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União Europeia: Reforma ou Declínio

03-02-2017 - João Ferreira do Amaral

João Ferreira do Amaral defende que Portugal deve ter uma posição de força na defesa dos interesses dos portugueses. Bastaram mais umas afirmações descabeladas de Trump sobre o Brexit e a Europa para os ministros dos negócios estrangeiros de Alemanha e da França se porem em bicos de pés e apelarem dramaticamente à união entre os estados europeus para responderem a Trump.

Tudo isto soa a falso.

Por um lado, toda a gente percebe que nunca haverá qualquer possibilidade de criar um ”inimigo americano” da União Europeia. A debilidade da capacidade de defesa da Europa, aumentada, ainda pelo Brexit, impede qualquer tomada de posição real contra os EUA. Mais: a existir essa tentação (totalmente absurda) por parte de países como a Alemanha ou a França seguir-se-ia imediatamente o fim da União quanto mais não fosse por saída dos países do leste do continente.

Por outro lado, todos sabemos também o que significam os apelos à união dos estados europeus. Significam nada mais do que a tentativa de anular o impacte das justíssimas críticas que se fazem ao modo de funcionamento da União em particular à sua centralização de poder em benefício da Alemanha.

Manter o status quo com o pretexto Trump e, se possível, aproveitar o Brexit para aprofundar o poder da Alemanha e do seu acólito menor, a França, sobre a União é a real intenção destes pouco convincentes apelos. Como aliás se tornará muto claro quando, dentro de pouco tempo, se conhecerem as propostas de mudanças da União que serão apresentadas a propósito da comemoração dos 60 anos do Tratado de Roma. Vamos provavelmente enfrentar novas propostas de avanços em larga escala do centralismo e de aumento de poder do directório (a um ou a um e meio, como se queira) criado pelo Tratado de Lisboa.

Porque se os apelos à união fossem sinceros então teríamos já hoje uma mudança drástica das políticas comunitárias entre outros nos domínios económicos e financeiros. O que – não tenhamos ilusões – não sucederá.

Os tempos de incerteza económica que aí vêm, são os de uma globalização que se esqueceu de ser justa, de uma América a quem o destino da Europa só interessa na medida em que esse destino sirva o atual presidente e os seus insondáveis desígnios geo-políticos, e de uma Rússia que não perdoa à Europa o alargamento a leste com a inclusão na União Europeia e na NATO de países que sempre viu como estando naturalmente na sua esfera de influência e quer vingança.

Como se tudo isto não bastasse, os efeitos desta tempestade apanharão a Europa mais debilitada desde o fim da segunda guerra mundial.

Uma Europa economicamente anémica, que vendeu os seus princípios e ainda pagou 6 mil milhões de euros para que um ditador lhe gira à distância, uma espécie de campo de refugiados em outsourcing, a braços com uma crise de natalidade geracional consumida pelas suas próprias pulsões populistas e que dificilmente se poderá afirmar como uma potência militar mundial se lhe faltar o apoio dos Estados Unidos.

Reformar ou não a Europa deixou ser questão de conforto ou progresso. Passou a ser questão de sobrevivência.

Editado por Paulo Pereira

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