Os 40 anos do 25 de Abril
24-04-2014 - Pedro Ribeiro
Para quem nasceu em 1974, falar do 25 de Abril ou de como era a sociedade nessa época é falar do que se leu, viu na televisão e ouviu contar a pessoas mais velhas.
Passados 40 anos e apesar de muitos erros que cometemos, e cometemos muitos enquanto povo, a verdade é que Portugal é hoje outro País. Aquilo que outros fizeram em cem anos nós fizemos em poucas décadas. Na educação, na saúde, no apoio social, pilares base de um Estado social, as diferenças são abismais, apesar do ataque que tem sido perpetuado nestes últimos anos contra estas áreas. No entanto há ainda um aspeto muito importante a ter em conta. Para uma geração, o 25 de Abril, mais do que a liberdade representou o fim de um pesadelo de ver partir os seus amigos e familiares para a Guerra.
Muitos têm sido aqueles que dizem que necessitamos de um outro 25 de Abril. Eu sou dos que entendo que Portugal necessita de pessoas com os ideais de quem fez o 25 de Abril. De gente com sentido de Estado. De gente que se preocupe menos consigo e muito mais com a sociedade. De gente que saiba assumir as mudanças com a convicção de que essas mudanças são fundamentais para melhorar um País ainda a necessitar diminuir diferenças entre quem muito tem e quem nada espera.
40 anos depois não seria espectável um tempo onde os mais velhos não soubesses o que lhes esperava na reforma e que os jovens fossem obrigados a emigrar. Não seria expectável que as “elites” sofrem absolvidas em quase todos os processos judiciais ou que os mesmos prescrevessem, sentindo-se um odor a impunidade. Não seria expectável que esta geração fosse a primeira em muitas décadas a correr o serio risco de viver pior que a dos seus pais ou avós.
40 anos depois seria expectável um pais mais justo e equilibrado, mas parece que há sempre quem não o queira. E isso deve-nos fazer pensar.
40 anos depois, necessitamos de acordar todos os dias e recordar Sophia de Mello Breyner Andersen - “Esta é a madrugada que eu esperava/ O dia inicial inteiro e limpo/ onde emergimos da noite e o silêncio/ E livres habitamos a substancia do tempo.”
Só assim podemos dignificar uma geração de militares que colocou as suas carreiras, as suas vidas em causa por uma causa de liberdade e desenvolvimento.
Pedro Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal de Almeirim
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