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A radio que não temos

17-11-2017 - Pedro Barroso

Ouço muita radio.

O Carlos Paredes, um dia, disse-me - e, na altura, com razão - que sempre que sintonizava a Antena 2 aprendia qualquer coisa.

Hoje, nem sempre isso acontece. Mas ainda se aprende.

Tem momentos. Há que sabe-los.

Depois há um "Deserto vermelho" (falo do filme de Antonioni, não de qualquer referência política...) de comunicação sem ... comunicação.

Um drama em 4 actos, muitas cores e 50 estações.

Era precisa uma Radio. Apenas uma que fosse; mas com um critério profundamente culto; leal aos valores, digna na sensibilidade, pródiga na memória, moderna, mas construtiva; e sempre na busca da qualidade com sinceridade.

Precisamos também urgentemente doutra informação.

Sem subserviência de Estado, de lobis, partidos, clubes ou grupos financeiros. Sem regar interesses para colher depois proventos sulfatados de favor.

Uma rádio que nos passasse o que tem valor e merecimento. Em vez da novidade espúria e incidental, o escândalo aberto ou escondido, as facadas do padre Vítor ou a morte da dama das ortigas por envenenamento suicidário.

Uma rádio e uma televisão de seriedade, probidade e independência.

É urgente a construção desse castelo melhor. Creio que educação da sensibilidade e um certo apreciar e descobrir do Conhecimento passam por aí.

Passe a insistência de radialistas e profissionais de televisão de grande competência, saber e voluntarismo, o actual "aparatus modus faciendis" isola e secundariza quem não alinhe em esquemas, seja apaixonadamente criativo, equilibre o q faz na justeza, e não na conveniência, ou demonstre demasiada inteligência.

A repetição das reportagens, o tempo dedicado ao futebol, a informação prenhe de iniquidade sem contraditório, as campanhas de promoção das modas, a promoção descarada de uns, em detrimento de outros, o esgar já previsto e a infelicidade de tudo aquilo, estão a condená-la à nossa desconfiança e a aumentar a nossa mortal impaciência.

Aliando a isto o facto de na net se poder encontrar um espaço onde podemos escolher, interagir e modificar as coisas, buscar opiniões, estudar a fundo os assuntos, conviver e navegar o mundo...tornava-se ainda mais urgente que "eles", todos "eles" compreendessem isso.

Eu fujo. Diariamente exijo qualidade e não a encontro. Rodo o botão em desespero. Eventuais aleluias. Poucas. Chego a desistir.

Uma radio que, mesmo sendo pequena, fosse grande; porque as pequenas também já não vale a pena tentarem imitar as grandes, que se tornaram.... tão pequenas.

Portanto. Eu quero. Eu pago. Eu sonho. Eu careço.

incomoda-me profundamente a vulgaridade obscena e a trivialidade temática.

Incomoda-me a incultura das coisas, a vulgaridade dos apresentadores a sedução babada pela última produção dos "suck my dick Inc" que se tornou viral e outros deuses de culto infantilóide.

Incomoda-me a play list cheia de oportunismos editoriais que já nem se ocultam. Incomoda-me toda a informação que, essa sim, me ocultam.

Incomoda-me profundamente a estúpida violência da sua não-ideia.

Eu desejo essa radio nova.

Pedro Barroso

 

 

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