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Vitória no Festival da Canção

19-05-2017 - Henrique Pratas

A vitória que se registou no festival da canção, não se ficou a dever em nada ao esforço que qualquer Secretaria de Estado ou Ministério da Cultura que possam ter existido em Portugal, ela deve-se sim ao empenho e sacrifico de quem cantou a letra de uma música composta pela sua irmã e com arranjos musicais de quem gosta daquilo que faz e par isso tem que abdicar de muito da sua vida.

O Estado Português não tem condições para reclamar o que quer que seja, porque em nada contribuiu para que esse bom desempenho fosse alcançado, muito menos a Presidência da República. Esta colagem que os órgãos de soberania, composto por políticos sem vergonha na cara e que nunca apostaram no desenvolvimento cultural deste País é perfeitamente desprezível, porque como escrevi não contribuíram em nada para este sucesso, ele apenas se deve ao empenho de um cantor que teve que emigrar para que pudesse fazer o que gosta e há sua irmã que em boa hora decidiu escrever a letras de duas canções das quais o Salvador decidiu escolher a primeira, porque na sua opinião era a que lhe fazia mais sentido, em termos de letra e de interpretação. As coisas têm que ser sentidas e no sucesso está nisto, uma coisa é cantar outra completamente diferente é cantar e sentir a música e a letra como sua, quero dizer existe uma perfeita sintonia entre o intérprete e a letra que tão bem interpretou e ficou provado que não é uma questão de conhecer a língua ou saber a letra em que foi interpretada, trata-se apenas de saber exprimir o que lhe vai na alma e o Salvador fê-lo, na minha opinião, muito bem e á custa do quê? De experiência de vida, boas e más de caminhar erraticamente em áreas que não eram a que ele pretendia para a sua vida. O percurso destes caminhos erráticos têm um preço elevadíssimo, mas como o próprio afirmou não se quer prostituir e ver a fazer uma coisa que não gosta. Talvez fosse bom que alguns personagens da sociedade onde vivemos tivessem prestado atenção às suas palavras para ver se aprendiam alguma coisa, temos gente que se prostitui todos os dias porque não fazem aquilo de que gostam ou fazem-no mas como alguém não os deixam fazer o que tecnicamente é correto, são coagidos às práticas mais enviesadas de trabalhar. Dir-me-ão é a vida, não é não senhor, nós na nossa vida temos que nos assumirmos e dizer-mos o que não achamos correto e aquilo que pensamos, não nos podemos acomodar àquilo que outros querem que pensemos ou que sejamos, a prostituição não é só vender o corpo é também vender ou abdicar das ideias, do que pensamos e do achamos é não sermos politicamente corretos, é não estamos sempre de acordo com quem produz diretivas perfeitamente erradas e descontextualizadas é não deixarmos de sermos nós próprios de colocarmos a nossa identidade em causa por causa de uns safardanas que querem que sejamos aquilo que não somos.

Tanta gente a falar de democracia e de liberdade de expressão e depois na prática, faz-se o contrário das afirmações que os iluminados desta sociedade querem que os cidadãos façam uma coisa contrária. Isto não pode nem deve acontecer, porque se constatamos, este tipo de comportamento, na nossa sociedade é porque muitos dos cidadãos já se acomodaram e apenas se limitam a sobreviver mal e quanto mais cedências fazem pior é o futuro que está guardado, porque já nem escrevo sobre o presente, neste limitamo-nos a percorrer o trajeto casa trabalho e vice-versa, a contar os cêntimos para aguentar até ao final do mês e mais nada, ora uma vida não se reduz a isto, isto, atrevo-me a escrever que andamos no limiar da escravatura, onde a maior parte de nós tem que se sujeitar às mais graves faltas de respeito e atitudes discricionárias que os detentores do diferentes poderes políticos, que se de gladiam entre eles, mas se ficassem por aí menos mal o pior é que as consequências destas “guerras” surdas recaem sempre sobre os mesmos, isto é o cidadão comum.

Termino com uma palavra de apreço ao Salvador Sobral, que tão bem cantou e viveu a música que o acompanhou e que pela única vez desde que me conheço Portugal nunca ficou nesta posição de destaque, sem contributo de nenhuma espécie deste Estado, ingrato, que o viu nascer a ele e a outras cidadãos com qualidades inatas e que não cria ou criou as condições necessárias para que culturalmente fossem convenientemente aproveitadas no sentido de colocar este País no Mundo, mas sem obediências, ou condições de obrigação a quem fosse possuidor desses requisitos.

Não quero de terminar o meu texto sem destacar à afirmação que o Salvador fez e que foi que espera que aqui a um ou dois meses já ninguém se lembre disto, porque não gostam que lhe tirem fotografias a comer, a dormir ou que seja, gosta da sua privacidade, como qualquer um de nós, isto sim é um cidadão exemplar, faz o que gosta, pretende apenas o necessário e suficiente para viver e não quer ser capa de revistas e não integra este conceito do politicamente correto.

Henrique Pratas

 

 

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