ABRIRAM A CAIXA DE PANDORA
24-11-2017 - José Janeiro
O próximo ano vai ser um ano estranho. O governo que pretende agradar a gregos e troianos tem vindo a ceder em catadupa às exigências feitas pelas classes profissionais, que vão tomando conta de forma rotativa e em deslumbramento do frágil OE para 2018. Além de irresponsável, começa a ser preocupante.
Penso que não há consciência de que o sector público é suportado maioritariamente pelo sector privado e pelos empréstimos externos que irão atirar Portugal para a divida de novo, podendo vir a reverter os ganhos frágeis conseguidos com esta nova maioria… e lá vamos dar razão ao líder do diabo, o que não me deixa, nem nos deve deixar confortáveis.
Na verdade, os gastos do Estado em coisas pouco importantes e com os dinheiros de Bruxelas, mal aplicados, criaram o tal monstro após o primeiro governo de Cavaco Silva e podem ter uma nova reedição pela inconsciência dos sindicatos e organizações similares que exigem o que não é possível dar.
Concordo, quando se alega que grande parte dos custos estatais são as PPP’s, os Swaps, as rendas e em asneiras que continuamos a pagar alegremente. Concordo, quando se diz que pouco ou nada foi feito para regredir esse facto, e assim vamos perdendo oportunidades de crescimento e equilíbrio, por falta de coragem.
Estes últimos 17 anos do novo milénio, foram perdidos drasticamente por falta de consciência dos sucessivos governos. A oportunidade para mudar e recompor este país esteve na mão, a população estava consciente da situação económica, os intervenientes também, mas a pressão que se fez sentir pelos grupos económicos, a quem uma vez mais cederam em deterimento das populações, deitou por terra o sonho de um equilíbrio que nos levasse a um novo ciclo benéfico para todos e não só para alguns, que culminou com o desastre conhecido... mas não aprendemos a lição e vamos voltar ao inicio.
Alegremente vamos para um abismo, resta-nos apenas a hipótese de que não demos o passo final.
O deslumbramento da “carreira” que na função pública é algo estranho e decorrente do culto de uma evolução que não tem o mínimo de sentido, por se basear na antiguidade, tem levado sucessivamente as classes profissionais a exigirem o impensável, com consequências nefastas para todos.
Médicos, Enfermeiros, Técnicos de Saúde, Juízes, Professores, Policias, Militares e sei lá quem mais por aí virá, exigem que seja reposta “a sua dignidade” , coisa estranha essa exigência porque apenas quer dizer euros. Entretanto, as organizações patronais já vieram demonstrar a sua indisponibilidade para negociações salariais dos privados, ou seja, ali não há carreiras, nem salários mínimos dignos, nem “dignidade”, mas esse sector continuará a suportar com os seus impostos as carreiras dos restantes.
Peço humildemente desculpa aos meus filhos e netos pela situação que esta minha geração está a criar de forma inconsciente. Esta geração, não conseguiu ter a coragem suficiente para dizer BASTA! Esta geração, não conseguiu ter a coragem suficiente para gritar IGUALDADE! Esta geração, não conseguiu ter a coragem suficiente para deixar o mundo melhor ou pelo menos como o RECEBEU! Esta geração, não conseguiu criar um mundo melhor via EDUCAÇÃO! Esta geração, não conseguiu dizer NÃO aos seus filhos e assim educa-los para serem apenas PESSOAS!
Sim, peço desculpa!
Até para a semana.
José Janeiro
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