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E depois de Aleppo?

16-12-2016 - Leonídio Paulo Ferreira

A guerra na Síria está mais próxima do fim depois da tomada das zonas rebeldes da cidade de Aleppo pelo exército governamental? É tentador responder que sim, mas nada é menos certo. Por um lado, Assad mostra uma capacidade de tomar a iniciativa que surpreende para um presidente que já várias vezes foi dado como à beira da derrota; e em simultâneo, a chamada oposição moderada sofre um revés que a afasta de qualquer hipótese realista de triunfo final. Mas, por outro lado, a vitória governamental em Aleppo só foi possível dado o apoio de russos e iranianos, e o exército de Assad não tem capacidade para prosseguir por si só com uma reconquista definitiva das bolsas de território ainda sob controlo dos rebeldes; ao mesmo tempo, embora sofrendo uma derrota pesada na segunda maior cidade do país, os grupos rebeldes permanecem entrincheirados em várias regiões e nada dispostos a ceder.

No limite das suas capacidades ofensivas, Assad pode agora procurar assegurar o domínio da faixa costeira, de Damasco e de Aleppo. É tarefa alcançável, pois a zona junto ao Mediterrâneo é um bastião dos alauitas, a sua comunidade étnico-religiosa, enquanto Damasco como capital concentra um número esmagador de servidores do regime e a agora reconquistada Aleppo, tradicional centro económico, conta com a população sunita que, por ser próspera, mais tarde apoiou a revolta iniciada em 2011.

Quanto aos rebeldes ditos moderados, a acumulação de fracassos no terreno, somada ao fim da era Obama e à tomada de posse de Trump, quase de certeza significará uma redução dos apoios americanos e, desse modo, uma tentação de maior radicalização, tanto mais que o Estado Islâmico, que era suposto estarem a combater também, até conseguiu há dias retomar Palmira às tropas de Assad.

Em resumo: a guerra na Síria vai continuar. Assad necessita dos aliados estrangeiros para manter os ganhos territoriais. A oposição moderada está em recuo, assim como é provável que o próprio envolvimento americano esteja. A Rússia mostrou fazer a diferença, mas não tem meios para empurrar Assad para uma vitória definitiva. O Estado Islâmico, embora combatido por tudo e todos, não só volta a avançar como pode atrair outros combatentes rebeldes.

Fonte: DN

 

 

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