Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 19 de Abril de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

III - CORRENTES ARTÍSTICAS NA 1ª METADE DO SÉCULO XX
O Seu Impacto em Portugal

09-06-2017 - Pedro Pereira

O Primeiro Representante da Pintura Abstracta em Portugal

Em Portugal, o precursor da pintura não figurativa foi Amadeo de Souza Cardoso.

Chegado a Paris em 1909, conviveu e trabalhou com Amadeo Modigliani, nos anos 1910-1911. Foi companheiro de Apollinaire juntamente com muitos outros artistas portugueses e estrangeiros que habitaram Paris na época.

Em 1912 participou numa exposição na galería Der Sturm, em Berlim, e foi seleccionado pelo crítico americano Walter Pach para integrar o Armory Show (Nova Yorque, Boston, e Chicago, 1913), considerado por unanimidade o ponto de partida da arte contemporânea nos Estados Unidos da América.

Entre 1912 e 1917, Amadeo teve uma actividade continuada e diversa, tal como sucedeu, esporadicamente, com alguns artistas do seu tempo. Afinal, de todos os tempos…

A pintura ocupa-o quase exclusivamente, transitando da memória elegante e gráfica do desenho para uma reflexião plástica entre o cubismo e o abstraccionismo.

Considerado o mais importante pintor português do primeiro quartel do século XX, recusou participar na Exposição Livre (1911), considerada um dos factores de arranque do modernismo português e enunciadora de um corte gerecional, coincidente com uma importante ruptura política em Portugal (A transição do Liberalismo Monárquico para a República pretendidamente jacobina) e uma aproximação renovada ao centro da vida artística internacional que era Paris na época.

A Exposição Livre anunciou a debilidade artística portuguesa congénita, que seria a mesma do Modernismo, pela ausência de uma vontade de ruptura, devido à ignorância do que estava em jogo na arte internacional de começos do século, posteriormente comprovada na absoluta incapacidade de se colocar a par com a arte de Amadeo.

Depois de passados oito anos em Paris, em 1916, no seu regresso momentâneo a Portugal, Amadeo expõe primeiro no Porto e depois em Lisboa, mostrando uma variada obra que classificou de carácter impressionista, cubista, futurista e abstraccionista. Foi, sem dúvida, com a etiqueta de futurista que ficou. Trata-se, no entanto, de uma vertente vanguardista no marco do Modernismo.

Em 1917, em contra-corrente, «atado» ao naturalismo, o pintor José Malhoa obtém grande sucesso com o quadro, O Fado, que havia sido pintado em 1910 e exposto no estrangeiro. Muito embora os modernistas fossem bastante acxtivos e se mostrassem, a verdade é que a maior parte da sociedade cultural portuguesa, atávica, reflectia o seu posicionamento na pintura naturalista.

De Amadeo afirmou um dia Almada: «o primeiro descobrimento de Portugal na Europa do século XX», acrescentando: «Nessa altura (segunda década do século XX) a geração estava lúcida, ao passo que a desordem era dos poderosos». Numa alusão à desordem política reinante na República.

Quinze dias depois da morte de Amadeo, o armistício põe fim à 1ª Grande Guerra Mundial. Pouco depois, a sua jovem viúva regressou a Paris ao seio da sua família, levando consigo grande parte de obra do pintor, que irá juntar-se aos trabalhos que haviam ficado no seu atelier de Montparnasse.

Outra importante parte da sua obra foi queimada por uma irmã do artista, em Manhufe (terra natal de Amadeo) no concelho de Amarante, uma piedosa senhora escandalizada pelas imagens estranhas que os quadros lhe haviam provocado.

Entretanto, em seguida à sua morte, um longo silêncio se irá abater sobre a sua memória.

Será Eduardo Viana, um amigo seu, pintor das aventuras cubista e futurista, que passados tres anos lhe dedicará uma exposição e no ano seguinte, em 1925, no I Salão de Outono de novo o recordará, mostrando obras de Amadeo que tinha em sua posse.

Todavia em 1925, em París, a viúva de Amadeo conseguiu organizar uma retrospectiva do pintor numa galería próximo da Ópera: 120 pinturas, 25 desenhos e aguarelas aplaudidas por A. Arnyvelde e elogiadas por M. Raynal e G. Charensol, mereceram, também, ao que se sabe, o elogio de Cocteau.

Em 1930, o Salão dos Independentes, apresentou um balanço do passado recente de Modernismo português fazendo referência só ao nome de Amadeo.

Em 1922 e 1931 o Museu de Chicago, apresentava em exposições da coleccão de A. J. Eddy, «obras desse pintor supostamente de origem portuguesa».

Contexto Literário

A década de 20 é marcada pelos ritmos de Jazz e do FoxTrot.

A ilustração vai ganhar o seu espaço e expressão em diversos jornais e revistas. Entre 1922 e 1926 surgem as revistas Contemporânea (projecto do arquitecto José Pacheko) e Athena - Revista de Arte, em 1924. Esta, dirigida por Fernando Pessoa. Tem início, também a publicação da revista Ilustração Portuguesa (dirigida por António Ferro entre 1921 e 1922) e os magazines ABC, Civilização e Bertrand. Os jornais e as revistas publicam ilustrações e comentários humoristas. Almada Negreiros, Eduardo Viana (1901 - 1967), Jorge Barradas (1894 - 1971), Diogo Macedo (1889 - 1959) são alguns dos artistas plásticos que se destacam, especialmente na concepção de capas de revistas e de uma maneira geral, na sua concepção gráfica.

(continua no próximo número)

Pedro Pereira

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome