Desagrado do Chefe de Estado-Maior da Armada
16-12-2016 - Henrique Pratas
O Almirante Macieira Fragoso não esconde algum desagrado pela forma como o processo de substituição está a decorrer.
O chefe do Estado-Maior da Armada gostava de ter sido "avisado mais cedo" de que não seria reconduzido no cargo, para que a transição se fizesse com "mais serenidade".
"Não posso dizer que tenha sido surpreendido. Que gostaria de ter sido avisado mais cedo, isso posso dizê-lo", afirmou Macieira Fragoso, o mandato, iniciou-se em 9 de Dezembro de 2013.
Sem esconder algum desagrado pela forma como o processo de substituição está a decorrer, o chefe do Estado-Maior da Armada defendeu que teria sido "mais vantajoso" haver tranquilidade no processo de transição.
"Claro que é sempre vantajoso que estes processos se façam com mais tranquilidade para que a transição se faça com mais serenidade e também seria bom saber quem é o meu substituto com mais antecedência porque isso cria especulações, não é? Eu acho que é muito negativo para a Marinha, e julgo que para qualquer ramo das Forças Armadas, ver sistematicamente nos jornais notícias especulativas sobre quem vai ser, quem vai deixar de ser, o que se repercute de alguma maneira nas pessoas mas sobretudo nas instituições, o que não é nada vantajoso", afirmou.
O almirante que se segue
O Governo irá indicar o vice-almirante Silva Ribeiro, atual diretor-geral da Autoridade Marítima Nacional, para suceder a Macieira Fragoso.
O CEMA, que "foi avisado" de que não seria reconduzido no passado dia 22 de Novembro numa reunião no ministério da Defesa Nacional, disse que não recebeu a decisão com surpresa pelo facto de, em termos legais, a substituição ser sempre uma possibilidade, interpretando a decisão "do poder político" como "uma avaliação política em relação a uma situação que poderia ter outros desenvolvimentos".
Macieira Fragoso disse que nenhuma explicação foi avançada pelo Governo e que também desconhece os critérios mas frisou que nem teria que ser dada: "O poder político legítimo assume e não tem que ser dada uma explicação. Foi naturalmente uma ponderação feita. Os fatores tidos em conta, eu não sei quais são, mas foi certamente aquela que foi considerada a melhor".
Questionado sobre se espera que seja entregue à Marinha a chefia do Estado-Maior das Forças Armadas quando o general Pina Monteiro [Exército] terminar o mandato, em Fevereiro, Macieira Fragoso considerou "muito importante" o princípio da rotatividade dos ramos na chefia do EMGFA.
"Por muito isento que seja o CEMGFA, em relação aos outros ramos que não os seus de origem, têm a sua matriz. Eu se fosse CEMGFA não deixava de pensar como Marinha, como oficial de Marinha e portanto é muito vantajoso que haja essa rotatividade. Eu já estive num cargo conjunto, fui diretor do Instituto de Estudos Superiores Militares, atual Instituto Universitário Militar e senti essa importância de haver gente a pensar de forma um pouco diferente e que permita colorir o pensamento e as decisões de uma forma um bocadinho diferente", considerou.
Há três anos, segundo o princípio da rotatividade, a chefia do EMGFA deveria ter sido entregue à Marinha, mas o governo optou por escolher o general Pina Monteiro, oriundo do Exército.
O processo de designação dos chefes militares está regulado na Lei de Bases de Organização das Forças Armadas, prevendo que são nomeados pelo Presidente da República, sob proposta do Governo.
Os chefes do Estado-Maior dos ramos são nomeados por um período de três anos, prorrogável por dois anos, sem prejuízo da faculdade de exoneração a todo o tempo e da exoneração por limite de idade.
Convém lembrar que este homem foi Chefe da Casa Militar de Cavaco Silva no tempo em que este foi Primeiro-Ministro e passou a Chefe de Estado-Maior da Armada quando Cavaco chegou a Presidente da República, para quem afirma que os militares são apartidários e que juram defender a Nação, qual Nação, está à vista e devidamente confirmado que o que se afirma não corresponde à realidade.
Deveriam ser mas não são, é só olharem para quem foi chefe da casa militar de cada um dos Primeiros-Ministros que chegaram a Presidente da República e verem a ascensão nas carreiras que têm.
Precisa-se de transparência na nomeação destes cargos e de todos os outos de cariz público, a competência e o profissionalismo deve estar acima de outros interesses politico partidários, nós precisamos de pessoas competentes no exercício destes cargos e não de “meninos” que saem da faculdade sem experiência de espécie nenhuma a não ser a cunha ou a valente cunha, ética, conhecimento, profissionalismo, dedicação, experiência profissional são requisitos que deviam imperar em qualquer escolha de uma nomeação para o exercício de cargos públicos, se assim não for não saímos desta mediocridade. Os titulares de cargos públicos como do setor privado, devem ter como requisitos indispensáveis, experiência profissional, que se adquire exercendo funções noutros organismos ou organizações, capacidade de trabalho, visão a médio, longo prazo e capacidade de decidir, que saiba ser um líder, difícil encontrar este perfil, não se em termos Educacionais e Profissionais se orientaram as pessoas neste sentido escolhendo obviamente sem qualquer tipo de preconceito ou ideia pré-concebida, ou outros fatores aleatórios.
Henrique Pratas
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