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Os fascismos e o pouco que nos dizem

04-04-2014 - Francisco Pereira

Um destes dias, (24-03-14), no jornal Público, Rui Tavares, pessoa a quem prezo pelo intelecto e fina erudição, escrevia um texto com o título “A Europa e o refascismo”, onde, e muito a propósito, discorria acerca dos velhos fantasmas dos extremismos, que a vitória da Frente Nacional da senhora Le Pen no velho paraíso da igualdade e da fraternidade ou do Partido Para a Liberdade do senhor Geert Wilders na libertária Holanda, veio trazer a lume.

O texto é de resto excelente, como Rui Tavares já habituou os seus leitores, no entanto a premissa é completamente errada, e é esse erro que deu lugar ao ressurgir dessas velhas ideologias, habilmente exploradas pelos responsáveis políticos daquilo que há uma década eram grupelhos de saudosistas e associações marginais e criminosas.

Rui Tavares mostra que os políticos da dita Democracia, quer da esquerda quer da direita não perceberam, que as suas politicas multi-culturais, sociais e outras que tais, feitas a trouxe-mouxe, impostas à revelia de consensos e atropelando o direito dos povos, ao invés de promoverem a tolerância, fizeram despertar isso sim a intolerância, o racismo e a xenofobia. O que os políticos da dita Democracia ainda não perceberam, é que não se enfiam modelos, por mais certos que estejam, pelo gorgomilo das gentes sem mais aquela, daí países tidos como civilizados e tolerantes estejam cada vez mais intolerantes, falamos de bastiões culturais da Europa civilizada como sejam a Suécia, a Noruega, a Holanda, o Reino Unido e a própria França, cujas politicas sociais de assistência e políticas de acolhimento deram origem ao aparecimento daquilo a que chamaremos «parasitismo social».

Que argumentos utilizar para explicar a alguém que é honesto, que trabalha que se farta, que faz os seus descontos que paga todos os seus impostos, que é massacrado com ainda mais impostos, como lhe explicar que o vizinho do lado, por ser de uma qualquer etnia ou religião, não só não trabalha, como ainda tem a casa de borla, os filhos não pagam nada na escola e que mesmo não trabalhando recebe quase tanto ou nalguns casos mais do que aquele outro que trabalha.

Como explicar um deficiente que trabalha, a quem nem sequer atribuem qualquer benesse excepto trabalhar e ser afogado em impostos, que aquela outra pessoa por ser de uma etnia diferente ou religião tem direito a um subsídio, a uma pensão e que mesmo nunca tendo trabalhado e ou feito descontos ganha mais que o deficiente que trabalha e desconta.

Isto não é solidariedade, isto não é justiça social, isto é apenas parasitismo social, onde uns se valem de uma particularidade para levarem a água ao seu moinho, atropelando todos os outros. É apenas isto que tem acontecido e é isso o que os políticos da dita Democracia não perceberam, como muito bem demonstra o texto de Rui Tavares, depois é fácil atribuir etiquetas, fascistas, nazis e por aí adiante, quando a única coisa que as pessoas querem é justiça e equidade.

Até porque o fascismo aos tipos da minha geração já diz muito pouco, já a opressão, a falta de justiça e a obscena situação dos parasitas que vivem à conta do trabalho dos outros, porque são desta ou daquela raça e ou religião, isso já nos diz muito porque crescemos com essa realidade infame. Assim se aparece alguma organização política a declarar-se contra esse parasitismo social é de todo natural que muitos, dos que estão fartos de serem explorados adiram a esse tipo de organizações e que elas cresçam.

No seu intimo duvido que metade das pessoas que votaram na Frente Nacional, estejam de acordos com «fascismos», essas pessoas estão é na verdade “fartas” até à raiz dos cabelos de serem preteridas, espoliadas e roubadas à conta das políticas solidárias que mais não fazem que perpetuar o parasitismo.

As coisas ao contrário do que Rui Tavares escreve e daquilo que os tais políticos da esquerda e da direita da dita Democracia, parecem não entender, não se colocam nesses termos de luta contra «fascismos» e outras quimeras românticas do século passado, as coisas são muito mais simples, as pessoas querem justiça e equidade, independentemente da raça e do credo, quem trabalha recebe, quem não trabalha comece a pensar em trabalhar! Viver de costa direita à conta do suor dos outros, tarde ou cedo deixará de ser opção, e urge que os políticos da esquerda e da direita da dita Democracia percebam isso, percebam que é preciso mudar de rumo, para que daqui a 50 ou 60 anos não esteja alguém a questionar «…como fomos capazes daquilo…» como se questionaram muitos alemães acerca do Holocausto.

Francisco Pereira

 

 

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