É caricato mas é verdade as faturas surgem com o valor a pagar da assinatura e com consumos a zeros. Será que estamos num País onde vale tudo ou querem-nos por completamente doidos.

Henrique Pratas

 

 

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