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OS “ACHISTAS” E OUTRA FAUNA

11-08-2017 - José Janeiro

Não sei se estou a ficar “velho do restelo” a figura imortalizada por Camões que ficou para a posteridade como aqueles que criticam a modernidade, ou deverei dizer modernices, em alguns casos. Talvez esteja a encarnar esse “velho”, tal a evolutiva estupidificação da sociedade se está a produzir a passos largos na humanidade.

Essa estupidificação criou uma nova fauna humana, ou direi antes analfabetos modernos, que se deleitam a “achar” ou opinar sobre tudo a eito, mesmo não tendo conhecimentos para tal, são os “achistas”! Não estou contra aqueles que emitem uma opinião, nem pouco mais ou menos, estou contra as certezas e a superficialidade com que o fazem e mesmo depois de explicada a situação, partem para o insulto e a arrogância do alto da sua “cátedra”, porque se acham donos da sabedoria.

Mas á parte desta fauna “achista”, existe a fauna do mundo ideal, aquela que funciona por impulsos de moda moderna, em áreas que se consideram fracturantes mas que fica bem na modernidade dos tempos porque são diferentes. Não estou contra a diferença, estou contra a diferença levada ao exagero do queixume e da permeabilidade a tudo, apenas porque é modernaço pensar assim.

Às vezes penso que somos governados por aqueles putos da nossa geração e posterior que faziam queixinhas por tudo e por nada aos professores e produzem agora uma vingança fria, tentando criar um mundo que é o seu, e apenas deles, ideal.

Outras vezes penso que afinal é só gente estupida que saiu do armário aonde estavam encerrados e a modernidade da comunicação global os fez “saltar” para a ribalta.

Estamos a criar uma geração do faz de conta, o faz de conta que sei tudo, o faz de conta informativo, o faz de conta que sou diferente, o faz de conta que faço de conta. Sinto-me honestamente perdido neste labiríntico faz de conta… e preocupante, muito preocupante é quando se exclui quem pensa diferente dessa corja inculta que tomou conta da verdade, não permitindo sequer discutir que opinião seja, porque rotulam logo essa pessoa com um qualquer “ismo” da modernidade.

Veio a público uma notícia de um Engenheiro do Google que se atreveu a emitir a sua opinião sobre a diferença de raciocínio entre o sexo masculino e feminino e que tal contribuiria para a existência de menos mulheres na profissão. Nada demais, apenas poderá, eventualmente ser discutível e quiçá uma boa tese de investigação. Em vez de ser discutida seriamente porque até haverá diferenças entre os dois sexos ao nível cognitivo, já o epistemólogo e pensador Suíço Jean Piaget dizia que a actividade intelectual está ligada ao funcionamento do próprio organismo e ao desenvolvimento biológico de cada pessoa, o pobre emissor da opinião foi crucificado. Hoje Jean Piaget, que dá o nome a vários institutos por obra reconhecida, também o seria na praça pública como o foi aquele Engenheiro do Google, que acabou despedido pelo zum zum criado. Lamentável! Os “achistas” e a fauna do faz de conta acabaram de fazer mais uma vitima, em prol de um mundo perfeito e cor-de-rosa.

É triste quando se abordam temas candentes da sociedade com a ligeireza de um “ismo” rotulador e limitador da liberdade de pensamento individual e ficamos expostos aos idiotas que pretendem uniformizar o pensamento. Mas muito mais triste é quando se encontram os pseudo “ismos” que dividem em vez de unir, tantas vezes problemas criados pelos “achistas” problemas esses inexistentes na sociedade, ou a existirem constituem uma franja residual nessa mesma sociedade.

O aproveitamento dos pseudo enquadrados nos “ismos” que se aproveitam deles para a política do coitadinho e para fugirem impunes á ordem social, levam ao absurdo de decisões que se pagam caro, ou se virão a pagar ainda mais caro num futuro próximo previsivelmente incontrolável.

Exemplos não faltam: racismo versus justiça; multiculturalismo versus liberdade; xenofobismo versus imposição cultural; sexismo (novas formas de afirmação) versus género; e podíamos continuar quase indefinidamente tal a divisão que se conseguiu criar na sociedade com as palhaçadas de afirmação que passaram a ser moda. Algumas, já estamos a pagar caro, por pseudo afirmação minoritária que conseguiram dominar e fazer refém dos seus ideais absurdos um espaço importante da sociedade ocidental, falo naturalmente do multiculturalismo que protege o islão.

Enquanto esses “diferentes” não entenderem que a sua liberdade implica o respeito pela liberdade dos outros, podendo, isso sim, discutirem-se pontos de vista tendo como objectivo o consenso e troca de opiniões, o mundo caminhará para o absurdo de um abismo indesejável. A passos largos ver-nos-emos todos reféns das minorias, sendo que elas próprias ficarão reféns delas próprias, por tão exigentes estarem do absurdo da diferença, continuando-se a subdividir-se e a descaracterizarem-se quase indefinidamente.

Não resisto a tomar como exemplo o LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trangenders) que se inicia em 1974 em Portugal com um Movimento de Acção Homossexual Revolucionaria (MAHR) um manifesto que revindicava direitos de pratica Homossexual. Hoje o LGBT já inclui um “+”, para abranger todas as diferenças de sexualidade que imaginem são: Queer, tradução livre: Estranhos, Questioning, por vezes confunde-se com “Queer”, mas são os que ainda não sabem o que são, Intersex, todos aqueles que sendo homem ou mulher não se identificam com a sua condição genética de XX ou XY, Asexsual ou “ACE” para os amigos, são pessoas que não se sentem atraídos por sexo, a coisa serve só para mijar, Allies, ou “ALY” para os amigos, são aqueles que acreditam que os direitos dos outros tipos sexuais/género não estão a ser cumpridos e por fim os Pansexuais, cujos membros se sentem atraídos por todos os géneros sexuais, o típico “o que vem à rede è peixe”. Mas acreditem que não fica por aqui, há ainda os Ecosexuais que praticam sexo com a natureza, ainda não descobri se via buraco no chão para uns e monte de terra para os outros, há os cisgeneros ou cissexuais os que se identificam com o seu próprio género, enfim descobri que existem 56 géneros diferentes de sexualidade, sim, leram bem 56! E lembrar-me eu que segundo a mitologia judaico-cristã tudo começou com Adão e Eva e que há apenas, geneticamente falando, XX para as meninas e XY para os meninos, quem diria que passados milhões de anos desde a “descoberta” do sexo pela natureza como meio reprodutor iriamos assistir a esta enorme e incontrolável palhaçada.

Uma coisa parece certa, as subdivisões paranoicas vão continuar em toda a linha na sociedade provocando cada vez mais divisão entre as pessoas, via direitos absurdos de minorias, das minorias e acabaremos todos à batatada.

Até para a semana

José Janeiro

 

 

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