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Sim senhor Ministro!
Resenha de uma comédia

14-07-2017 - Francisco Pereira

A pasta da Defesa Nacional, com a integração de Portugal na União Europeia, na actual estrutura da OTAN, com base nos novos jogos de equilíbrio geopolítico e militar, perdeu a importância de outrora, temo bem que seja um absoluto disparate ter um Ministro da Defesa com o correspondente pesado e ineficaz ministério, uma despesa inútil da qual não precisamos.

Dito isto, façamos um sucinto enquadramento histórico contemporâneo. O primeiro ministro da Defesa de que tenho alguma memória é Rui Machete, no já, desafortunadamente, longínquo ano de 1985, seguiu-se-lhe o escalabitano Leonardo de Almeida, depois uma longa sucessão de avantesmas, de onde destacarei, António Vitorino, Jaime Gama, Paulo Portas, e Aguiar Branco, destaco-os não por nenhuma razão de alto desempenho, mas apenas por risível constatação do óbvio, a pasta da Defesa tem sido ocupada por gente absolutamente indigente em conhecimentos sobre o tema, presa de grupos de pressão, vítima de assessores duvidosos, useira e vezeira em esparrelas e negociatas que roçam a falcatrua descarada, sem a mais pequena ideia daquilo que se faz por ali, como provam as várias ocorrências durante a vigência dos mandatos de tão insignes criaturas ministeriais.

De 1974 até meio dos anos oitenta do século passado, a pasta da Defesa foi assumida por alguns homens de qualidade e conhecimentos profundos, cito apenas para referência; Firmino Miguel, Loureiro dos Santos, Freitas do Amaral e Amaro da Costa, sendo que a partir de 1985, culminando com o senhor Azeredo Lopes, longa é a procissão de almas mais ou menos penadas.

Na última década assentou-se a degradação moral, social e financeira do Estado, os últimos cinco governos, desde o senhor Barroso até ao senhor Coelho, deixo de fora o actual governo apenas porque ainda está em exercício, são anedotas governativas, exemplos da mediocridade politiqueira que nos tem calhado, o actual governo parece também primar por ser um concerto cacofónico.

No entanto, já que insistem em ter um Ministério da Defesa, bem podiam escolher cavalheiros ou senhoras, que tivessem uma noção do que faz um cabo especialista, o que faz um sargento ajudante ou o que faz um militar da DAE, como funciona uma messe ou quantos postos fixos tem determinado aquartelamento, porque muito para além dos altos estudos, das reuniões de dar ar à boca, o que importa a um ministro da Defesa é perceber o meio castrense, perceber as suas dinâmicas próprias as suas idiossincrasias, saber por exemplo a que horas se fazem as rondas, saber quanto tempo leva a carregar uma arma, quanto gasta aos cem uma Berliet, isto pode parecer um disparate, mas não é.

Conhecer os homens e as mulheres que se comanda, conhecer as estruturas, os meios operacionais e o “modus operandi” das unidades é essencial, porque nos aparentemente pequenos detalhes é que está a chave do sucesso, o Ministro da Defesa precisaria de ser uma pessoa activa e pró activa, visitando as unidades de surpresa, indagando, questionando, porque à boa maneira portuguesa as visitas são sempre anunciadas o que dá sempre tempo para varrer para debaixo do tapete, o lixo, infelizmente os ministros da defesa como outros, são essencialmente animais de ar condicionado, de beberetes, almoços e jantaradas.

Dito isto, temo que o Ministério da Defesa seja um anacronismo, supérfluo e muito caro para um pardieiro miserável como é Portugal, o episódio de Tancos bem como outros anteriores provam isso mesmo, aliás este episódio deveria ser aproveitado para uma reestruturação do edifício militar, quiçá uma redução de efectivos alicerçada porém numa profissionalização, para um delinear de objectivos e de estratégias, até para se possível alterar os compromissos com a OTAN, porque isto como está, não funciona, como está custa demasiado a um Estado falido, que infelizmente é aquilo que somos.

Francisco Pereira

 

 

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