Duas perguntas
28-02-2014 - João Vasconcelos Costa
Muito se deseja a convergência da esquerda. Fazendo a vontade a grande número de pessoas que se sentem de esquerda, vou imaginar que PS, PCP e BE se sentaram à mesa e concordaram num programa mínimo, coisa que também toda a gente entende ser essencial para dar coerência à tal convergência.
Esse programa, entre outras coisas, diz:
“A. Os três partidos recusam a política austeritária que foi imposta pela troika e fielmente executada por este governo. Comprometem-se, num governo por eles constituído, com uma política de estímulo ao crescimento económico e ao aumento da procura interna, de criação de emprego, de fortalecimento do Estado social, de reposição dos rendimentos e reformas cortados pelo governo PSD-CDS.
B. Os três partidos estão conscientes que esta sua política de reparação dos danos causados pela austeridade exige recursos impossíveis de obter respeitando as metas que são impostas ao país pelo tratado orçamental e por uma dívida insustentável. Que a dívida, só para não se agravar, exige o cumprimento de parâmetros irrealistas, mesmo em termos dos cenários previstos pelo FMI.
C. Assim, os três partidos manifestam-se prontos a promover, imediatamente após a constituição do seu governo, negociações com o objectivo da reestruturação da dívida, nos seus prazos de maturidade, juros e montantes.”
Primeira pergunta: é razoável que o programa mínimo inclua obrigatoriamente, como o tal mínimo, estas propostas? Se não, qual a alternativa que igualmente garanta a coerência da política comum da esquerda?
Segunda pergunta: é razoável pensar-se que esta posição comum, de programa mínimo, venha a recolher a aprovação de todos os três partidos (inclua-se também o Livre, se quiserem)?
Voltar |