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O dealbar da ignorância

06-01-2017 - Francisco Pereira

Um novo ano desponta, mas os velhos problemas persistem. Um dos males maiores deste nosso novo, mas igualmente velho, ano é a ignorância. É um paradigma destes tempos «modernaços», que a informação e o conhecimento jorrem literalmente em cima do cocuruto dos pobres patetas terráqueos, sem aparente préstimo, tendo em conta que nunca houve tanta facilidade em partilhar o saber nem tanto conhecimento, mas no entanto esse manancial parece incapaz de obstar à Ignorância, que parece ser cada vez mais.

Veja-se o caso de alguns dos líderes de países poderosos, uns ignorantes parolos, uns valdevinos egocêntricos e pacóvios, que apesar disso merecem o crédito de gente acreditada como inteligente até culta. Milhões de seres pelo Mundo fora, não têm acesso à Educação mais básica, perpetua-se o rumor, o boato a crendice e as religiões como pontos de elevação do ser.

Pobre Mundo este, pobre de espírito, ignorante. Veja-se a qualidade média do político português, senhores que são de um miserabilismo intelectual atroz, somos regidos por anões intelectuais, por safardanas ignorantes, que as mais das vezes nem duas frases articulam com o cuidado que merece esta velha língua, velha de quinhentos anos, estraçalhada por acordos ortográficos concebidos por mentes torpes e mentecaptas.

Está aberta a aurora do «nescit homo», o Homem pleno na sua ignorância, capaz do pior, incapaz de aprender com a sua própria história, reduzido cada vez mais à essência básica, dependente de máquinas, incapaz de se opor intelectualmente à mais pequena das questões, desapossado da capacidade de pensar por si, de ler, de cultivar o saber e de lhe dar valor.

É absolutamente incrível que num tempo de tanto, de tão importante conhecimento e do muito saber, essa riqueza seja desbaratada. Chamaram à Idade Média o tempo das Trevas, erraram profundamente, pois nesse tempo o conhecimento por ser uma riqueza era ciosamente cuidado e alimentado, ao contrário daquilo que hoje se faz, vivemos pois o verdadeiro tempo das Trevas, escondidas sob o esplendor das luzes mediáticas que cobrem a realidade.

Assim ofuscados pelos “…deuses do néon que eles criaram…”, (frase da música Sounds of Silence), os patetas ignoram. Ignoram-se desde logo uns aos outros, perderam a capacidade de falar, de escrever, de expor ideias, ignoram o conhecimento, o saber, ignoram a verdadeira essência da humanidade que é partilhar.

Assim chegados ao verdadeiro tempo das Trevas, resta-nos a esperança de ver a ignorância perder a luta, não será fácil o combate. Há muito que os senhores do Mundo perceberam que a ignorância é um dos seus mais perfeitos e poderosos aliados, por isso o afã tão grande que tem sido colocado em perpetuar e promover a ignorância. Espero para bem da humanidade, pela qual já não nutro nenhuma fé, a ignorância não vença.

Saudemos então o dealbar desta era de ignorância, este novo tempo da boçalidade do destempero e da mediocridade, saudemo-nos na paz do senhor, porque felizes são os ignorantes que deles é o reino dos céus, que melhor apologia à burrice poderia haver senão esta quase beatificação da mansa estupidez?

Francisco Pereira

 

 

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