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Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Vamos fazer de conta que somos um país

10-03-2017 - Francisco Pereira

Portugal, esta gloriosa aglomeração de amebas e outros vermes sem espinha, verá daqui a meros cento e trinta anos cumprir a sua provecta milenar existência, se ainda existirmos, falo do país claro está, pois eu já não estarei cá para ver essa grande estúrdia, será um dos grandes milagres e mistérios da natureza, prova de que se calhar nós estamos certos, não precisando portanto de copiar ninguém.

Enquanto não chega essa milenar comemoração, falemos do estado a que nós chegámos. Andamos próximos da barbárie, arrastamo-nos lentamente, como bons vermes, pelo lodo que a nossa gosma cria. Em Portugal, quase tudo é faz de conta, quase tudo é encenação, Carrol, que se chamava Charles Lutwidge Dodgson, e Kafka, ficariam deliciados com a realidade portuguesa, que ultrapassa tudo aquilo que as suas mentes alucinadas criaram respectivamente em “Alice no país das maravilhas” e no “Processo”.

Portugal é um país de comissões, que mais não fazem do que dar ar à boca, cheias de gente muito importante, presunção dos próprios, só doutores, aliás, qualquer medíocre que tenha uma licenciatura neste país é doutor, alguns até sem a terem o são, naquilo que é a epitome da prodigalidade do faz de conta nacional, estas comissões do faz de conta, assim atulhadas de gente muito importante, decidem sobre coisas sem importância nenhuma.

O país possuem também muitas distinções, condecorações, prémios e comendas, distribuídas a esmo entre farsolas e farsantes, como convém, para fazer de conta que premiamos o melhor, quando o mais das vezes se premeia a fina-flor do lixo nacional.

A Justiça faz de conta que é para todos, mas não é, em Portugal, presos e penhorados, só os pobres, aos outros arranjam uma comissão para estudar o caso, mais umas adendas, junto como umas leis aprovadas a propósito e pronto, tudo devidamente caldeirado com muita pompa, muito senhor”doutor” emproado de ar grave, pronto a servir, chamaremos a isto Justiça “à lá carte”.

A Saúde, faz de conta que é para todos, os pobres gramam com esperas intermináveis em centros de saúde e hospitais, poupadinhos que não se pode gastar muito, lá vão morrendo aqui e além com um ou outro percalço, aos outros, a malta da máfia do poder, tem clínicas caras dos amigos.

Nas escolas fazem de conta que ensinam, por entre turbas de fedelhos ranhosos mal educados, de país canhestros que deveriam ter sido castrados para não produzirem o lixo humano que produzem, todos umas verdadeiras bestas, soçobram os professores, alguns, muitos, não valendo o ar que respiram, ainda assim arrastam-se por ali entre reuniões infindáveis e burocracias absurdas, faz de conta que é Educação.

Quanto ao resto é ver, andam tudo ao contrário, tudo em faz e conta, condimentado com muita burocracia interminável, onde agora pontuam os famigerados “erros informáticos”, como se por obra e graça do espírito, as máquinas tivessem consciência.

Este conto de faz de conta, anda por conseguinte há quase mil anos a fingir que é um país, pior, andamos à quase mil anos a intrujar outros que pensam que nos somos um país de verdade, agora das duas três, ou nós somos mesmo muito bons a intrujar, ou os outros são uns pacóvios completos.

Francisco Pereira

 

 

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