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Possíveis causas para a tragédia que ocorreu em Pedrógão Grande

07-07-2017 - Henrique Pratas

O presidente do IPMA diz que não há nenhuma evidência meteorológica que ateste a tese de que foi um raio a dar início ao fogo que vitimou 64 pessoas na zona centro.

A PJ tinha afastado a hipótese de mão criminosa no dia a seguir às chamas deflagrarem.

No relatório intitulado “ Condições meteorológicas associadas ao incêndio de Pedrógão Grande de 17 de Junho”, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) revela que não há nenhuma evidência meteorológica de que tenha sido um raio a provocar o incêndio de Pedrógão.

A versão dada pela Polícia Judiciária, através do seu diretor-nacional, um dia depois do início do incêndio, dizia que teria sido um raio decorrente de uma trovoada seca a provocar o fogo. "Tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais. Inclusivamente encontrámos a árvore que foi atingida por um raio”, afirmava.

O presidente do IPMA, considera que não há qualquer indício atmosférico que estabeleça uma relação de causa e efeito entre trovoadas e o fogo, embora não exclua na totalidade essa possibilidade.

“Não estamos a dizer que não foi como foi descrito [pela PJ], isso é uma questão forense que tem de ser analisada pelos especialistas. O que estamos a dizer é que não há evidência meteorológica desse facto”, sublinha.

A segunda conclusão deste estudo pedido pelo primeiro-ministro tem a ver com a dimensão avassaladora atingida pelo fogo. O IPMA conclui que essa dimensão resultou do facto de ao incêndio se ter associado um “downburst”. Trata-se de uma corrente de ar gerada por nuvens que chega até ao chão onde em seguida se espalha em todas as direções e provoca ventos forte. É um fenómeno que não é tão inédito quanto isso, o que há de novo é o efeito de conjugação com o fogo.

O relatório apresentado pelo IPMA, foi preparado por uma comissão técnica e sei que é muito extenso, mas é necessário que seja assim. Existem um conjunto de questões que têm sido discutidas ao longo dos últimos dias e que têm de ser confrontadas com os dados que nós temos. Uma das questões tem a ver com a origem. Nós não somos peritos forenses, a Polícia Judiciária é que os tem, e o que podemos dizer é em que medida existe evidência meteorológica da existência de uma descarga elétrica que tenha dado origem ao incêndio na hora a que ele deflagrou.

Do nosso ponto de vista, o que se passa é que não temos nenhum registo desse género. Reprocessámos todos os dados existentes. Pedimos apoio e colegas da rede Euclide (rede europeia) e os dados são os mesmos. Quer isto dizer que não houve descarga, em caso nenhum? Não podemos concluir isso de forma radical, porque todas as redes têm uma margem que não são capazes de detetar, e existem fenómenos mais invulgares que podem dar origens a descargas elétricas.

De qualquer das maneiras a verdade é para se dizer, não há evidência meteorológica.

A hipótese não é completamente afastada…..

Nós não afastamos, a Polícia Judiciária tem fantásticos especialistas forenses que analisam milhares de fogos. Não estamos a dizer que não foi como foi descrito, isso é uma questão forense que tem de ser analisada pelos especialistas. O que estamos a concluir é que não há evidência meteorológica desse facto.

A dimensão avassaladora do incêndio resultou da conjugação de dois fatores inéditos?

Tivemos durante a tarde do fatídico dia 17, um conjunto de fenómenos meteorológicos que são razoavelmente conhecidos dos especialistas. O que fomos capazes de verificar pelas imagens de radar é que houve uma intensificação muito grande da pluma do incêndio, de tal forma que ela atinge uma expressão vertical altíssima acima dos 10 quilómetros, e que temos dados que nos permitem verificar que uma dessas rajadas horizontais atingiu o fogo e levou a sua amplificação.

A imagem de radar é muito expressiva porque mostra bem a altura a que chegou a pluma do incêndio.

Foi um "downburst" ou mais do que um ?

Houve vários. Estão cartografados mais de nove. Mas a maioria não teve nenhum efeito expressivo. Isso sem subavaliar alguns efeitos locais que tenham sido avaliados. Na região de Pedrógão apontam para a existência de um.

É a primeira vez que o IPMA verifica a conjugação de um "downburst" com um incêndio em Portugal?

Nenhum dos especialistas que participou no relatório tinha visto este tipo de fenómeno com esta expressão,

É inédito? Sim.

Uma outra tese, ou hipótese é colocada sobre a mesa.

Esta nova tese que é lançada pelo presidente da Liga de Bombeiros que quer que se investigue, aponta para uma anomalia técnica gerada pelos postos de média e alta tensão.

