NO PAÍS ONDE NADA ACONTECE
02-09-2016 - Henrique Pratas
Tenho uma vontade tremenda por começar este texto por era uma vez um País onde nada acontece, porque de facto é verdade nada acontece até que nos toca a nós.
Morrem pessoas por incúria médica, os assaltos sucedem-se, a violência doméstica aumenta, os maus tratos a menores são contínuos, mas os “inteligentes” quando falam sobre o estado do País, afirmam perentoriamente que está tudo bem de acordo com o previsto.
A primeira questão que queria abordar era se vos foi dado a conhecer o que é o previsto, o se este conceito é apenas conhecido num restrito meio de pessoas. Eu por mim não o conheço e se as situações que mencionei em primeiro lugar estavam nele incluídos, desde já vos quero dizer que não estou de acordo com o previsto, porque acho que as situações que referenciei e outras que não mencionei, não deviam de acontecer, tanta Comissão, tanto Instituto, enfim tantos organismos para combater tais atos e resultados práticos nenhuns, o que é que estes Organismos andam a fazer, esta é a pergunta que se me oferece, fazer como cidadão de plenos direitos.
Isto assim não pode continuar as pessoas que representam os diferentes organismos têm que ser responsabilizadas pelos atos que praticam ou por aquilo que não fazem chega de regabofe.
Não vos quero maçar com os casos que chegam à imprensa escrita e falada, mas vocês conhecem-nos, também sabem que na maior parte dos casos são abertos inquéritos e resultados desses inquéritos alguém os conhece? Estes ficam no segredo dos Deuses, não constituem noticia, por isso não são divulgados os resultados, porque em algumas das situações nada se fez e noutras as medidas decididas são perfeitamente descabidas e descontextualizadas da realidade social em que estamos inseridos.
Alguns que lerem este texto têm vontade de me perguntar, mas então o que é devemos fazer, não à solução para isto, a resposta não se faz esperar claro que há, é preciso é que a sociedade civil, isto é vocês se organizem em torno de uma vontade comum e participem ativamente na construção e resolução dos problemas de um País que é o vosso, não se podem acomodar, nem aceitar respostas normalizadas, como por exemplo o sistema não funciona, porque antes de existir sistema já as coisas eram feitas manualmente, mas eram.
A propósito disto conto-vos como é que está o caos no Centro Nacional de Pensões e Segurança Social, ontem tive conhecimento que uma senhora que o marido faleceu em janeiro do corrente ano ainda não recebeu nada, refiro-me a pensões e subsidio de funeral, falei com uma pessoa que conheço naqueles organismos para resolver a questão de imediato e a informação que aquele processo está com um funcionário que se encontra de férias, as pessoas que conheço ainda lhe ligaram porque sabem o número de contato dele e a resposta não se fez esperar só pego nisso quando chegar de férias, mas quando chegar é dos primeiros processos que vai tratar e isto funciona assim, ninguém se preocupa se as pessoas têm dinheiro para comer ou não e quem não conhece ninguém os processos não andam ficam no fundo das secretárias. Revoltados, admirados, também eu fiquei é assim que a generalidade das pessoas são tratadas neste País onde tudo acontece mas é como se nada acontecesse, está tudo dentro da legalidade democrática. Este Governo ainda não tomou conhecimento do tamanho do buraco que o anterior Governo criou e mais ainda não assumiu a gestão de organismos chave na gestão do País e acontece o que não deveria acontecer, como as nomeações são politicas, quem se mantém em exercício de funções ligado ao anterior Governo está a criar “novelos”, que quando o atual Governo, assumir essas “dores” se é que as chega a assumir, vai-se ver grego para as resolver e como é hábito neste País onde nada acontece, vai ficar tudo na mesma, porque não é politicamente correto fazer mexidas de fundo e a Paz podre irá continuar porque os interesses individuais se sobrepõem aos interesses coletivos.
Vivemos num País onde nada acontece e como costumo dizer até existiu uma Guerra que não foi cá, foi muito longe daqui e foi apenas para alguns, que não lhes é reconhecido o devido valor, a não ser que o Presidente da República que anda numa de condecorações, se lembra e faça a homenagem devida a quem esteve na Guerra Colonial e já agora se não é pedir muito façam a verdadeira história da Guerra Colonial e não fiquemos apenas pela versão oficial da mesma. Os militares aqui têm uma responsabilidade acrescida porque juraram defender o País, a Nação, será que estes conceitos são abstratos e não são reais, se o fizeram têm que o praticar é o que se espera deles independentemente do seu credo ou religião, porque Pátria, que eu saiba só existe uma, aquela onde como alguns afirmam, nada acontece, como estão enganados ou será apenas que nos querem “vender” a ideia de uma falsa realidade.
A situação do País é grave, pior do que nós possamos imaginar, isto vai rebentar a qualquer momento, espero, com uma certa curiosidade, para ver como é que vão aguentar a “pancada”, de um País onde nada acontece.
Henrique Pratas
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