Voto Útil
28-04-2017 - Henrique Pratas
Chegado a 24 de abril de 2017, tomei mais uma decisão na minha vida, que muitos de vós poderão não concordar mas é a minha decisão e vou-a assumir como tal e nunca mais votarei voto útil.
Como sabem e devem conhecer a fugira o voto útil caracteriza-se por votarmos num candidato ou num partido em que por obediência partidária nos dizem para votarmos num porque esse é menos mau do que o outro. Na minha vida o fiz apenas uma vez e foi nas eleições para a Presidência da República em 1980 em que os candidatos eram Soares Carneiro, apoiado pelo PPD e Ramalho Eanes.
O meu partido na 2ª volta em que apenas estavam em jogo estes dois candidatos e considerando os tempos que estávamos a viver deu orientação aos seus militantes que o melhor era votar em Ramalho Eanes porque o outro candidato que se apresentava a eleições era muito pior do que este.
Fi-lo, mas custou-me muito a fazê-lo porque não o estava a votar em consciência, estava a fazer um opção pelo menos mau e eu não gosto disso, mas pensando que o meu voto num candidato poderia contribuir para que a situação do País pudesse melhorar, também não queria ficar com o peso na consciência de não ter votado no candidato que me disseram que reunia melhores condições para orientar os destinos do País.
Recordo-me que fui várias vezes à mesa da urna e pelas diferentes vezes que lá fui outras tantas voltei para trás, porque o meu pensamento e a minha vontade estava a ser contrariada, mas havia sempre o mas e quando nós pensamos, tinha na minha cabeça a ressonância da solicitação vota em Ramalho Eanes e não votes no outro candidato que é pior do que este.
Tantas vezes lá fui até que uma vez e com a sensação de ter engolido o Jardim Zoológico todo, com os diferentes animais e tudo, lá votei no candidato em que me disseram para votar, mas que não era aquele que achava em que deveria ter votado.
Em consciência deveria ter votado em branco, porque não me revia em nenhum dos candidatos. Arrependo-me de o ter feito, porque não votei de acordo com o que pensava e depois de saber os resultados ainda fiquei mais angustiado porque afinal se tivesse vontade em consciência, de acordo com o que penso, não o teria feito, e um voto era um voto a menos e não seria por isso que o candidato seria eleito, como foi.
Este texto para além de assumir o erro que fiz e que partilho convosco tem o intuito de vos manifestar que nunca façam aquilo que eu fiz apenas na situação em que o mencionei, devemos sempre votar em quem acreditamos que é capaz ou tem condições para desempenhar os cargos a que se candidatam e que reúnem as condições que achamos que estão na nossa linha de pensamento, que é fazer deste País um País onde todos mas todos sem exceção possamos ter uma vida digna, com condições de vida e de respeito pelas mais elementares regras de vivência em democracia, pugnando pelos nossos direitos e interesses enquanto cidadãos de plenos direitos e em que nós nos revejamos nas medidas de politica económico-social que apresentam em sede de candidatura e que visem o que se encontrada consagrado em sede do que resta da Constituição da República Portuguesa.
Como lhes escrevi eu fi-lo uma vez e nunca mais o farei quando for votar fá-lo-ei de acordo com o que penso que seja melhor de acordo com os meus princípio e valores e não de acordo com aquilo que podem buzinar aos ouvidos, sim porque ao fim e ao cabo, para é que serviu ter votado em Ramalho Eanes, nada escrevo eu, hoje, porque ele já estava envolvido e enleado nesta paz podre e estado de democracia que não funciona para os pobres e apenas serve os ricos e detentores do capital. Mais acresce a isto tudo quando apareceu um partido designado por Partido Renovador Democrático (PRD), quando desafiado a assumir a Presidência do mesmo borregou, a partir daí, pensei independentemente de ter feito o que fiz, o homem não sei porque razões não quis nem nunca o vi assumir os interesses e a defesa dos mais desfavorecidos, não sei se foi a mulher que não o deixou, ou em alternativa a sua condição de militar apesar de na reserva à data o condicionou a não assumir e a defender aquilo que apregoou.
O 25 de abril de 1974 aconteceu porque foi o sonho de alguns que pretendiam mudar o regime, para que se criassem as condições no País para um desenvolvimento sustentado a partir dos meios disponíveis no País, geridos de forma racional e independente apenas com o intuito de criar melhores condições de vida aos seus cidadãos e acabar com uma Guerra que a meu ver não fazia sentido, não era nossa, a chamada Guerra Colonial, que alguns sofreram na carne todas as agruras e alguns regressaram estropiados, afetados pelo que passaram e ainda sofrem os designados danos colaterais a que este Estado não dá resposta nem demonstra ter consideração de qualquer espécie por aqueles que por abnegação deram os seus melhores anos de vida à designada Pátria, entidade abstrata, que em sede de juramento de bandeira assumiram defendê-la com a própria vida. Deixo aqui uma interrogação que Pátria juraram defender esta em que vivemos ou aqueles em que os detentores do capital teimam em cometer as maiores barbáries económicas e sociais?
