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DE ESPANHA NEM BOM VENTO NEM BOM CASAMENTO_2

01-07-2016 - Henrique Pratas

Dando continuidade ao meu texto com este título de 15 de junho do corrente ano e após mais um resultado eleitoral não aceitável em Espanha, retomo o que escrevi no texto inicial e dada a minha presença no território em causa uma semana antes do términus da campanha eleitoral, gostaria de partilhar convosco algumas ideias que retive e que podem justificar a intenção de votos dos espanhóis.

Se se recordarem do texto anterior eu galei-lhes em casos de corrupção, Justiça que não funciona, favorecimentos, funcionamento deficiente das Instituições, em suma safa-se quem comete mais desrespeitos pelo normativa pelo qual se deveria reger a Governação de um País, do que se procede em conformidade com o que se encontra consagrado, ou legislado, na minha opinião parece que voltaram ao tempo dos bárbaros, os detentores do capital, burocratas, políticos podem fazer o que lhes aprouver porque estão incólumes a tudo e todos.

Concretizo um “empresário” decidiu por em funcionamento uma pedreira, para isso não olhou nem a meios nem a custos, decidiu está decidido, fez o que muito bem lhe apeteceu e não deu conhecimento a ninguém porque os processos de licenciamento e de funcionamento foram todos “comprados”, com o dinheiro que se autofinanciam através de pagamentos tardios aos trabalhadores que conforme lhes escrevi recebem a 90 dias na melhor das hipóteses e têm que estar sossegados e não fazer ondas para que um trabalhinho lhe possa vir parar de novo às mãos.

Estive metido de um País com uma dimensão enorme e perfeitamente irreconhecível, quem viu Espanha e quem a vê, isto não significa saudosismo bacôco, mas sim a constatação de uma realidade. Numa Espanha fortemente industrializada, com os setores da agricultura e pesca perfeitamente desenvolvidos assistimos agora um sentimento de estarmos numa terra de ninguém onde os terrenos produtivos dar lugar a baldios sem qualquer espécie de cultivo, a parques industriais perfeitamente abandonados, apenas com a estrutura de betão em pé, ao sol e às intempéries, que nos faz lembrar espaços fantasmas onde se trabalhou e agora apenas nos parece soar o som que o equipamento necessário para por em funcionamento a maquinaria necessária o que é completamente mentira.

Como devem ter lido um artigo, “No Noticias de Almeirim”, de excelente qualidade na minha opinião o signatário do mesmo, Francisco Matos Serra, alertou-nos através de uma breve passagem por uma temática daria uma excelente tese de doutoramento em Direito Constitucional, para a importância que os povos deram a partir de uma certa altura de colocarem tudo por escrito para que se passasse de um situação em que poder militar e os exércitos praticavam as ações e só muito mais tarde ou nunca se estabelecia um enquadramento jurídico, legal que desse consistência e obrigasse a respeitar os direitos alcançados e conseguidos.

Peguei neste pedaço que retive e que não pretendo desenvolver mais para estabelecer um paralelismo entre o que se passava naquele tempo com o que estamos agora a passar e a conclusão a que chego é que estamos a regredir no tempo, chegámos a uma fase em que se pretendo fazer tábua rasa de tudo o que foi conquistado em termos civilizacionais em abono de uma melhor sociedade para um total incumprimento, desrespeito, por tudo o que está legalmente consagrado e que deveria pautar o bom funcionamento das Instituições, por isso assistimos a estes fenómenos, de corrupção, de economia paralela, de vigarices, esquemas, aldrabices, compadrio enfim uma série de procedimentos que concorrem, ou em alguns casos se sobrepõem, ao que deveria ser o funcionamento normal das Instituições num regime dito democrático.

Ligando tudo isto à minha experiência observada in loco, não esperava outro resultado eleitoral na nossa vizinha Espanha, as pessoas já estão exaustas, não querem saber, impera a lei do mais forte e da sobrevivência. Nisso o povo espanhol volta-se mais para a vida em comunidade, onde abundam, as tapas, os comes e bebes o convívio entre famílias falam sobre os seus problemas e entreajudam-se como podem, porque estão acomodados e o debate politico ou a discussão politica entre eles já não faz sentido, porque a generalidade dos partidos que constituem o arco da governação em Espanha estão todos atascados ao pescoço, com lideres e ex-líderes que colocaram em causa e quase que aniquilaram as utopias do Povo Espanhol, por isso eles pura e simplesmente estão-se a borrifar para os políticos sejam eles de cor que sejam, porque qualquer deles que passou pelo Governo, não lhe dão garantias de nada e como tal mantém-se a Paz podre não sei até quando.

Não gostaria de terminar este texto, partilhando convosco uma manifestação que um partido político espanhol, me enviou ontem no sentido de que Portugal e Espanha se deviam unir mais para resolver os problemas que temos em comum e para de uma vez por todas ponhamos esta separação, que alguém criou e nos colocou de costas voltadas uns para os outros, essa resposta ao título que dou ao 2.º texto agora escrito fazia alusão ao facto de poder soprar bens ventos e bons casamentos entre Portugal e Espanha, como esta reação não era esperada, mas com foi tão espontânea e cheia de conteúdo, de intenção e sem sobrancerias e como eu perfilho há muitos anos desta ideia, que Portugal e Espanha deviam andar mais lado a lado, respeitando-se obviamente as tradições, os quereres, mas aproveitando aquilo que temos de melhor, podermos criar sinergias consistentes e assentes em pressupostos legais por forma a dar uma maior consistência de desenvolvimento dos dois Povos, por forma a dar-lhes melhores oportunidades de vida e de uma economia consistente voltada não para o lucro especulativo mas para a criação de riqueza, que permita fazer uma redistribuição equitativa entre os fatores trabalho e capital, a fim de proporcionar aos cidadãos de ambos os Países condições de vida excecionais, aqui quero deixar ficar bem claro que o melhor que uma sociedade tem é o seu POVO, é com ele que se consegue fazer tudo ou nada, tudo isto depende como são orientados e o acabei de escrever parece muito simples de pôr em prática e é se nos deixarmos, de interesses pessoais, mesquinhos e descabidos de qualquer compromisso com o desenvolvimento sustentável da sociedade onde vivemos.

Não procederei à ilustração exemplificativa destes factos porque não pretendo fastidiá-los com a enumeração dos mesmos, pois conhecem-se tão bem ou melhor do que eu.

Henrique Pratas

 

 

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