Amigos já não há, conhecidos muitos.
11-11-2016 - Henrique Pratas
Vivemos num tempo em que já não há amigos na verdadeira aceção da palavra o que temos é conhecidos e esses são às carradas, só nos conhecem quando necessitam e quando estão bem nem a saudação nos dão e se os chamarmos à atenção para o facto respondem-nos, ah, ia distraído ou ia a pensar noutra coisa.
Portanto meus caros quem tiver amigos que os preserve e relativamente aos conhecidos tenham cuidado porque são os primeiros a entalá-los, pelo simples facto de não cultivarem a amizade, cultivam antes os seus interesses e fazem de tudo para andarem às cavalitas dos outros, temos que saber distinguir entre uma coisa e outra e estes últimos é mandá-los às malvas o mais rapidamente possível, porque não interessam a ninguém.
O amigo é aquele que está sempre presente mesmo não estando perto, é aquele que tem disponibilidade para ajudar o seu amigo e não só, normalmente tem sempre disponibilidade para ajudar os seus concidadãos a troco de nada, os conhecidos normalmente caracterizam-se por nunca estarem disponíveis e se porventura os conseguimos apanhar, arranjam logo mil afazeres para não perder tempo a falar connosco, e tem uma particularidade única que é esperar por uma solução ou uma dica vinda de alguém que o considera como amigo para fazer uso dela, como sendo uma ideia sua.
Para a maior parte de nós isto não é novidade, porque já temos alguns aninhos em cima de nós o que não quer dizer que não caiamos na esparrela, quando pensamos que já somos capazes de lidar com estas situações, em muitos casos sim mas noutros não, nem nunca estaremos porque a nossa educação maneira de estar, de ser é outra e ela já não vai mudar, por isso como vos escrevi anteriormente cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém e todas as precauções são poucas ou não suficientes para encarar o maior intrujão que nos apareça à frente. Alguns usam uma estratégia que passa por dizer bem de nós a toda a gente o pior é que quanto estão perante nós só nos prejudicam e tentem entalar.
Todas as características que vos elenquei são-vos familiares, já passaram por elas e como é que agiram, certamente não foi com a prudência devida, porque quem é bem formado nunca está à espera dos comportamentos descritos e isso acontece com os mais e menos novos, elas surgem donde menos se espera.
Vivemos como é conhecido uma situação no País que é indiscritível e em vez de as pessoas serem solidárias umas com as outras estão sempre à espera que o outro escorregue para o poder espezinhar ou ultrapassá-lo. Há ainda um outro tipo de personagem que é aquele que guarda tudo para si, porque pensa que poder é guardar só para si a informação que é colocada à disposição pelas organizações/empresas e o ridículo disto tudo é que alguns são nomeados como coordenadores de equipe e eu só entendo esta nomeação apenas com um intuito o de lhes darem mais dinheiro no final do mês, pois a maior parte deles não são sequer de partilhar aquilo que é susceptivel de ser partilhado, nem sequer são capazes de ter uma conversa vulgar ou corrente como queiram e são escolhidos para serem chefes de equipe, dá vontade de rir mas é verdade isto acontece na maior parte dos organismos públicos e não é tão raro quanto isso.
Concluindo temos coordenadores que não coordenam, porque não têm aptidões para o efeito e toda uma estrutura organizativa assenta o seu funcionamento no obscuro e não na transparência, como seria desejável, admiram-se que apareçam figuras de proa informando que tem estas e aquelas habilitações literárias, quando se vai ver é tudo mentira, esta é uma prática corrente que tem vindo a ganhar dimensão porque as pessoas querem exercer cargos para os quais não reúnem o mínimo de competências, nem de conhecimentos, nem de nada, o que querem é o dinheirinho no final do mês e mexer em algumas influências para que certos negócios lhe ponham uma quantia considerável nos bolsos. São estes os tempos que vivemos, podemos não concordar com eles mas são os da geração entre os 28 e 40 anos querem, porque tiraram cursos superiores sabe-se lá onde, a maior deles em Universidades Privadas pouco idóneas, onde se compram cursos e não se aprende, aprendendo, trabalhando, suando as estopinhas.
Não nos podemos queixar, podemos sim constatar, mas queixar não porque fomos nós que permitimos estas aleivosias todas e mais alguma. Primeiro os pais e mães começaram por pensar que os seus filhos tinham que ser Drs., ou Eng.º, sem que para isso tivessem o mínimo de aptidões para o efeito, quando poderiam ter maior apetência para os cursos profissionais. Mas este estigma já vem de trás os primeiros têm mais mérito que os segundos, isto não devia ser assim tanto mérito e consideração tem uns e outros, porque contribuem com os seus conhecimentos para a construção de uma sociedade melhor e com alguma organização. Mas parece-me que a preocupação prioritária não é esta e então temos o que temos.
Henrique Pratas
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