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Biofármaco português testado em doentes com cancro

01-09-2017 - Henrique Pratas

É como um míssil direcionado para o alvo, esta é a expressão utilizada pelos cientistas.

Baseia-se numa tecnologia inovadora que destrói os tumores malignos ativando e direcionando as próprias defesas imunológicas do corpo humano (células T) no combate à doença.

A empresa portuguesa Biotecnol criou uma molécula com três braços - designada Tb535H - que vai ser testada em doentes com cancro avançado no Reino Unido. O novo biofármaco procura usar certas células imunitárias do doente (os linfócitos T) para destruir as células cancerosas.

"Este medicamento apresenta um forte potencial de utilização em vários tipos de cancro, como o cancro de mama e rins, mas o foco inicial, neste ensaio clínico, incide sobre os cancros torácicos, designadamente pulmão e pleura", explica a empresa em comunicado.

A Biotecnol, que desenvolve medicamentos que usam o nosso próprio sistema imunitário para atacar as células cancerosas, estabeleceu uma parceria com o centro de oncologia britânico, o Cancer Research, para fazer um ensaio clínico, no final de 2018, em 45 doentes com cancro avançado.

“É como um míssil direcionado para o ‘alvo 5T4’, que se liga apenas às células cancerosas que ‘emitem o sinal’ 5T4, as que queremos eliminar, e não se liga às células normais. Tem-se uma molécula com ‘dois braços’ de reconhecimento seletivo apenas das células cancerosas com 5T4. Ao ligar-se ao antigénio 5T4, o anticorpo não só seleciona as células cancerosas como bloqueia o seu processo de propagação. Tem assim um duplo efeito de reconhecimento e de bloqueio”, explicou o investigador Pedro de Noronha Pissarra, presidente da Biotecnol.

Para destruir as células cancerosas, entra em ação o terceiro braço da molécula. “Com um mecanismo de ação muito inteligente e inovador, mas também muito difícil de desenvolver, os cientistas da Biotecnol ‘montaram’ através de técnicas de engenharia genética uma maneira de usar as próprias defesas imunitárias do doente, para elas atacarem e matarem o tumor”.

“Os linfócitos-T, um subtipo de glóbulos brancos, são as células do sistema imunitário envolvidas na proteção do corpo contra doenças infeciosas e invasores externos. Existe um lugar de ligação (como um magneto) nos linfócitos T chamado CD3, que, quando é ativado, os torna verdadeiras células assassinas”, acrescenta. “Montaram um anticorpo atractor do CD3: atrai os linfócitos T e liga-os a esse atractor, provocando assim a sua ativação”, detalhou ao jornal o investigador.

Resumindo: a molécula liga-se com dois braços ao tumor que tem 5T4 e, com um outro braço, atrai e ativa os linfócitos T que passeiam pelo sangue e direciona-os para o tumor. Ao entrar em contacto com o tumor, os linfócitos T libertam substâncias bioquímicas letais para o tumor, que é destruído.

Os chamados biofármacos não são sintetizados quimicamente, mas servem-se dos mecanismos biológicos do corpo para combater uma doença.

A imuno-oncologia, classificada em 2013 pela prestigiada revista “Nature” como o avanço do ano, é um tipo de imunoterapia que recorre ao sistema imunitário da própria pessoa a combater o cancro.

Esperemos que estejamos perante mais um medicamento que trate a doença que constitui um flagelo para a maior parte das famílias portuguesas e desejamos que a industria farmacêutica as coloque no mercado a um preço acessível, por forma a que todos os cidadãos possam aceder à mesma se necessário for.

Henrique Pratas

 

 

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