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DE ESPANHA NEM BOM VENTO NEM BOM CASAMENTO

17-06-2016 - Henrique Pratas

Ao atribuir este título a este texto, pensando no ditado antigo dos nossos avós, irei de forma sucinta contar-vos o que vi durante uma semana que lá estive, obviamente que irei colocar a tónica nos aspetos que considero mais aviltantes e indignos de uma sociedade do século XXI.

Como é do vosso conhecimento os espanhóis sabem viver em sociedade, mas já mais o fizeram do que atualmente, porque os dinheiros escasseiam, mas ainda existem uns resistentes que lá vão vivendo e tendo o mesmo comportamento que em tempos idos tinham.

Isto fica a dever-se e pasme-se ao facto de quem trabalha por conta de outrem depois de terminarem o trabalho serem pagos muitas das vezes a 90 dias, sim leram bem as pessoas trabalham e é-lhes endossado em cheque para receberem a 90 dias da data de emissão do cheque, considero esta prática perfeitamente inqualificável, mas só o pratica quem tem muito dinheiro. Estes conseguem comprar tudo e todos, acho que em Espanha a máfia se instalou de aramas e bagagens com a ajuda da Igreja, que em vez de se por ao lado dos mais fracos, alinha o diapasão pelos mais fracos, desrespeitando o Chefe Supremo da Igreja o Papa Francisco.

Pegando na primeira situação, as pessoas que executam o seu trabalho e são dispensadas recebem um cheque que só o podem levantar passados 90 dias, representa que os trabalhadores pagaram transportes, alimentaram-se e simultaneamente ajudaram o detentor do capital a financiar-se a custos muito baixos, as pessoas têm que se sujeitar a isto porque se manifestam o seu desacordo, existe um batalhão de disponíveis para fazer o trabalho. Recordo aqui Marx através da célebre frase “ Proletariado de Todo o Mundo Uni-vos”, decerto que nesta altura provavelmente será mais correto escrever “Cidadãos de Todo o Mundo Uni-vos”, porque o que se está a passar no Mundo inteiro é perfeitamente indigno, mas voltando à questão do pagamento que é feito através de cheque a 90 dias, as pessoas podem meter o cheque ao Banco antes de decorrido o prazo mas este cobra-lhe à cabeça 7% do valor do cheque e se este não tiver cobertura ainda é obrigado a repor todo o dinheiro que levantou.

Esta prática é perfeitamente aviltante em meu entender, porque dá todo o poder ao patronato, o de pagar o que quiser e quando entender, bem como exercer um poder abusivo sobre aqueles que a única coisa que têm para “vender” é a sua força de trabalho.

Espanha está a ferro e fogo, quem tem muito dinheiro, está a salvo de tudo, dita regras e impõe o seu poder financeiro, já que muitas das vezes é a única coisa que têm, porque educação, cultura ou espirito de empresário, não fazem a mais pálida ideia do que seja, voltámos assim há Idade Média onde o suserano exerce todos os poderes sobre os servos da gleba.

No que diz respeito à Igreja, ouvi muitos bispos a afirmarem que as mulheres devem ficar em casa como a virgem Maria e obedecer aos seus maridos se casadas e preservarem a virgindade se não o forem, chegando mesmo a dizerem que à semelhança da virgem Maria não saírem de casa para não cair em tentação.

Eu depois de ter visto e ouvido isto nem queria acreditar e como não gosto de escrever à toa sem conhecer os factos, foi observando e mantendo conversas mais ou menos profícuas, com todas as pessoas que se disponibilizaram a falar comigo, par eu saber se de facto era verdade o que se estava a passar, lamentavelmente confirmei o que tinha constatado, mais algumas pessoas disseram-me de viva vós que viviam melhor no tempo do Franco, não queria acreditar no que diziam, porque sendo democrata, custa-me ouvir estas afirmações, mas não deixo de me interrogar até que ponto o sistema democrático instalado não consegue dar respostas aos desejos da população, recuso-me a aceitar as afirmações de que no tempo do Franco e Salazar é que as coisas estavam bem, não estavam, mas a democracia criada tem que ter a capacidade para poder tomar um rumo diferente para governar para a população e não conta os cidadãos.

O que se passa em Portugal e em Espanha a uma outra dimensão, dado que são geograficamente maiores, são factos iguais e se não se inverter a tendência imposta pelos partidos que estiveram no Governo a governar para eles próprios e não para o Povo, caímos numa desgraça completa, urge acabar com a economia subterrânea, com as injustiças, com a Igreja conservadora, com os esquemas, com as economias paralelas, é tempo dos Governos exercercerem as suas funções no sentido de reger a coisa pública, não há tempo a perder, porque já perdemos tempo precioso, que vai levar muito tempo a recuperar, urge criar um sistema produtivo consistente, não baseado em atividades de especulação que não geram riqueza de espécie nenhuma, sob pena de quem nos Governa estar-se a condenar a si próprio, porque os bens são escassos e cada vez mais raro e podem estar a construir o seu próprio fim, mas se fosse só o deles menos mal o pior é o nosso, que cumprimos com as nossas obrigações, que honramos os nossos compromissos e não entramos em negociatas e quando chamados a contribuir para os desmandos praticados lá estamos nós, meus senhores já chega, os cargos públicos exercem-se para servir o Povo deste País e não para se servirem dos mesmos em proveito próprio e acrescento para quem tenham dúvidas eles não são para toda a vida, quem não quiser entrar neste “barco” não se meta nele, pois só assim são salvaguardados os interesses públicos.

Esta situação para onde nos empurraram não é só nossa é de todos os Povos e uma solução global só poderá ser encontrada se os Povos do Mundo inteiro se unirem e deixarem de olhar apenas para os seus interesses individuais.

Henrique Pratas

 

 

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