Evidências
06-10-2017 - Pedro Barroso
Como negar a evidência. Na política, no gosto, no plágio, no sexo, na arte, na escrita, no sentir, tanta gente a querer tapar o sol com uma peneira.
Sempre a verdade se torna flutuante, visível, incontestável.
Quantos me confessaram já, contritos, que nada conheciam de mim. E lamentam não ter ouvido o que fiz durante tanto tempo. Pois.
As coisas são assim. Existem. Esperam uma vida por que alguém as veja, descubra, ouça ou sinta.
Fazer é um acto de persistência e de molde. Fazemo s para os outros. Mas tem de chegar a eles. Se as vias de acesso estiverem cortadas como conhecer.
Também o acto de "gostar" é um percurso de vida. Uma descoberta e um reconhecimento. Por vezes tais becos e vielas da estratificação do mérito implicam atraso na nossa epifania.
Já agora generalizo. Extravasando para outras matérias a demora da evidência.
Por vezes, encontrar a pessoa certa para nós demora um já ou um nunca.
Num plágio duma canção a tal evidência pode demorar 20 anos.
Por vezes, criar uma nacionalidade,... demora uns seculos.
Partos sempre turbulentos. Verdades como punhos.
Porém, no sítio onde verdadeiramente mora o sentir de cada um, todos nós já o sabíamos.
Não há machado q corte a raiz ao pensamento.
E ao que é evidente também não. Nunca.
Pedro Barroso
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