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O FADO DO PRECÁRIO

10-02-2017 - Francisco Pereira

De há uns meses para cá as carpideiras do costume, vomitam lágrimas sobre os precários, digo vomitam, porque vindo das lesmas politiqueiras de quem vêm esses lamentos não passam disso, de vómitos.

Há uns tempos era o chefe de uma das pandilhas sindicaleiras afecta a um partido dito de esquerda, que reverbera contra os precários explorados pelas empresas privadas sem escrúpulos, que usam a precariedade como arma económica, infelizmente o pobre patético ser, desconhecia que pior que o sector privado só o sector Estado, que há décadas usa e abusa do trabalho precário.

Esta semana que passou finalmente saiu um relatório sobre a precariedade no sector público, surpresa das surpresas, a senhora secretária de estado, não sabe o que é um precário, acredito que o resto da tralha também não saiba, felizes os ignorantes.

Mesmo sem saber o que são precários, ou andando em busca de uma definição que caiba nos objectivos, leia-se, salvar os amigos do partido, a senhora secretária de estado lá foi dizendo que os precários das autarquias estão fora do barco, interessante que neste caso já se têm a certeza de quem são os precários, curiosamente é nas autarquias que existem menos precários isto fazendo fé no tal relatório, o que facilitaria o ingresso de alguns nos quadros municipais, pois parece que não.

Em Portugal, o que não faltam são pessoas que vivem na precariedade, estou pessoalmente capacitado para desenvolver sobre o tema, desde 1988, que sou precário, nunca ganhei mil Euros, vivo ou antes sobrevivo por entre recibos verdes, pago tudo e mais alguma coisa, este é o retrato do precário, caso a senhora secretária de estado não saiba, vou dar-lhe uma breve descrição.

O Precário, vive de favores, vive sem direitos, explorado pela Esquerda e igualmente pela Direita, o único direito que lhe assiste parece ser o de pagar tudo e mais alguma coisa, conforme confirma o relatório, a administração pública, central e local, vivem muito à conta do esforço dos precários, dos recibos verdes, dessa grande massa de deserdados do sistema, que vai desempenhando todas as funções e mais algumas, por ordenados de miséria, miserável é o país que deserda os seus melhores, um país que coloca gente formada, cheia de competências a ser chefiada por mentecaptos quase analfabetos, desempenhando tarefas miseráveis em vãos de escada e marquises por esse país fora, um país miserável que a uns obrigou a emigrar e a outros coloca em condições de semi escravatura.

O Precário vive sempre sobre a chantagem, vive angustiado sem saber se terá emprego no mês seguinte, vive em sobressalto e não consegue ter verdadeiro descanso, o Precário é o pobre diabo, que faz tudo, vítima da inveja alheia, porque tem trabalho, este país chegou a um ponto onde até um trabalho miserável e mal pago ser motivo de inveja.

Senhora secretária de estado, notem que tenho redigido “estado” com letra pequena porque isto que temos não tem dignidade para maiúscula, os precários são uma grande massa de trabalhadores sem direitos, são gente destruída, magoada, amargurada e sobretudo cansada, que garantem os serviços deste miserável país, alguns como eu levam décadas disto, alguns como eu estão fartos de conversa medíocre de politiqueiros asquerosos e dos seus partidos políticos, que almejam tão somente encher os bolsos.

Pessoalmente, não tenho expectativas sobre nada que um político diga que vai fazer, são todos absolutamente miseráveis, se algum há por aí que pontue pela diferença, peço desculpa por generalizar.

Um Precário

Francisco Pereira

 

 

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