BANDALHEIRA
31-03-2017 - Henrique Pratas
É um substantivo feminino que pode significar, ato ou modos de bandalho; ausência de dignidade; bandalha ou negócio ilícito; roubalheira, imoralidade.
Já agora bandalho é um indivíduo maltrapilho; esfarrapado, ou indivíduo sem dignidade nem brio; desprezível, patife.
Tendo em consideração mencionada anteriormente, vou-me debruçar mais sobre a última definição com particular incidência sobre o individuo sem dignidade nem brio; desprezível, patife, porque se analisarem bem a nossa sociedade é o que encontramos com mais frequência e pairam por tudo quanto é sítio.
Como referi é com muita frequência que encontramos personagens destas que não interessam a ninguém, mas são estes mesmos que ocupam lugares de destaque, na politica e na Administração Pública, porque são os habilidosos do sistema e fazem-se passar por ingénuos, meninos (as) de bem, ou muitas das vezes como “santinhos”, que destes predicados enunciados nada têm, alguns juntam a incompetência ao mais vil comportamento social e fazem-se passar por aquilo que não são. Para cima comportam-se como cãezinhos amestrados e dizem que sim a tudo para quem depende deles tratam as pessoas com a maior desfaçatez e a maior das más criações e prepotências, são assim os medíocres. O escritor António Lobo Antunes na atribuição de prémios da Sociedade Portuguesa de Autores, ao receber o Prémio Vida e Obra, na alocução que fez no passado dia 15 de março, referiu-se a esta situação e passo a citar,” todos os meus amigos e colegas de turma tiravam Muito Bons e os pais compensavam-nos por isso, ele sempre esperou que isso lhe acontecesse a ele que era um aluno mediano e num célebre dia em que tirou um Muito Bom apressou-se a mostrar ao pai o resultado do teste, na expectativa de receber alguma coisa em troca. O pai volta-se para ele e à questão colocada então pai não me dá nada, dou quando tirares bestial”, são assim as famílias que têm alguma coisa de consistência, os filhos não se compram, que é coisa que alguns pais não entenderam. Não me estou a desviar do tema deste texto, não senhor estou só a ilustrar como se comportam as famílias normais, se é que as podemos tratar assim, porque definir o normal e o anormal não é tarefa fácil e levar-nos-ia a escrever muitas páginas.
Mas voltando ao nosso tema, a bandalheira, é o estado a que o nosso país chegou, ninguém se entende os médicos não se dão com os enfermeiros e vice-versa, os advogados e os juízes, apesar de exercerem funções diferentes, fazem a aplicação da Lei segundo critérios que a maior parte de nós se questiona, porque em situações semelhantes uns decidem de uma maneira e outros decidem de uma outra completamente diferente, os engenheiros não têm obras, os arquitetos não concebem nada que dê ao País uma harmonia em termos de construção, os professores em particular os do ensino básico não têm os mais elementares meios para formarem as nossas crianças, porque em meu entender é nesta fase que se criam hábitos de trabalho, de saber estar, do exercício de cidadania se não se aprende nesta fase nunca mais vão aprender e os resultados são visíveis a avaliar pelos alarves que cometem já numa fase de juventude as maiores cavalidades e saem sempre impunes dos atos que praticam, estamos a criar seres desumanos, não encontra a palavra certa para definir o que estamos a criar, pessoas não são de certeza o que serão não lhes consigo escrever numa palavra só mas são coisas muito estranhas que pelo andar da carruagem mais uns anos e não sabem falar ou interagir com os restantes cidadãos, são uns selvagens que emitem uns grunhos, que aqueles que forem vivos não vão entender. É certo que estou a generalizar, não vão ser todos assim, mas a maior parte não tenham dúvidas que vão ser como lhes escrevi.
Culpados, somos nós que lhes colocámos à disposição todos os meios tecnológicos que vão saindo e que não tivemos, ou ousámos contrariar esta tendência, alguns de nós não se estiveram para chatear, outros não tiveram tempo e outros ainda não quiseram, logo o futuro desta sociedade não será brilhante.
A bandalheira é para mim também uma falta de bons costumes e o que é que isto abrange.
Abrange a competência, o profissionalismo, a ética, a solidariedade, a fraternidade, a igualdade de oportunidades e o civismo. Pensarão, são muitos atributos para uma pessoa só, não são basta que pensamos o que somos e como nos comportamos e termos em conta que existem outras cidadãos que partilham o mesmo espaço do que nós e que temos que os respeitar se queremos ser respeitados. No que diz respeito ao profissionalismo, entendo que que não devemos fazer nada sem que o façamos de forma digna e consciente dos atos que estamos a praticar e não nos podemos refugiar em falta de meios para que o exercício das nossas funções não seja compatível com aquilo que entendemos ser o mais correto e melhor para o bem-estar dos cidadãos. Há convém aqui lembrar que o dinheiro não é tudo na vida, se fazemos alguma coisa por dinheiro, estamos a sobrepor a nosso profissionalismo e as nossas competências a uma outra coisa que é o vil metal e aqui já estamos a entrar no campo da prostituição, que é uma coisa que eu entendo que os cidadãos ditos normais não devem praticar, independentemente de ter o máximo respeito pelas raparigas/mulheres que se dedicam a esta atividade como meio de subsistência, porque a sociedade não lhes dá ou não lhes cria outras alternativas.
No que concerne à bandalheira a que chegámos penso que a ilustrei de forma clara, deixo à vossa imaginação e vivência prática a deteção de outras situações com que nos deparamos nesta maldita sociedade.
Henrique Pratas
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