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SUICÍDIO

14-10-2016 - Henrique Pratas

Não podia deixar passar em claro a história de vida de uma portuguesa jovem, salvo erro com 36 anos que se apresentou ao programa do Canal 1 da RTP, Voice de Portugal, que passou no dia 09 de outubro de 2016 e que assumiu com uma frontalidade cheia de dignidade que já tinha tentado o suicídio, pois tinha vindo para Lisboa para orientar a sua vida e como não conseguiu, falou de uma coisa que acontece muito e poucos se atrevem a contar, o suicídio, disse-o clara e abertamente era a única saída que encontrou face às negações todas que lhe ocorreram na sua vinda para Lisboa com vista a ter melhor qualidade de vida.

Tenho muitas dúvidas em qualificar se este ato é um ato de coragem ou de fraqueza, mas sei que é muito difícil e entendo perfeitamente o que a levos a praticar tal ato, não encontrou saída para a sua vida, sentiu-se encurralada e sem alternativas e como é uma pessoa que independentemente de ter cantado, em meu entender muito bem e como muita gente nesta vida o não faz, a saída para a sua vida era a negação da mesma. Saliento que dirigiu palavras de apreço aos médicos a que a ajudaram a sair do buraco onde se tinha metido por vontade própria, eu próprio queria deixar aqui um elogio aos médicos que lidam com esta situação e que travam estas batalhas de dificuldade extrema com grande profissionalismo e que umas conseguem levar a bom termo o seu trabalho mas noutras não.

Quem se preocupa e é responsável pelo acontecimento em Portugal destas situações, não conheço nenhum politico digno desse nome ou quadro superior público na Administração Central e Local que assuma estas situações ou por falta de rendimentos, por falta de trabalho, por não ter qualquer tipo de oportunidade nesta sociedade uma vez que todas estão guardadas para serem distribuídos pela família dos políticos ou dos seus amigos mais próximos e que lhes possam vir a dar benefícios próprios, até as oportunidades são “geridas” de forma perfeitamente inqualificável e vergonhosa. Neste momento estamos num País onde as oportunidades só surgem para quem está relacionado com o aparelho politico e com os partidos do arco da governação, competências, conhecimento e saberes não interessam. Aqui às uns tempos uma Vogal de Instituto Público dizia-me que o curriculum que lhe tinham colocado nas mãos era muito simpático, peço imensa desculpa mas não percebi o que quis dizer e também achei que não valia a pena perguntar-lhe o que queria dizer com aquilo, um curriculum simpático, quer no mínimo significar que existem currículos antipáticos e em que medida, não percebo nem quero entender.

Mas voltando ao tema que me levou a escrever este texto, gostaria de deixar aqui muitas interrogações quantas pessoas já não tentaram a prática do ato que lhes descrevo e mais quantas não pensaram em cometê-lo e não o concretizaram, não lhes consigo dar razão por falta de coragem se é que a tomada desta atitude é um ato de coragem, não lhes consigo descrever, mas há uma coisa que consigo fazer, uma pessoa que pratica um ato destes vê-se perfeitamente encurralada e nestas alturas nem que se esteja rodeado de amigos, que nestas alturas em que uma pessoa está nesta situação desaparecem todos, a decisão é individual porque a pessoa sente-se completamente sozinha e procura, procura, dá voltas à cabeça durante dias e dias e dias e nem uma fugaz oportunidade lhe surge e aí ganha força a ideia que se interiorizou o suicídio.

Já viram alguém assumir responsabilidades políticas pelo acontecimento de tais atos, que decorrem de não tomada de medidas que proporcionem as condições mínimas de vida das pessoas e falam em igualdade de oportunidades, vêm dinheiros da Comissão Europeia para que esta igualdade se esbata e para que as regiões mais desprotegidas se desenvolvam e eu questiono onde é que ele vai parar se estes atos ainda continuam a acontecer.

Vivemos cada vez mais numa sociedade onde as desigualdades se acentuaram, os desprezo pelos mais velhos e mais novos é cada vez maior, a atenção fica apenas orientada para a cambada de políticos que nos têm desgovernado, suas famílias e pessoas das suas relações mais próximas, a promiscuidade é mais do que muita, a própria Igreja que devia estar do lado dos mais desfavorecidos está preocupada com os seus interesses e colocar os seus peões de brega em locais chave para a sua esfera de influência.

Isto, a meu ver, chegou a um nível tal que já não há decoro, respeito, nem decência ou qualquer réstia de valor, os profissionais da política são aquilo que sabemos, os candidatos a políticos passam pelas diferentes Universidades de Verão dos diferentes partidos políticos e é através deste processo veranil e prontos fica pronta mais uma formada de acólitos, de yes man, que carregam as pastas dos políticos seniores, sim porque é desta forma que se formam os candidatos a dirigentes deste País, da Administração Central ou Local. Quando é que estas inteligências interiorizam que a POLITICA é uma CIÊNCIA e que nem todos são capaz de a exercer e que os detentores de cargos públicos, não são possuidores desses mesmos cargos ad eternum, foram penas escolhidos para desempenhar os cargos por um período de tempo, não é para toda a vida.

Não gosto de ser Velho do Restelo, ou ave agoirenta, mas se os comportamentos, as atitudes e a forma de estar de quem nos desgoverna não saímos da cepa torta e a tendência é para se agravar as clivagens em Portugal, qualquer dia estaremos ao nível dos Países mais pobres e o que vai ficar para nós, para os nossos filhos, netos e gerações vindouras é podridão, promiscuidade, esquemas e mais esquemas, atividades marginais, enfim um País sem futuro.

Termino este texto voltando a questionar alguém se recorda de algum dos políticos da nossa praça terá assumido que contribuiu de alguma forma, nem que seja por omissão para as tentativas ou suicídios neste País. Eu não.

Henrique Pratas

 

 

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