Ainda a propósito dos aumentos de vencimentos dos Gestores da Caixa Geral de Depósitos

24-06-2016 - Henrique Pratas

Não posso deixar de expressar a minha opinião quanto à decisão tomada, que em meu entender se me afigura como desajustada, inoportuna e desnecessária e porquê, porque entendo que os Gestores da Caixa Geral de Depósitos estão bem pagos relativamente à generalidade dos trabalhadores portugueses e se ainda tivessem feito uma boa gestão menos mal, mas o Banco do Estado como muitos chamam, está a precisar de injeções de capital como pão para a boca. Hoje li na primeira página de um dos jornais diários que cada português já tinha contribuído com 600,00 € para o buraco aberto na Caixa Geral de Depósitos (CGD), será que ainda vamos contribuir com mais, que excelente momento para aumentar os vencimentos dos gestores da CGD, não acham.

Nós em Portugal não temos a noção do ridículo vamos aumentar os vencimentos dos gestores quando à generalidade dos trabalhadores ainda não foram repostos os vencimentos que foram cortados pelo anterior Governo e quando foi de aumentar o salário mínimo nacional foi a dificuldade que foi e os patrões resistiram o mais que possível para que o mesmo não chegasse aos 600,00 € mensais, mas quando se trata de aumentos de vencimentos de 10.000,00 € para 20.0000,00 € ou 30.000,00 € não há dificuldade nenhuma. Temos em meu entender dois pesos e duas medidas, quando é para aumentar aqueles que criam riqueza ou prestam serviços de qualidade não pode ser, quando é para aumentar os vencimentos de quem pratica maus atos de gestão ou de gestão danosa em alguns casos não há problema nenhum, ora isto faz algum sentido?

Se não se pode aumentar os vencimentos de quem trabalha e cria riqueza aqueles que estão no topo das organizações deviam ter vergonha e declinar qualquer tipo de incremento no seu vencimento até que as condições do País o permitem-se.

Ouvi alguém falar que os gestores deveriam ser remunerados de acordo com os valores praticados no mercado, eu também concordo com esta prática se aplicada a todos os trabalhadores de uma organização não é ser aplicada a uns e aos outros que lá trabalham na mesma organização e que criam a riqueza ou prestam uma serviço de qualidade ficam fora desta filosofia e têm os seus vencimentos reduzidos à espera que se passem as etapas para que se deem os aumentos progressivos dos seus vencimentos até ao final do ano, para conseguir ficarem com os vencimentos que tinham há cinco anos atrás, isto é justo, claro que não é.

Relativamente à afirmação produzida no parágrafo anterior ela faz sentido se aplicada a toda a organização e é uma decisão de gestão. Há empresas que se pautam por pagar 75% acima dos vencimentos praticados no mercado onde a empresa se insere para as diferentes categorias profissionais, outras existem que têm que pagar vencimentos mais baixos mas acima da média do que é praticado no mercado, porque estão inseridos num mercado de concorrência desenfreada, não me parece que seja o caso da Banca, que tem cometido barbaridades e atos de má gestão ou gestão danosa atrás uns dos outros e passam incólumes a toda e qualquer responsabilidade.

Também a argumentação de que os gestores ou dos quadros superiores têm que ser melhor remunerados sob pena de não termos ativos de qualidade no exercício destas funções também não cola, porque muitos deles já exerceram funções noutras atividades e nunca provaram nada, para além do facto de estas nomeações serem de cariz politico e não baseadas em critérios de desempenho profissional de qualidade ou de experiência profissional.

Meus senhores vejam lá se se entendem, mas não arranjem desculpas de mau pagador e não nos atirem para poeira para os olhos, porque nós não somos parvos, às vezes fazemo-nos passar por isso mas não o somos de facto.

Henrique Pratas

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