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O Mérito da “Incompetência Ético-Política” aqui tão perto!

09-09-2016 - Eduardo Costa

No final da década de 60, quando os humanos chegaram à lua, foi publicado um livro chamado “O Princípio de Peter”. Nesse livro, o seu autor Laurence Peter mostrou que as organizações promovem pessoas até ao seu nível de incompetência. Isto parece assustador, mas não é.

Assustador é o “Princípio de Edu” (meu), que eu passo a apresentar em estreia total, baseado na minha experiência política recente, particularmente em Alpiarça. Mas antes de explicar o que é o Princípio de Edu, passo a explicar a sua versão mais soft que é o conhecido Princípio de Peter.

O Princípio de Peter diz que, sempre que alguém é competente numa função, passa ao nível hierárquico acima. Por exemplo, uma vendedora que ultrapassa sempre os seus objectivos de vendas, acaba por ser promovida a chefe de vendas. E se for competente como chefe de vendas, é promovida a directora comercial. E assim por diante.

Aquele(a) “alguém” pára de ser competente e de ser promovida , quando for uma directora comercial incompetente, então ou é despedida ou é posta numa prateleira dourada — um daqueles cargos onde se passa o dia no Facebook e onde a incompetência não aleija mais ninguém nessa organização.

Fazendo um paralelo com a política, poderemos imaginar (por exemplo) que um bom professor, poderá ser um regular/bom vereador da oposição, que poder-se-á transformar posteriormente, também legitimado pelo voto, num medíocre presidente de câmara.

Neste caso o que se deveria fazer? É fácil! Rejeitar a última promoção em que se passa de competente para incompetente. Simples?

Simples uma ova, porque isto não é nada assim. Nem vou comentar o pressuposto delicodoce e aconchegante de uma meritocracia que promove competência. Em vez disso, vou comentar o pressuposto, não menos fofinho, de que os incompetentes não se contentam a ver quem é melhor do que eles, a subir de degrau em degrau, enquanto eles ficam bem abrigadinhos no aconchego do vão-de-escada de um tacho qualquer (no patamar político, não é por acaso que quase nenhum presidente de câmara voltou à anterior profissão depois da política, por exemplo).

É que a maioria dos incompetentes são ambicioso e até têm as costas quentes, para treparem a escada do poder das suas organizações, civis e/ou políticas. E até mesmo saltando alguns degraus, porque isto de subir a palmo é para a carneirada fiel e para os incompetentes totós.

É promovida a pessoa de quem o “boss” mais gosta (ou que melhor “hipnotiza” o eleitorado) , porque as pessoas competentes são mais parecidas com fígado grelhado, do que com uma mousse de chocolate.

Há chefes (ou eleitores) que gostam delas, mas não são muitos. Especialmente quando essas pessoas dizem o que é preciso ser dito. Essas pessoas são como um fígado sem sal, fora do prazo e mal cozinhado, em especial em organismos autárquicos geridos por interesses partidários (na Câmara de Alpiarça um quadro informático teve recentemente um processo disciplinar, mandado instaurar pelo Presidente, por dizer verdades), ou ainda, em concelhias políticas locais e mesmo em movimentos políticos supostamente independentes…

Às vezes, parece que o que os chefes (e o eleitorado) apenas gostam, é de pessoas que lhes dizem que sim. Pessoas que sublinham as ideias do chefe a marcador fluorescente amarelo. Essas pessoas são parecidas com uma daquelas mousses de chocolate suculentas, que as tornam na sobremesa preferida e eleita, apesar do mal que fazem á saúde da democracia e das instituições.

Gostam de desfrutar e alimentar pequenas tiranias e intrigas que podem fazer aos outros, quando são elas a mandar ou não.  Mas aplaudem e baixam a cabeça com a insegurança de um adolescente e escondem a sua incompetência por trás de bonitos “Power Points” e de “Excels”, a milhas da necessária eficiência, perante os seus superiores ou alguém inteligente.

Sempre que uma pessoa destas é promovida (ou eleita para uma função de maior responsabilidade), devia sentir-se pior, porque é cada vez mais incompetente para a função que ocupa. Mas não é isso que acontece. O que acontece é que aumenta a ferocidade com que estes incompetentes ambiciosos lutam pela distinção que se segue. Isto não pára e o país que o diga!

Isto só pára quando os líderes das instituições são substituídos por alguém diferente (e na política?) , que se oponha à rede de relações a que pertencia quem mandava antes. Se um director geral que veio da área das vendas, for substituído por um director comercial que idolatrava a rede de incompetentes ambiciosos de que fazia parte, essa rede vai toda progredir… Só se o director geral for substituído por alguém que vem das operações e do marketing e que lutou contra as pessoas das vendas pelo poder na empresa, é que os incompetentes ambiciosos que estavam nas vendas correm perigo.

É que as organizações, mesmo as mais modernas, são muito parecidas com as dinastias monárquicas, porque os líderes são substituídos por pessoas que lhes são leais e que querem que fique tudo na mesma, mesmo que digam o contrário. Como as mudanças na liderança nas organizações não são frequentes,  há muitos incompetentes ambiciosos que são bem-sucedidos a trepar a escada do poder.

E isto leva-me a enunciar o Princípio do Edu: as pessoas incompetentes CONTINUAM a ser promovidas, até se quebrar a dinastia de poder nas organizações . Este princípio é mais assustador que o Princípio de Peter, porque mostra que as pessoas incompetentes não têm obstáculos nem limites no seu caminho para o topo das organizações.

 

Isto é trágico!  A escalada dos incompetentes ambiciosos, em especial os políticos, desencoraja as pessoas competentes e honestas. Ou pior. Transforma muitas pessoas competentes, em jogadores  silenciosos neste jogo que valoriza o pior do que há nas pessoas. E quem assim não for é simplesmente desacreditado, diplomaticamente afastado ou mesmo SANEADO (alguns políticos ou para-políticos de Alpiarça, aparentemente “muito democratas” sabem bem do que falo).

A terminar apenas direi que “… para bom entendedor, meia palavra basta!”

Eduardo Costa

 

 

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