Ainda a propósito do vencimento do Presidente da CGD

28-10-2016 - Henrique Pratas

Não é com agrado que volto a esta questão mas o Ministro das Finanças falou em mediana dos vencimentos dos vencimentos auferidos pelos gestores da banca e um porta-voz do PS, para defender esta dama disse que era a média dos gestores da banca e meus caros leitores as duas coisas são completamente diferentes, por ter notado isso e porque acho que muitos de vocês deram por isso queria ver se era capaz de lhes explicar a diferença entre uma e outra.

Ora vamos lá ver, em estatística a média é o valor que aponta para onde mais se concentram os dados de uma distribuição. Pode ser considerada o ponto de equilíbrio das frequências.

Média é um valor significativo de uma lista de valores. Se todos os números da lista são os mesmos, então este número será a média dos valores. Caso contrário, um modo simples de representar os números da lista é escolher de forma aleatória algum número da lista. Contudo, a palavra 'média' é usualmente reservada para métodos mais sofisticados. Em último caso, a média é calculada através da combinação de valores de um conjunto de um modo específico e gerando um valor, a média do conjunto.

Se fosse a média dos vencimentos dos gestores bancários, esta resultaria da soma aritmética dos diferentes vencimentos, divido pelo número de vencimentos que somámos. Um exemplo, se eu tiver os seguintes valores: 100, 200, 150, 50 e 125 a média será 625, que é a soma dos valores a dividir por 5 que é o número de valores que tenho, se fizer essa operação tenho 125 e esta é a minha média dos valores que possuo.

Média aritmética é a forma mais simples de calcular uma média, mas existem outros métodos, como a mediana (usada quando a distribuição de valores é mal organizada, com grandes e pequenos valores, como valores de rendimento).

Mediana

O ministro das Finanças afirmou que o vencimento do Presidente da Caixa Feral de Depósitos era a mediana dos vencimentos auferidos pelos titulares de cargos semelhantes.

A mediana é uma medida de localização do centro da distribuição dos dados, definida do seguinte modo: Ordenados os elementos da amostra, a mediana é o valor (pertencente ou não à amostra) que a divide ao meio, isto é, 50% dos elementos da amostra são menores ou iguais à mediana e os outros 50% são maiores ou iguais à mediana

Para a sua determinação utiliza-se a seguinte regra, depois de ordenada a amostra de n elementos:

Se n é ímpar, a mediana é o elemento médio. Exemplo: 3; 5; 7; 9 e 11, neste caso a mediana era 7.

Se n é par, a mediana é a semissoma dos dois elementos médios. Exemplo: 3; 5; 7; 9; 11 e 13. O número dos elementos é par, são 6, logo a nossa mediana vai ser igual a (7+9) =16/2=8.

Estamos perante dois resultados diferentes por isso não é a mesma coisa dizer que é a média ou a mediana dos vencimentos auferidos pelos gestores da Banca, decidam-se ou é a média ou é a mediana, as duas coisas é que não pode ser.

Seria bom que quem faz estas explicações soubesse o que está a dizer, porque se não as pessoas não entendem, então um fala em média e outro em mediana, será que é a mesma coisa, claro que não é pelos exemplos simples que apresentei. Se se derem ao trabalho de somarem todos os vencimentos praticados no mercado, como é bom dizer, dos Presidentes dos Bancos existentes em Portugal, se conseguirem obter os dados e calcularem a média e a mediana, vão ver como os resultados são substancialmente diferentes porque as diferenças entre eles, poderão ser mais acentuadas o bastante para darem resultados completamente diferentes.

Par os que já sabiam peço desculpa pela maçada, mas como dei por duas pessoas do mesmo partido a dizerem coisas completamente diferentes, entendi que deveria esclarecer o que um disse e ao outro que lhe mandaram defender uma causa indefensável, disse, são estas e muitas mais as contradições do sistema, o que agora é verdade passado uns instantes já não é a mesma coisa. Fala-se tanto em rigor, mas só se utiliza a palavra porque o rigor para estes senhores varia consoante a pessoa que profere declarações e o rigor, como sabem não é isto.

Henrique Pratas

 Voltar