Não queria deixar aqui escrito aqui neste meu humilde texto a todos os que ousaram sonhar em mudar o País e que por outros pretextos se viram impedidos de o fazer e que foi o 25 de novembro de 1975. Talvez muitos de vós não saibam mas existem militares que se encontram vivos e que são testemunho das agruras por que passaram. Alguns foram expulsos das forças armadas, outros tiveram que abandonar o País para não serem presos e despromovidos ou passassem à reforma compulsiva, com reformas de miséria, outros ainda foram presos e tratados como presos de delito comum ou pior foram desonrados e alguns não foram simplesmente abatidos a tiro porque se souberam proteger.
Conheço uma situação de um militar de abril que depois de ter estado preso na Trafaria, foi enviado pra uma prisão na Madeira, com o intuito no percurso que o levava ao seu destino, ser pura e simplesmente abatido. Quem é que se lembra destes Homens, provavelmente nem conhecem estas situações, porque o regime instituído e resultante do 25 de novembro de 1975, se apressou a esconder e a não dar visibilidade a estas ocorrências, porque se o Povo soubesse que os que estivaram a seu lado, passaram por estas peripécias talvez tivesse tomado uma atitude que não aquela de aceitar que estava tudo bem, quando de facto não estava. Também queria deixar aqui uma palavra de apreço aos Homens com maior visibilidade no processo sonhador do 25 de abril de 1974, Melo Antunes, Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho, que sempre estiveram do lado que considero certo. Um esclarecimento devido a um Homem que muitos se apressaram a denegrir face à sua assunção da defesa dos interesses nacionais e dos mais pobres o General Vasco Lourenço, que para quem o conheceu era um Homem afável, amigo do seu amigo, de uma inteligência rara, simpatia, bonomia rara, que em conjunto com a sua mulher, assumiam todos os atributos que deveriam ter os nossos Governantes, Governar para o Povo e a bem da Pátria, sem qualquer tipo de interesse particular ou proveito próprio, dispensando mordomias, este sim foi um dos portadores do verdadeiro sonho do 25 de abril de 1974, que muitos ofenderam e maltrataram, sem que nunca se interrogassem se estava a proceder em consciência ou se estava a reagir por aquilo que lhes era incutido através de manipulação psicológica.
Um reparo, outros Homens existem que não fiz menção mas creiam que não o faço por não ter respeito por vós, mas apenas regras de edição do texto que agora escrevo o impedem de fazer, porque creio que a vossa história será contada um dia.
Sem me ter perdido no objetivo deste meu texto retomo o motivo que me levou a escrevê-lo e que é nunca mais se fiquem pela figura do voto útil. Esta atitude é u embuste para as nossas consciências e é um meio que quem manipula os interesses do País se serve para denegrir ou criar imagens erradas das pessoas que nos querem Governar à séria ou nos pretendem afastar daquilo que pensamos e entendemos que é o que queremos para o nosso País.
A capacidade de sonhar ainda é um atributo dos Homens, e como diz o poeta “quando o Homem sonha o Mundo pula e avança como uma bola colorida nas mãos de uma criança…” e não parem de sonhar porque se o fizeram estão mortos, ou de uma forma mais violenta, morreram, não têm vontade própria reagem a estímulos ou são fantoches facilmente manipuláveis pelos incompetentes que à viva força querem chegar ao Poder não para cuidar e desenvolver o País em prol do desenvolvimento, mas sim no sentido de encherem os seus bolsos e dos mandantes que os apoiam.
Termino fazendo uma comparação do que se está a passar nas eleições para a Presidência da República Francesa, qual é a diferença entre votar na senhora Le Pen e no outro candidato Macron, nenhuma escrevo-vos eu, em nenhum deles o Povo Francês deveria votar, porque ambos não querem resolver os problemas da Nação Francesa apenas a soldo de interesses particulares querem assumir o poder para colocar em prática medidas que não vão de encontro às necessidades do Povo e da Nação Francesa, são farinha do mesmo saco, como nós dizemos por cá.
Eu por mim nunca mais votarei de forma útil, útil para quem?
Fica a interrogação.
D’ora avante votarei sempre de acordo com o que penso que é melhor para a sociedade portuguesa onde me incluo, mas sempre na defesa dos mais desfavorecidos, de quem trabalho e no acho que seja a melhor maneira de desenvolver o País, sei o que quero para o meu País e para quem cá vive não necessito que ninguém me diga o que é que é melhor ou pior para o nosso País, obviamente que não ficarei estanque na minha redoma ou posição, estarei sempre disponível a falar dialogar com quem perfilhe os mesmos princípios, com o resto da gentalha que apenas pretende poder a qualquer preço, não contém comigo.
Henrique Pratas
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