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O meu Abril!

24-04-2014 - Francisco Pereira

Quarenta anos velozmente passaram por nós desde aquela madrugada em 1974, em que um país respirou o sonho, transpirou angustia e ansiedade, rejubilou de alegria, incerteza e medo. Contagiados pela magia de um momento em que mesmo sem disso se aperceberem estavam a fazer história.

A imagem que mais me ficou gravada nessa manhã de 25 de Abril de 1974, foi a de uma vizinha que conversando com a minha mãe, chorava, porque o filho ainda estava em Angola, onde fora enviado para a guerra, e havia muita incerteza a pairar sobre o que iria acontecer a todos aqueles homens que estavam, naquilo que ainda era o “Império” do Minho a Timor!

Em 2014, pouco ou nada resta desse sonho de Abril, que de resto pouco durou, e pouco terá passado para além do dia 26 ou 27 enquanto se viveu a euforia da libertação, porque pouco depois vieram as angústias da descolonização, do que fazer com toda aquela maralha que retornava ao seio do “Império”, o que fazer com a colossal dívida de guerra, o país estava na bancarrota, exaurido, os delírios soviéticos e as maquinações americanas, começavam as colectivizações, o PREC e todas as mui suaves altercações que aqueles tempos produziram, as movimentações comunistas (oportunistas), o MDLP e as suas bombas assassinas junto com as FP 25, foram a única nota colorida a destoar do resto sensaborão e apático, antevendo os tempos mais recentes de “carneirada” do povinho, que hoje não ordena porra nenhuma, se é que algum dia o fez, insolvente como está, porque as elites, sempre essas elites de oportunistas que desde antanho se especializaram em delapidar o erário público se esqueceram de criar um país, ou antes criaram um país para elas e para a sua prole, esquecendo a restante labregada que por cá se vai entretendo a comemorar futebóis a acender velinhas à santa e cantar com alma o Fado mais triste de que há memória, o fado do desencanto.

É sem assombro que assumo este desencanto perfeitamente ciente de que, de facto o 25 de Abril, foi importante para que Portugal se torne qualquer dia um país verdadeiramente democrático e evoluído, no entanto passados que estão 40 anos, a Democracia ainda não é um facto e este país está todo errado, pouca coisa neste país funciona decentemente a começar pelo modelo político de governação.

No entanto quatro décadas passadas, as oligarquias são as mesmas, os modelos quase iguais, passamos de um povo de analfabetos para um povo de analfabrutos funcionais, em que o cidadão médio não consegue preencher correctamente um simples formulário, éramos e continuamos a ser a chacota da Europa, um país de burros de canga, perderam-se as referências, as escolas não ensinam nada, a Justiça é para quem tem dinheiro e a Saúde segue-lhe no encalço, a autoridade do Estado em dois terços do território pura e simplesmente não existe, perdemos a cultura, perdemos a essência de quem somos, os jovens embrutecidos pela voragem da globalização resumem-se a uma grande massa apática de canhestros boçais, com poucas expectativas num país medíocre que como diz o poema falta cumprir.

Reafirmo os ideais de liberdade e Democracia que o 25 de Abril trouxe, mas não posso deixar de olhar, para o que este país realmente é. Uma cloaca de imundice, de incompetência de peralvilhos basbaques de doutores asnos e de imbecilidade generalizada, se tivesse de resumir o que penso sobre o que resultou do 25 de Abril, numa palavra, escolheria a de um cartaz de 1975 do Almirante Pinheiro de Azevedo, Bardamerda!

Francisco Pereira

 

 

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