O presidente da Liga de Bombeiros, diz que havia duas teses principais para o início do fogo de Pedrógão Grande, que vitimou 64 pessoas, as causas naturais provocadas por um raio de trovoada e a mão criminosa.

Junta-lhe uma terceira hipótese: a do “arco voltaico”.

As causas naturais e depois do relatório do IPMA, parecem estar afastadas. Já mão-criminosa, que o próprio avançara, mantém-se na sua ótica válida, mas carece ainda de confirmação. A nova tese, a terceira, e que o presidente da Liga de Bombeiros quer que se investigue, aponta para uma anomalia técnica.

“Passam naquela zona linhas de média e de alta tensão, que pode ter gerado não uma anomalia natural, mas uma anomalia técnica. As linhas de alta e média tensão com as temperaturas muito altas e com vento, não precisam de se tocar. Basta aproximarem-se para poderem gerar descargas elétricas, o chamado arco voltaico. E julgo que naquela região, gostaria que analisassem, porque se pode saber através do controlo da vigilância da linha, dando como boas as informações que tenho há um ferimento nos cabos. E são cabos grossos, em que se detetou um ferimento, uma rutura, um corte que pode ter originado esta situação. Seria bom que se averiguasse”.

No entanto, afirma que as suas suspeitas de fogo posto se mantêm e afirma que sempre disse serem suspeitas e não certezas. “Não disse isso de ânimo leve, no último mês houve dez ignições num raio de um quilómetro do local onde começou este fogo. Isso quererá dizer alguma coisa, não”.

Referindo que a PJ é das melhores polícias do Mundo, o presidente da Liga de Bombeiros, afirmou que depois de ter aventado a hipótese de mão-criminosa no fogo mais letal de que há memória no país ouviu “coisas menos agradáveis” porque puseram “coisas na sua boca que não disse”.

Agora que a hipótese de causas naturais são infirmadas pelo IPMA, o presidente da Liga dos Bombeiros, afirma que “a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima”.

Ou eu me engano muito ou está criado o cenário para a culpa morrer solteira como é hábito.

Para mim não é determinante encontrar culpados, mais importante seria ter verificado o que não funcionou como deveria ter funcionado e trabalhar no sentido que tragédias destas fossem minimizadas ou não se repetissem.

Temos assistido a tudo à culpabilização de ministros, de secretários de estado, dos bombeiros e dos seus comandos, o costume, como se a responsabilidade fosse apenas do Governo que está em exercício de funções, as medidas preventivas não se implementam apenas numa legislatura vêm de trás dos Governos anteriores que nada fizeram no sentido de desenvolver e aplicar a tão apregoado Ordenamento do Território, mas de tão apregoado que é nada se faz ao longo dos diferentes anos, portanto quem não tomou decisões no sentido de prevenir estas tragédias que atire a primeira pedra. Foram muitos os Governantes que passaram pelos diferentes Governos e que não tomaram as medidas mais acertadas e convenientes para o País, os interesses financeiros sempre foram colocados em primeiro lugar, como se não fosse possível conciliar as duas coisas, o ganhar dinheiro protegendo a floresta e o território. Dá trabalho mas é possível, é assim nos outros Países porque é que não é possível no nosso, porque existe uma inércia total, quero eu dizer quem tem competências para apresentar propostas, soluções, melhorias, não está interessado no bem-estar do País apenas se preocupam com o seu e já é muito.

Tem-se falado muito sobre o mau funcionamento do SIRESP, recordo-vos aqui que este sistema é transversal a todos os partidos do arco da governação, ninguém está isento neste processo, assim como os interesses de entidades privadas não deixam de ser trazidas para o debate, caso da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), ligada ao BPN.

Sobre o SIRESP apenas faço esta menção porque se escrevesse sobre o mesmo e as voltas que ele deu, as páginas seriam muitas.

Seria bom e bonito que cada um dos responsáveis assumisse as responsabilidades que não assumiram em devido tempo, mas assistimos uma vez mais a cada um sacudir a água do capote, o costume, já nos habituaram a isso, mas o homem que tirou o valor em morangos correspondente a 3,50 € esse é um ladrão e foi logo presente ao Juiz, neste caso a Justiça foi célere, (devem estar recordados do texto que escrevi sobre este triste episódio), no que me leva a escrever este texto, vai levar anos e as conclusões serão perfeitamente inócuas e sem efeito nenhum, ao menos que tirassem as devidas conclusões sobre o que não funcionou corretamente e criassem medidas para que tal tragédia não se voltasse a repetir. Eu sei que não gostamos de investir na prevenção é mais barato, mas quando estão vidas de pessoas em risco, entendo que estas medidas deveriam ser consideradas e tomadas em linha de conta para que a vida dos cidadãos deste País, de quem cá vive e por cá quer passar férias não fosse colocada em risco.

Henrique Pratas

 

 

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