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As medalhas e os políticos

07-03-2014 - Humberto Neves

Tenho afirmado variadas vezes que um dos problemas deste país foi (e é) ter sido governado por demasiados políticos e por um reduzidíssimo (para não dizer nulo) número de estadistas. Qual a diferença, perguntam os leitores. Alcide de Gasperi, fundador do Partido Democrata Cristão italiano, ex-primeiro-ministro daquele país entre 1945 e 1953 e um dos criadores da União Europeia, explica-a de uma forma bastante simples. Para ele, um político pensa nas próximas eleições enquanto um estadista pensa nas próximas gerações!

Esta tendência que existe para se agir de acordo com aquilo que, no curto prazo, trará vantagens eleitorais a quem está no poder, não se aplica apenas a decisões de cariz económico. Nestas, os exemplos são por demais evidentes: obras públicas de duvidosa necessidade/utilidade e cujas inaugurações coincidem em períodos pré-eleitorais, aumentos salariais e reduções de impostos quando os ciclos económicos exigiam o oposto, cedências a pressões de lobbies. No entanto, outras há que não se incluem neste rol e que, apesar de não serem consideradas falhas de governo, são claros exemplos de como a classe política pode ser pressionável pela opinião pública.

Atente-se ao caso Eusébio/Panteão. Logo após a morte do “Pantera Negra”, adeptos do seu clube (e não só) exigiam que o corpo fosse trasladado para o Panteão Nacional. E a isso muito ajudou as cerimónias e o cortejo fúnebre. Logo, nessa mesma semana, todos os líderes parlamentares, do CDS-PP ao BE, debateram a possibilidade de Eusébio vir a integrar o Panteão, numa clara evidência de cedência à pressão popular.

Numa escala inferior, também a nível local se nota essa cedência à vontade do povo. Isso ficou bem patente com a deliberação do executivo municipal do passado dia 3 de Março, em atribuir medalhas de mérito desportivo (ouro e prata) a várias individualidades. Depois de já ter aprovado a distinção a outras pessoas, vários comentários nas redes sociais insurgiram-se contra o facto de outros não terem sido agraciados pelos seus feitos desportivos, razão pela qual o poder político local resolveu, agora, conceder também a estes as medalhas de mérito desportivo.

Não é objectivo questionar o mérito daqueles que, a nível europeu e mundial, engradeceram o nome de Almeirim. Os seus feitos são inquestionáveis! Questionável é, sim, a forma como os políticos lidaram com este assunto. Não fizeram o seu trabalho de casa e acabaram por decidir sob a pressão daqueles que, com conhecimento de causa, fizeram sentir, e bem, a sua indignação.

Humberto Neves

 

 

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