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A MINHA EUROPA

31-03-2017 - Pedro Barroso

A minha Europa será sempre...europeia. É a da resistência que me acolheu e onde me abriguei em dias difíceis. Onde li os livros que não podia, e senti a liberdade que não havia. O Lincolnshire dos verdes pastos, onde colhi milhas de batatas para viver, em Brigg que ninguém sabe onde fica, mas eu sei, vivi lá. E a velha Paris dos anos 70, onde abracei amigos, frequentei a Joie de Lire e aprendi o gosto da modernidade e do Futuro! 

A minha velha Europa deliciou-me na progressista Amsterdam; mora nos palácios do Vale do Loire e nos castelos cátaros. Nas neves de Chamonix e Andorra e nos sotaques livres da velha Ireland e Scotland. Corri as ilhas de Estocolmo, encantei-me no parque de Skansen; amei o bairro das comidas em Bruxelas, onde me saciei com frites e mayonnaise, à falta de recursos para mais. 

Corri noite e dia as ramblas de Barcelona onde me espantei com tudo; gentes, movida, comidas e artistas de rua. Gostei do velho porto de Dubrovnik, onde cantei. Amei a liberdade, quando ela não existia, em Rostock na ex RDA e senti as lagrimas de angústia da búlgara Barbara, que me confessou o desespero da perda do marido para a nomenklatura. De caminho, almocei em Praga com a minha Karolinka, premio/escultura de mulher que ganhara na Alemanha. 

Sou amigo da Marilyn, uma polaca que vive aqui bem ao lado, na Salema. Roma esmaga pela história em todo o lado. Até cansa. Prefiro os Dolomitas. Monte Carlo, pelo cosmopolitismo endinheirado, O Luxemburgo, pela lindíssima floresta nos tons de outono. E o Guy Schons em palco até imita sons de floresta nas canções. Actuei com ele. 

Ah actuei no Bataclan, imaginem o que sofri quando soube daquela noite!

A Europa é a minha pátria, corre-me nas veias de uma vida inteira. Aprendi e julguei ser o meu território comum; para mim e para os meus descendentes. Sou profundamente europeu. 

Sou álgebro-analfabeto, não sei fazer uma conta; mas compenso talvez, falando correntemente o italiano o alemão o inglês o francês o castelhano e o meu adorado português. Arranho bem o minderico, já agora. Seria mais que suficiente para me sentir em casa neste espaço. 

Tudo podia ser belo e colaborante, como um sonho de elevação, nobreza, historia e entendimento. 

E nós, se calhar, velho país, contribuindo com sardinhas assadas, simpatia, sol, praia, belezas naturais, locais de sonho e seculos de historia plena espalhada pelo planeta.

Pois. Mas os barões-tecnocratas e políticos profissionais que invadiram os estaleiros do tacho em Strasbourg e Bruxelas estão a acabar c esse sentimento fraterno, essa vivência de cidadania livre e circulante, essa memória e esse futuro...

Criaram uma dicotomia norte-sul, um insulto, uma desconfiança permanente, uma sobranceria negocial. Como se não houvesse dívida a norte, centro e sul deste planeta endividado e farisaico nos poderes e interesses! 

E assim não há palavras para o que podia ser um sonho lindo... E se está a tornar um espaço de insultos, divergências sórdidas e acusações, um descalabro politico...uma merda!

Pedro Barroso

 

 

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